Aumento na oferta de animais alonga escalas nos frigoríficos. Em média, as indústrias têm bois para abater nos próximos 10 dias
Um ligeiro aumento na oferta de boi gordo, no final desta semana, tem conseguido alongar as escalas de abate dos frigoríficos, mas o preço da arroba continua a R$ 150,00/@ para São Paulo, com leve pressão no mercado futuro.
Para Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, esse aumento na oferta ainda não é um movimento consolidado, pois "as previsões mostram chuvas acima da média para as próximas duas semanas", favorecendo ainda a retenção de animais no pasto.
"Mas já fica claro que existe uma oferta - o boi não sumiu como alguns colocavam - e no momento em que as pastagens secarem esse boi pode aparecer de uma maneira mais concentrada, caracterizando finalmente a safra como conhecemos", explica Pimentel.
Segundo ela, desde o ano passado o mercado não realizava movimentos de alongamentos de escala, na tentativa de derrubar os preços. Atualmente, as escalas estão trabalhando com até 2 semanas.
Além disso, as escalas alongadas estão favorecendo a pressão no preço da arroba, mesmo com a oferta ainda limitada. Diante disso, os frigoríficos conseguem recuperar parte da sua margem, adquirindo a matéria prima mais barata, contudo a demanda desaquecida ainda é um limitador.
"A carne recuou bastante, piorando novamente as margens. Os frigoríficos estavam se adaptando a dificuldade de comprar animais, diminuindo os abates e a disponibilidade de carne no mercado, o que fez o preço da carne subir. E agora conforme a compra de animais se intensificou a carne despencou de novo", afirma a consultora.
Já na demanda externa, as embarcações tiveram uma recuperação no mês de abril, o que favoreceu a margem das indústrias de grande porte que trabalham com exportação.
Segundo Pimentel, o momento é oportuno para as negociações, onde o pecuarista pode travar comercializações com patamares de preços ainda elevados, haja vista que os custos de produção também estão aumentando.
Nós últimos meses, "a relação de troca está historicamente muito ruim, especialmente com o bezerro, mas também com o garrote", e a expectativa é que durante todo o ano de 2015 esse cenário continue, afirma Pimentel.