Mercado não aguenta mais 10 dias de paralisação; precisamos romper o isolamento, diz Abrafrigo
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Entrevista com Péricles Salazar - Presidente da Associação Brasileira Frigoríficos sobre Como vai ficar a demanda por carnes?
A questão não é o abastecimento, mas sim a demanda; estamos com abates ociosos, os supermercados estão bem abastecidos, mas cadê o consumidor? Não aguentamos mais esta situação", diz o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar.
Representado o setor de carnes do País, Péricles continua confinado em sua residencia em Curitiba, mas absolutamente inconformado com a situação:
--"Não é possivel continuarmos com essa irracionalidade, é preciso selecionar os grupos de riscos, mantê-los em isolamento, e liberarmos a produção e o consumo dos demais; a vida tem de voltar ao normal no Brasil".
O presidente da Associação Brasileira dos Frigorificos estima em 10 dias, no máximo, a data-limite para o retorno do comércio à normalidade.
-- "Os pecuaristas estão com bons pastos, a engorda continua, mas precisamos restabelecer a normalidade nas áreas urbanas; por isso vejo como inevitável os pecuaristas pressionarem seus sindicatos, que irão pressionar as federações que, por sua vez, vão pressionar as Confederções (CNA, CNI) para que o comércio reabra, e tudo volte ao normal".
Péricles insiste que algo precisa ser feito em no máximo 10 dias. A partir daí, segundo suas previsões, as quebradeiras serão invitávies. "Temos de preservar a saude das pessoas, mas temos também de preservar a saúde da economia do País", alertou.
(acompanhe a entrevista acima).
Processadoras de carne do Brasil querem manter produção e segurança alimentar, diz ABPA
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil continuará desempenhando um papel-chave para garantir a segurança alimentar diante dos isolamentos ("lockdowns") generalizados que visam conter a propagação do novo coronavírus, disse nesta quinta-feira um executivo do setor.
Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirmou que os governos ainda estão aprendendo a lidar com a crise sanitária, e que adaptações aos "lockdowns" relacionados ao coronavírus são inevitáveis.
A ABPA, que possui entre os membros empresas como BRF e JBS, apoia que sejam limitadas as restrições à circulação de produtos e pessoas, uma vez que elas geram potenciais disrupções à cadeia de oferta, disse ele.
"Nossas empresas estão andando bem, quase que normalmente", afirmou Turra via telefone. O grupo de companhias associadas agiu para convencer governadores a aliviar as medidas de quarentena, que a ABPA considera "excessivas".
"A indústria de alimentos não pode parar", disse Turra.
Ele citou restrições em Santa Catarina, grande produtora e exportadora de carnes suína e de aves, que foram removidas, mas assustaram a cadeia de oferta de alimentos local.
Mais recentemente, disse Turra, caminhoneiros envolvidos no transporte de insumos relataram problemas para encontrar locais para refeições. Para lidar com isso, os membros da ABPA começaram a fornecer o alimento. Segundo ele, os motoristas chegaram a encontrar pessoas que ofereciam refeições no meio do caminho, o que Turra classificou como "ato de solidariedade".
Nas fábricas em si, a ABPA disse que seus membros estão tomando precauções para proteger os trabalhadores. Isso inclui medir a temperatura dos funcionários e garantir que todos recebam um uniforme limpo diariamente --o que se tornou uma dificuldade após o fechamento de lavanderias em algumas cidades.
Turra afirmou ainda que a ABPA mantém suas estimativas de produção e exportação, e que a perspectiva de mais contratações existe por causa da forte demanda da Ásia, onde doenças animais alavancam as importações de alimentos.
Mesmo assim, há obstáculos em meio à demanda firme por exportações.
"Está faltando contêiner", afirmou Turra.