Custo de produção na pecuária de corte tem alta de 22% nos últimos 12 meses e reduz rentabilidade do produtor

Publicado em 20/01/2016 11:17
Oferta de animais deve aumentar em 2016, mas com volume ainda abaixo da demanda, o que garante preços firmes para o boi

Os custos da pecuária de corte subiram consideravelmente neste início de ano. Considerando os componentes: combustíveis, energia elétrica, alimentação, suplementação, entre outros, o pecuarista está gastando em média 22% a mais em 2016 comparando com o mesmo período do ano passado.

De acordo com o analista da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, esse aumento nos custos deve ser analisado ao longo do ano para avaliar qual percentual deve ser repassado na rentabilidade do produtor. Um fator a ser considerado é que a elevação dos preços dos componentes da ração - farelo de soja e milho - também irá afetar a produção de aves e suínos, dando uma margem maior para a recomposição dos preços da carne bovina.

Nogueira afirma que em 2015 a rentabilidade do pecuarista altamente tecnificado de ciclo completo, que produz em média 20 arrobas por hectare/ano, "vinham com margem de R$ 1.200,00 a R$ 1.300,00 reais, e caiu no final do ano para R$ 800,00 por hectare no ano", explica.

Segundo ele, o investimento em tecnologia é fundamental para garantir a manutenção e a rentabilidade na pecuária de corte.

Mercado

Os preços da arroba do boi gordo seguem firmes neste inicio de ano. A menor oferta no período de transição entre os animais a pasto e o fim da boiada de cocho, aliado aos bons volumes de exportação, tem mantido o mercado em alta neste mês.

Nesta terça-feira (19) o indicador Cepea/Esalq sofreu novo reajuste de 0,09% fechando a R$ 149,62/@. Apesar do pequeno aumento, o movimento já indica uma tentativa de alcançar os R$ 150,00/@ na média de São Paulo.

Segundo o analista da Agroconsult, mesmo com a crise afetando o consumo de carnes, a oferta ainda é insuficiente para atender a demanda. A taxa de câmbio em alta favorece as exportações que serão um importante fator de sustentação dos preços em 2016.

De acordo com ele, a abertura de novos mercados no ano passado deve trazer resultados efetivos nos próximos meses. "A abertura de mercado aos Estados Unidos nos credencia à outros países e, também devemos recuperar clientes tradicionais mesmo que alguns estejam sofrendo com a queda no preço do petróleo, porque lembra que o câmbio tem compensado", explica o analista.

Outro fator que será positivo para a composição dos preços é a oferta. Ainda teremos reflexo do intenso abate de fêmeas que ocorreu em 2011 e 2012. Com isso, a disponibilidade de animais deve aumentar em 2016, mas com volume ainda abaixo da demanda, o que garante preços firmes para o boi

"Nós esperamos que essa firmeza comece a ceder a partir do final do primeiro trimestre, onde deve entrar as fêmeas de descarte que não emprenharam, aumento um pouco mais a oferta. Mesmo com preços bons para o bezerro, ainda devemos ter um aumento no abate de fêmeas esse ano", ressalta Nogueira.

Tags:

Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Volume exportado de carne bovina alcança 162,5 mil toneladas até a terceira semana de julho/24
Scot Consultoria: Preços inalterados nas praças paulistas
Boi: arroba firme no mercado físico deve enfrentar dois desafios, concorrência com frango após suspensão de exportações e chegada do confinamento
Exportação de carne bovina em Mato Grosso dispara no primeiro semestre de 2024
Radar Investimentos: A semana no mercado físico do boi gordo deve começar com os pecuaristas ainda fortalecidos nas negociações
Radar Investimentos: Cotações futuras registraram movimentações distintas na B3