Semana começa sem negócios efetivos, frigoríficos alongando artificialmente as escalas com feriado e pecuaristas evitando paticipar das vendas
A semana para o mercado do boi gordo inicia com pouco volume de negócios, como é típico para as segundas-feiras. Os frigoríficos conseguiram alongas suas escalas, principalmente em função do feriado de quinta-feira, que diminui os dias de abate.
De acordo com o analista da FCStone, Caio Toledo Godoy, outro fator que colabora para um alongamento artificial das escalas é a redução na capacidade produtiva das indústrias. "A estratégia dos frigoríficos tem sido abater cada vez menos, enxugando os estoques para tentar manter o preço da carne", explica.
Diante de um mercado interno fragilizado, sem possibilidade de repassar as altas da matéria prima para o produto final, as indústrias vêem suas margens se estreitando, e buscam alternativa no mercado externo.
Na última semana, a cotação do boi casado ficou em R$ 9,90/kg, enquanto que a arroba está cotada em R$ 156,00/@. Para estar em um patamar rentável para as indústrias a arroba precisaria ser comercializada a R$ 149,85.
"Isso mostra que a relação de troca tem favorecido as exportações, e eles têm buscado isso para garantir a margem. Mas não são todos que conseguem exportar", declara Godoy.
Além disso, os desdobramentos do cenário político do país refletem direto no dólar. Desde a última semana, o sentimento de que a derrocada do atual governo está cada vez mais próxima fez a taxa de câmbio retornar ao patamar dos R$ 3,50 reduzindo a rentabilidade das vendas externas.
Para abril são projetados embarques de 83 mil toneladas de carne 'in natura', ao passa que em março foram exportados 110 mil toneladas.
Mesmo que a oferta de animais terminados chegue com força no próximo mês, conseqüência da degradação das pastagens, o analista afirma que as cotações não deverão romper o suporte de R$ 152,00/@.