Preços em alta no mercado internacional mais dólar valorizado justificam níveis acima de R$2,20/ lb no Brasil. Demanda ainda é fraca

Publicado em 21/08/2015 13:57
Preços em alta no mercado internacional mais dólar valorizado justificam níveis acima de R$2,20/ lb no Brasil. Demanda ainda é fraca

A colheita do algodão para safra 2015/2016 avança nas principais regiões produtoras e apesar do aumento da oferta, as cotações para a pluma estão subindo. Segundo o consultor da FCStone, Eder Silveira, a valorização do dólar ante o real e o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgado no último dia 12 de agosto têm resultado na valorização de preços.

Na última semana, o USDA divulgou o seu relatório mensal de oferta e demanda que trouxe números de produção que contrariavam as expectativas do mercado.  Os dados do departamento traziam uma redução significativa de oferta na próxima safra com uma revisão de área plantada do último levantamento, que ocasionou ume redução em regiões produtoras dos Estados Unidos, principalmente no estado do Texas.  Além disso, havia dados de exportações maiores - que traz a perspectiva de estoques menores – e um possível aumento da demanda por parte de países asiáticos.

No Brasil, as expectativas apresentadas no relatório apontavam para uma produção maior para a safra 2015/2016, que na visão do analista não deve se concretizar. "Nós que andamos nos campos acompanhando a colheita não vemos isso, e é até um pouco superestimado pra este ano por parte do USDA", explica Silveira. O consultor também explica que o andamento da colheita está bom, mas há uma diminuição de produtividade significativa em regiões produtoras importantes, que deve resultar na revisão da safra deste ano.

O mercado vinha dos menores patamares observados no ano antes da divulgação do relatório, e após isto, chegou a atingir limite de alta na Bolsa de Nova York. Nesta sexta-feira (21), as cotações futuras para o algodão na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a US$ 66,91 cents/lb, com queda de 2 pts, enquanto no Brasil o indicador Cepea/Esalq ficou a R$ 2,21/lb. 

Para Silveira, houve uma mudança repentina para o mercado, que ainda está digerindo os novos dados. Porém, ele não acredita que os atuais patamares devem se manter, visto que não vê mudanças de fundamentos suficientes, em que será preciso uma mudança pelo lado da demanda. "É necessário que a engrenagem da economia comece a rodar melhor no mundo todo para termos um patamar melhor de preços", explica o consultor.

Ainda há estoques significativos de algodão, tanto no mercado interno quanto no externo. Na Ásia, o governo chinês já realizou alguns leilões de fardos de algodão, que não foram comercializados e tiveram baixa procura por se tratar de plumas antigas. No Brasil, a indústria está com grandes estoques remanescentes da safra passada, enquanto a demanda tem se mostrado bastante enfraquecida devido aos problemas políticos e econômicos.

Enquanto isto, os produtores seguem focados na colheita e procurando atender os contratos que foram fechados antecipadamente.  

Por: Sandy Quintans // Aleksander Horta
Fonte: Notícias Agrícolas

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