Apesar de preços nominais altos, custo elevado de produção reduziu margem da pecuária de corte
O ano de 2016 exigiu boa gestão dos pecuaristas. Apesar de preços nominalmente altos, outros fatores como custos de produção elevados, queda no consumo interno e dificuldade nas exportações, refletiram diretamente na margem dos produtores.
"Os preços da arroba, que estavam em escalada desde 2013, tiveram o primeiro ano de queda de valor real", lembra o consultor e diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres.
A crise econômica afetou o desempenho do mercado interno. A margem de comercialização dos varejistas recuou significativamente pela dificuldade no repasse se preços.
O ano começou com preços da arroba historicamente altos e indicando valorizações ainda maiores no final de 2016. Mas, no decorrer do caminho diversos fatores impediram que essas previsões se confirmassem, encerrando o ciclo com a arroba valendo R$ 150 na média de São Paulo.
Além da demanda enfraquecida, que limitou a venda das boiadas e arrefeceu os preços, os pecuaristas também enfrentaram elevadíssimos custos de produção. O milho foi o principal vilão dos confinadores, que se viram obrigados a recuar na produção.
O dólar volátil também inibiu o desempenho das vendas externas brasileiras. Apesar da abertura de importantes mercados como Estados Unidos e China, as exportações derraparam em alguns meses, frustrando as expectativas de escoamento da produção.
Conforme destaca Torres, "a cada ano que passa fica evidente a necessidade de profissionalização do pecuarista. As margens vão estreitando com o recuo da arroba, e só conseguimos manter a rentabilidade com uma evolução continua do índice de produtividade", afirma.
2017
Mas, e no próximo ano, o que esperar da arroba?. Para Alcides "estamos caminhando para 2017 com mercado arrochado e exigindo ainda mais eficiência".
A expectativa da Consultoria é de que o preço da arroba mantenha-se nominalmente elevado no próximo ciclo, mas considerando a inflação será mais um ano de perda de valor real no boi gordo.
Por outro lado, o enfraquecimento nas cotações também dos animais de reposição deverá melhorar a relação de troca do pecuarista.
Para Torres, será um ano de transição de oferta. Em sua visão a virada de ciclo ocorrerá efetivamente em 2018. "Os dados, até o momento, mostram que ainda existe retenção de matrizes. Somada a seca em algumas regiões produtoras, não apostaria alto no aumento significativo de oferta em 2017", diz Torres.
Demanda
Torres também é otimista com relação a demanda por carne bovina em 2017 no mercado interno e, especialmente externo.
A abertura e consolidação de importantes mercados como EUA, China e Egito, devem continuar colaborando para o bom desempenho dos embarques no ano que vem.
"Esses novos mercados dão potencial para que o Brasil expandir suas exportações e, vale ressaltar que pagam mais pela carne", lembra Torres.
Com relação ao câmbio, a expectativa da Scot Consultoria é de que o câmbio oscile entre R$ 3,20 a R$ 3,50 no ano que vem.