Renegociação da carne bovina pelos chineses pode desestruturar alguns frigoríficos e pecuaristas tem que ficar atentos
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Entrevista com Alcides Torres - Analista de Mercado da Scot Consultoria sobre a Renegociação de contratos de carne para a China
Nesta quarta-feira (22), o jornal Valor Econômico divulgou que os compradores chineses estão impondo desconto de 30% sobre o valor da carne sul-americana, tendo em vista que isso estaria afetando a rentabilidade das indústrias frigoríficas. Em nota a BRF S.A. desmentiu os rumores sobre as renegociações de contratos com o mercado chinês.
Segundo o Analista de Mercado da Scot Consultoria, Alcides Torres, as renegociações de preços de carne estão ocorrendo, porém não é este fato que tem pressionado a cotação da arroba do boi gordo. “A queda nos valores é um reflexo do consumo interno fraco e o período do ano com as pastagens dando suporte aos animais de pasto”, comentou.
As informações apontam que as renegociações só estão ocorrendo para os lotes de carnes que foram negociados em valores elevados. “Os frigoríficos que já estão acostumados a negociar com a China não venderam carne com preços altos e os compromissos estão sendo cumpridos. Provavelmente, isso está acontecendo com indústrias começaram a exportar recentemente”, relatou.
O analista ressalta que os pecuaristas precisam ficar atentos com as indústrias que negociaram. “Se o pecuarista vende para um frigorífico veterano que toma cuidado na comercialização, os produtores têm menos riscos. Agora se vendeu para um frigorífico novato certamente vai correr muito mais riscos mercantis do que qualquer outro”, aponta.
Os valores negociados para a carne bovina in natura estão dentro da normalidade, na qual foi divulgado pela a Secretária de Comércio Exterior (SECEX) que o valor na terceira semana de janeiro está em US$ 5.068,08 por tonelada. “Como essa é uma informação sigilosa nenhum dono de frigorífico ou de capital aberto vai dizer que realizou um péssimo negócio, já que prejudica a empresa”, destacou Torres.
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