Pecuária gaúcha perdeu 1 mi/ha de pastos, mas produtividade e qualidade compensaram, com indústria pulverizada bonificando o kg
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Entrevista com Gedeão Silveira Pereira - Presidente da Farsul sobre o Mercado do Boi no RS
Nos últimos anos, a pecuária no estado do Rio Grande do Sul perdeu 1 mi/ha de pastagens para o cultivo de grãos. Contudo, a integração das lavouras com a pecuária de corte pode trazer mais lucratividade e qualidade para as propriedades rurais.
O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, destaca que, é preciso aproveitar essa conveniência e fazer mais integração da lavoura-pecuária para aumentar o rendimento das propriedades. “Pelas as nossas estatísticas que está aumentando a área com a soja, mas a pecuária não está diminuindo. Pelo contrário, está melhorando a qualidade”, ressalta.
Em relação ao abate de animais, os bois morriam na faixa dos cincos anos, atualmente, a faixa está abaixo dos 36 meses e os maiores produtores conseguem diminuir para 18 meses. “A tecnologia e demanda de consumo faz com que este hectare que produzia 50 a 60 kg de carne fosse suficiente para as famílias do século passado, mas está longe da realidade de hoje”, comenta.
A liderança relembra que nas décadas de 70 a 80, o período de entressafra na localidade não tinha ofertas de pastos devido ao estilo de vegetação. “Nós entravamos numa entressafra acentuada e tínhamos uma oferta baixíssima, tanto é que falta carne no país. Com o auxilio das tecnologias e a utilização de grãos em cima da pecuária, este ciclo absolutamente se inverteu”, explica.
Neste ano, a metade sul do estado ficou prejudicada com as condições climáticas que também afetou a Argentina. Na qual, a produtividade da soja ficou em torno de 30 sacas do grão por hectare e a parte do estado ficou próxima de 70 sacas/ha.
A estimativa é que o estado tenha um plantel com 13 milhões de cabeças, sendo que três milhões são gado leiteiro. Com a paralisação dos caminhoneiros, os prejuízos foram maiores para o setor de leite que parte da produção teve que ser jogada fora.
“A pecuária ela segurou e está voltando à normalidade agora, mas não estamos vendo os impactos em cima dos produtos. Apesar de termos uma pequena diminuição de oferta, já que antes da greve o mercado estava pressionado por conta dos embargos das carnes de frango a Europa. As referências na região giram em torno de R$ 5,00 por kg ao produtor”, afirma.