Com redução na oferta e demanda firme na exportação, preços internos do algodão sobem mais de 8% desde o início de abril
Neste mês, os futuros do algodão negociado na Bolsa de Nova York, apresentaram valorização significativa, puxando os preços no mercado interno.
Embora os dados de estoque não indiquem um momento de alta, o mercado reage às informações de demanda. "Se olharmos os fundamentos de oferta e demanda o mercado estaria com quedas expressivas nos preços, uma vez que os estoques de passagem são equivalentes a um ano de consumo mundial", explica o pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Lucilo Alves.
Apesar disso, o pesquisador explica que mais de 60% desse estoque está na China, que já demonstrou interesse por importações de maior qualidade, e os demais países - como a Índia - também tem mostrado uma demanda firme refletindo o crescimento econômico.
O fator clima, influenciado pelo El Niño, também trouxe quebras na produção, reduzindo a oferta em todo o mundo. Segundo Alves, há relatos de problemas na Índia, China e Austrália.
A alta na Bolsa de Nova York dos últimos dias elevou a paridade de exportação dando força para os preços no mercado interno. De acordo com levantamento do Cepea, os preços internos do algodão em pluma registram altas consecutivas. Ao longo deste mês, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, referente à pluma 41-4, posta em São Paulo, já subiu 8,3%, fechando a R$ 2,6349/lp.
"Apesar de termos uma demanda interna bastante retraída e o setor industrial sofrendo com a crise econômica, os estoques estão muito baixos, porque desde o segundo semestre de 2015 as exportações ganharam força", destaca Alves. O volume exportado no até março supera as 900 mil toneladas, chegando às patamares observados no ano de 2013.
Considerando-se os estoques de passagem de 348,9 mil toneladas em dezembro/15 - de acordo com dados da Conab - e as exportações estimadas em 293 mil toneladas ao longo de 2016, restariam apenas 55,9 mil toneladas para o mercado interno, que representa menos de um mês de consumo brasileiro.
O pesquisador afirme que a oferta só chegará ao mercado efetivamente em julho/agora. Assim, nos próximos dois meses "não há indicações de pressões sobre os preços, pelo contrário, será possível encontrar novas sustentações", ressalta.
A partir da entrada da segunda safra o ritmo do escoamento dos embarques irá ditar o andamento dos preços no mercado interno, uma vez que já existem grandes volumes negociados no mercado internacional.