Boi: JBS suspende compras de animais e pecuaristas acumulam prejuízos em Pontes e Lacerda (MT)
Depois dos efeitos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, a JBS suspendeu a produção de carne bovina em 33 unidades em todo o Brasil. Na região de Pontes e Lacerda (MT), onde está o pecuarista Tulio Roncalli, a restrição já dura desde segunda-feira. Com isso, é gerado um problema crítico, no qual os pecuaristas não conseguem vender os animais que estão prontos para o abate.
Roncalli diz que a situação começa a complicar o dia-a-dia, com um prejuízo já estabelecido que, agora, precisa ser calculado. As únicas alternativas de venda para os pecuaristas estão a mais de 400km do município, mas esses frigoríficos abatem pouco e as escalas já são grandes, logo, a oportunidade é pequena.
Com isso, o mercado está sem referência e os pecuaristas aguardam também que, passada a crise, a JBS não se aproveite do momento para entrar com um preço mais barato no mercado. Paralelamente, as associações e os sindicatos da região já solicitam ao governo um apoio ao setor produtivo neste momento de alguma forma. Uma das sugestões é uma linha de crédito para favorecer os pecuaristas, em um momento no qual a venda de animais é inexistente e todo o sistema é afetado. Os pecuaristas também esperam contar com o apoio das indústrias para tomar algumas medidas.
Antes da operação, o preço da arroba vinha sendo trabalhado a R$133 na região. O valor não era bom em termos de custo de produção, mas indicava uma melhora nos preços que vinham sendo praticados. Hoje, como lembra Roncalli, os pecuaristas da região produzem uma arroba de qualidade, assim como também mantêm altos padrões na carne, mas em função da crise econômica, a recuperação é um pouco mais lenta.
JBS prevê retomada da produção em breve e descarta corte de funcionários
Mesmo com a suspensão temporária da produção de carne bovina em quase todas as suas unidades no país, a JBS descarta, por enquanto, demitir funcionários —ela emprega 125 mil pessoas somente no Brasil.
Segundo um executivo do alto escalão da companhia, a fase mais aguda da crise passou, depois que países como China, Chile e Egito liberaram a importação da carne brasileira, deixando de fora as 21 unidades de frigoríficos que estão sob investigação.
Os três países responderam no ano passado por cerca de 40% dos embarques de carne "in natura" do Brasil.
O executivo diz que a JBS espera voltar a exportar para esses destinos em pouco tempo. Cortar pessoal agora, portanto, atrapalharia a produção futura, quando a retomada das vendas acontecer, mesmo que lentamente.
O comando da empresa estima, porém, que os prejuízos se prolongarão. Ainda há mercados importantes fechados, como Hong Kong, principal comprador de carne "in natura" brasileira.
E, mesmo nos países que recuaram dos bloqueios, será preciso um trabalho intenso nas próximas semanas para que os pedidos retornem ao patamar existente antes da Operação Carne Fraca.
Segundo o executivo, o dano à imagem dos frigoríficos brasileiros acabou sendo maior no exterior, onde ainda prevalece a ideia de que a operação da PF desbaratou um esquema de venda de carne estragada em larga escala.
Os clientes do mercado doméstico reagiram melhor e mais rapidamente aos esclarecimentos sobre a operação.
CARNE FRACA
A Carne Fraca investiga um esquema de pagamentos a fiscais do Ministério da Agricultura por frigoríficos. Ela também apontou evidências de irregularidades na produção de carne por algumas das empresas investigadas.
Um corte no número de funcionários da JBS será estudado apenas se novos reflexos da Carne Fraca surgirem nas próximas semanas.
Nesta segunda (27), todas as unidades da empresa no país retomarão as atividades. A produção, porém, ficará restrita a 65% do habitual.
Na semana passada, como reação às perdas provocadas pela operação da PF, a empresa informou que suspendera temporariamente a produção de carne bovina em 33 das 36 unidades no Brasil.
A medida, afirmou um executivo à Folha, era necessária porque as mercadorias não estavam saindo dos portos e havia risco de um "colapso na armazenagem". Ou seja, não havia mais espaço para guardar o excedente.
Reflexos da Carne Fraca nos resultados da JBS são vistos como inevitáveis pelo comando da empresa. Compradores já estão aproveitando para pressionar por preços menores, o que pode prejudicar a margem de lucro.
Investidores entram com ação coletiva nos EUA contra JBS
SÃO PAULO - Investidores da JBS entraram com uma ação coletiva nos Estados Unidos contra a companhia e seus executivos Gilberto Tomazoni e Wesley Batista. A ação é liderada pela Leonforte Holdings, representada pelo escritório de advocacia americano Rosen Law Firm, e foi protocolada na quarta-feira desta semana em corte federal na Pensilvânia (EUA).
O processo contempla acionistas que compraram recibos de ações (ADRs) da JBS entre 2 de junho de 2015 e 17 de março de 2017, e busca compensação por danos causados, por terem adquirido os papéis a preços artificialmente elevados, sendo prejudicados com as revelações de atos inadequados realizados pela empresa.
Leia a notícia na íntegra no site Valor Econômico
JBS pode adiar plano de ter ações em Nova York por reflexos da Carne Fraca
Em meio à crise provocada pela Operação Carne Fraca, a JBS deve decidir nos próximos dias se suspenderá o plano de lançar ações em Nova York da JBS Foods International, que reúne todos os negócios da JBS fora do Brasil.
A cúpula do grupo, dono das marcas Friboi e Seara, ainda avalia se a queda recente nas vendas e os danos à imagem do conglomerado prejudicarão o preço dos papéis, caso decida seguir com o plano.
Se a companhia chegar à conclusão de que há risco de vender as ações por um valor abaixo do esperado, a oferta será adiada por alguns meses. Uma decisão deve sair até a metade dessa semana. Procurada, a empresa não quis se manifestar.
Em conversas reservadas, executivos do comando da empresa afirmam ser impossível calcular com precisão, neste momento, a queda nas receitas e na margem de lucro em razão do episódio. Mas sabe-se que o resultado virá abaixo do projetado.
A abertura de capital da JBS Foods é a principal aposta do conglomerado para crescer no mercado internacional. A expectativa da oferta tem ajudado a valorizar as ações nos últimos meses.
A operação vem sendo planejada há alguns meses e foi costurada como alternativa ao veto do BNDES à reestruturação da companhia. A ideia era mudar sua sede para a Irlanda e então lançar ações nos EUA.
1 comentário
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O que aprendemos com essa operação carne fraca?
Um, estamos na mão de qualquer pessoa, explicar que focinho de porco não é tomada é dificil; Dois, precisa ser feita uma fiscalização do governo e da industria simultânea, verdadeira, pq mais uma dessa e perderemos o mercado de vez; Três,essa situação pode ser comparada a febre aftosa, que resolvemos em Rondônia, em ação conjunta pecuaristas (FEFA) e governo; Quatro, não se pode correr outro risco desses, precisa de atitude; Cinco, o frigorifico não deve imprimir ao pecuarista o prejuízo, baixando exageradamente o preço, porque da porteira para dentro não fizemos nada errado; Seis, tenho certeza que os pecuaristas são parceiros dos frigoríficos e devem ser tratados com dignidade; Sete, vamos repensar este pais ele merece, gratidão.