Sociedade Rural do Paraná se posiciona contra a suspensão da vacina contra aftosa no estado e teme prejuízos significativos
Recentemente o governo do Paraná solicitou ao Governo Federal que reconheça o estado como livre de aftosa sem vacinação. O Paraná já é reconhecido como livre de febre aftosa, mas mantém a vacinação como prática obrigatória. O gado paranaense ainda é imunizado porque, em caso de vulnerabilidade, ou seja, se por ventura ocorrer algum fator de risco de introdução da doença naquele território, o vírus não se disseminará com facilidade.
No entanto entidades como a Sociedade Rural do Paraná estão se posicionando contrários a suspensão da vacina. Segundo Moacir Sgarioni, presidente da SRP a entidade é a favor de que o Paraná seja livre de febre aftosa sem vacinação, desde que isso ocorra de forma simultânea com outros estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
"Os produtores tinham muito o hábito de desmamar o bezerro no Mato Grosso e trazer para recriar no Paraná, já que no estado chove o ano todo, então temos a questão de quem optar por pela safrinha ou então alguma cultura de inverno para recriar o fazer terminação de animais. E com esse procedimento estaria impedido de deslocar esses animais do Mato Grosso para o Paraná", afirma Sgarioni.
O estado não é autossuficiente na produção de carne, por isso o isolamento poderia prejudicar o volume da produção pecuária, além do risco de controlar as fronteiras e consequentemente garantir que a doença não volte a acontecer.
A alegação para que a liberação aconteça no estado, é que a medida iria possibilitar a abertura de novos mercados, porém Sgarioni afirma que a insuficiência na produção pode se agravar com a suspensão e posteriormente o setor pecuário deixaria de gerar emprego.
Entre as argumentações da entidade, está a complexidade de se controlar as fronteiras para impedir que animais, sem rastreamento sanitário ingressem em solo paranaense, e a inviabilidade econômica de se manter um plantel de vacas de cria, por causa da competição com outras atividades que tem maior viabilidade econômica.
Segundo Sgarioni, no Paraná realizada uma exposição de animais de elite, onde 80% da participação dos animais vêm de outros estados, com "esse modelo nós estaríamos fadados a eliminar. Mas tem um argumento de que talvez o Ministério crie um regime de exceção, onde animais - não se sabe ainda se fazendo sorologia - poderiam vir para exposição, mas ai nós questionamos sanitariamente como um criador tem um rebanho puro, tem um rebanho registrado que vende reprodutores para outros estados e tem a pecuária comum - também nelore - rastreado pelo Ministério da Agricultura, como é que se pode dar um status diferente para o mesmo criador", questiona.