Cadeia produtiva do algodão movimenta mais de US$ 135 bi e tem PIB superior a US$ 74 bi, aponta levantamento da Abrapa
O professor doutor Marcos Fava Neves, da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade Estadual de São Paulo (USP), participou de mais uma edição de levantamento da cadeia produtiva do algodão, coordenado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA). Pela primeira vez, esse levantamento também analisa o comportamento dessa produção fora da porteira.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, ele conta que este é um trabalho de oito anos e que o estudo está em sua terceira versão. Desta vez, questões envolvendo a área de vestuário, lojas, proporção de algodão nas roupas e o faturamento obtido a partir destes fatores também foram levadas em consideração. O estudo ainda chama a atenção da sociedade para a capacidade de empregabilidade, renda e exportação do setor.
Ao todo, o setor do algodão conta com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$74 bilhões. A movimentação financeira passa de US$135 bilhões, com a arrecadação de US$28 bilhões de impostos. Mais de 1 milhão e 300 mil empregos são gerados de forma direta.
Contudo, o professor ressalta que o algodão ainda trava uma batalha com seu concorrente em potencial, que são as fibras sintéticas. Ao contrário do concorrente, a cultura está sujeita a todo o custo de produção envolvido no campo, que está por detrás de seu avanço, como o uso de defensivos as despesas elevadas, como o diesel utilizado para transportar a commodity proveniente das principais áreas produtoras, como Mato Grosso e Bahia, aos portos do país. O mercado interno também conta com um desafio, que é a ampla gama de roupas feitas fora do Brasil.
Neves aponta, portanto, para a necessidade de uma maior competitividade de toda a cadeia. Nas lavouras, um maior aporte tecnológico pode trazer algodões resistentes à chuva, estresse e doenças, oferecendo condições para uma maior quantidade de pluma. Frente a uma produção mundial que deve continuar estável com um crescimento esperado de demanda por fibras de 3% ao ano, o Brasil ainda tem condições de abrir esse espaço.