Estoque de animais prontos para abate é superior a 2 milhões de cabeças o que diante de uma demanda fraca, pressiona @
Podcast
Oferta de animais aumenta em momento de venda fraca de carnes e fechamento de frigoríficos para se ajustar ao atual cenário
O aumento da oferta de animais, reflexo do ciclo pecuário, é agravado pelo cenário de baixo consumo no mercado brasileiro de carnes. Com isso, os pecuaristas vivem um momento de cotações bastante pressionadas.
Nos últimos anos, a rentabilidade dos animais de reposição promoveu um crescimento na retenção de fêmeas. "Temos agora um aumento na produção de bezerros refletindo na baixa do preço e na elevação da capacidade produtiva", explica a consultora da Agrifatto, Lygia Pimentel.
O segundo fator, é que aliado ao crescimento na disponibilidade de oferta, o país enfrente desde 2014 um cenário de recessão econômica que culminou na queda do consumo. No final do ano passado o país alcançou o menor consumo per capita dos últimos 15 anos. Segundo levantamento da Agriffato, a população está demandando em média 29,7/kg por pessoa.
"Com o consumo caindo, assim como as exportações, temos um excedente de carne no mercado interno e estoque de animais terminados", diz Pimentel.
Em todas as categorias a retenção de 2014 a 2017 chega a 7 milhões de cabeças no rebanho nacional. Na categoria dos terminados - de 24 a 36 meses - o estoque está estimado em 2 milhões cabeças que deixaram de ser abatidas.
Diante dessa conjuntura, Lygia alerta que as engordas realizadas neste ano com a reposição adquirida em 2016 correm sério risco de baixo retorno. "A partir do momento que os pecuaristas têm prejuízo começam a abater para fazer caixa, entrando efetivamente, na fase de baixa no ciclo pecuário", acrescenta.
Na outra ponta da cadeia, os frigoríficos sem intensivo para o consumo ajustam suas capacidades produtivas, reduzindo abate e mantendo os preços da carne relativamente positivos.
Outra orientação da analista é sobre a estratégia de comercialização dos pecuaristas diante do ano desafiador. Para ela, "manter os animais no pasto é simplesmente postergar o problema e acabar intensificando a baixa", diz. Os produtores deveriam, portanto, realizar vendas à medida que as contas fecham, para evitar concentração de oferta em determinados períodos.