Apesar da forte alta do dólar no mês de março, exportações de carne bovina frustram setor e sobem menos de 5% em volume, comparadas ao mês de fevereiro
O mercado do boi iniciou a semana com leva alta de 0,68%, fechando a R$ 146,48/@. E os frigoríficos menores estão pagando na faixa de R$ 147,00/@ a R$ 148,00 pela arroba.
Segundo Caio Toledo Godoy da Xp investimentos, o mercado já sinaliza volumes maiores de oferta, que ainda é muito modesto, mas já podemos representar aumento na quantidade de boi pronto nas próximas semanas.
"Muito pecuaristas tem segurado seus animais no pasto na tentativa de elevações no preço, com isso os bois tem chego mais pesados aos frigoríficos", explica Godoy.
As programações de abate atendem entre dois e três dias, mas nos próximos dias "podemos ver as escalas aumentarem e os frigoríficos tentarem um preço um pouco mais a baixo", considera Godoy.
A demanda interna segue muito fraca, no entanto Godoy alerta que "a carne conseguiu se sustentação acima do R$ 9,00 - ainda não é um valor que remunera - já que a boi casado hoje está na faixa dos R$ 135,00/@ e pelo indicador a carne deveria estar nos R$ 9,76 mas já é um patamar importante", afirma.
A valorização do boi gordo pressiona ainda mais a margem da indústria, que tem trabalhado abaixo da média histórica há meses. "Não há espaço para o frigorifico conseguir repassar o custo da matéria prima no produtor final que seria a carne", ressalta o analista.
No mercado externo a expectativa era de bons volumes de carne exportada, haja vista a grande valorização do dólar nas últimas semanas. No entanto, até a terceira semana de março deste ano foram exporta 56,5 mil toneladas, um aumento de 4,75% com relação a fevereiro.
Contudo Godoy considera que o crescimento ficou muito abaixo do esperado, já que o dólar alcançou nas últimas semanas o maior patamar dos últimos 11 anos.
"A economia global passa por um momento de baixo crescimento, tanto Europa e principalmente Rússia - onde houve uma grande desvalorização da moeda - e querendo ou não isso acaba segurando um pouco a exportação aqui do Brasil", reforça Godoy.
No entanto, o dólar já voltou a cair no inicio desta semana, e o mercado segue na dúvida se isso pode ser mais um complicador para o mercado do boi.
Além disso, os animais de reposição continuam nos patamares de R$ 150,00 e a reforma de pastagem também elevada - impulsionada pelo dólar - são fatores que reduzem as margens do produtor.
"É a hora do pecuarista fazer conta, para ver se hoje existe remuneração da produção pecuária", conclui Godoy.