Na disputa pelo espaço deixado pela JBS na compra de animais, frigoríficos grandes e pequenos já se movimentam
As informações de que dois grandes frigoríficos têm intenção de reabrir unidades no Mato Grosso, é considerado - a princípio - um fôlego extra para o mercado. Mas, na visão do analista da MB Agro, César de Castro Alves, embora as notícias sejam positivas, "não são suficientes para atender toda a oferta do estado".
Segundo fontes relataram ao Estadão, a Minerva, terceiro maior frigorífico do Brasil, vai reativar a unidade de Mirassol D’ Oeste e Várzea Grande, ambas adquiridas da BRF e mantidas inativas até então. As informações também dão conta que a Marfrig, avalia reabrir as operações em Nova Xavantina, no próximo mês.
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De acordo com Alves, essas unidades estão concentradas no sul do Estado, sendo as mais preocupantes - no sentido de concentração da JBS - localizadas ao norte. "Mesmo o Marfrig reabrindo suas plantas, não dará conta de atender a demanda", ressalta.
De acordo com o analista há uma movimentação de diversas empresas concorrentes a fim de aproveitar o espaço deixado pela JBS. A Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) encaminhou, inclusive, a direção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), um pedido de reunião para tratar do atendimento aos pequenos e médios, que segundo eles "terão papel preponderante neste novo mapa estrutural que se prevê."
Mas, Alves diz que "vê muita dificuldade dos pequenos em absorver essa capacidade de abate de bovinos da JBS, embora fosse muito saudável pulverizar o mercado". E acrescenta ressaltando que "não existe um candidato natural para aquisição dessas plantas."
Sem opções de venda, já que o temor tomou conta das operações com a JBS, os produtores tentam negociar com os frigoríficos concorrentes. O problema é que esses estão bem escalados e chegam a ofertar até R$ 10 abaixo da referência, dependendo da região do país.
"Em determinados frigoríficos há possibilidade de escalar o gado para até 20 dias, mas sem perspectiva de preço", diz Alves. "Por isso a situação é bastante preocupante: escalar sem preço definido, ou entregar com pagamento no prazo", acrescenta.
Aos pecuaristas que não tem outros frigoríficos nas proximidades, só resta à opção de entregar boi à prazo para o JBS, que até o momento não registra nenhum caso de atraso. Segundo Alves, embora a medida de mudança na forma de pagamento tenha causado preocupações no mercado "do ponto de vista de preservação do caixa, faz sentido permanecerem com 30 dias para honrar os compromissos."