Brasil vai de importador para maior exportador de algodão do mundo e se torna exemplo de produtividade

Publicado em 16/09/2024 18:30 e atualizado em 24/09/2024 16:40
Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, foi o convidado desta semana no Conexão Campo Cidade e destacou avanços e desafios do setor no Brasil e no mundo
Conexão Campo Cidade

No Conexão Campo Cidade desta semana, Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destacou o sucesso do 14º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em Fortaleza, onde mais de 3.000 pessoas estiveram presentes, incluindo produtores, gerentes e agrônomos. O congresso também marcou os 25 anos de fundação da Abrapa, um marco importante para o setor que, nas últimas três décadas, se transformou de importador a exportador de destaque. “Deixamos de ser, em 1996, o segundo maior importador de algodão para, neste ano, nos tornarmos o maior exportador do mundo”, afirmou Schenkel, ressaltando o crescimento e a modernização da cotonicultura no Brasil.

Crescimento Internacional e Desafios

O crescimento da cotonicultura brasileira no cenário internacional tem sido impulsionado por iniciativas como o projeto “Cotton Brazil”, que visa promover o algodão nacional no mercado asiático, principal destino da produção. Atualmente, 95% do algodão exportado pelo Brasil tem como destino o continente asiático. O projeto estabeleceu um escritório em Singapura para facilitar as negociações e garantir a presença do algodão brasileiro em um dos mercados mais competitivos do mundo.

Apesar do sucesso, o setor enfrenta desafios significativos, especialmente em relação à concorrência com fibras sintéticas, que têm ganhado espaço na indústria têxtil global. Enquanto o mercado têxtil cresce a uma taxa de 5% ao ano, o consumo de algodão tem avançado menos de 1% anualmente. Segundo Schenkel, a sustentabilidade do algodão deve ser um diferencial competitivo, já que se trata de uma fibra natural, biodegradável e com certificações socioambientais rigorosas. “Hoje, 82% do algodão brasileiro é certificado internacionalmente. Somos o maior fornecedor mundial de algodão BCot, que garante as melhores práticas ambientais e sociais”, explicou o presidente da Abrapa.

Sustentabilidade como Vantagem Competitiva

Um dos maiores trunfos do algodão brasileiro é sua produção sustentável. Além de ser uma fibra natural, o algodão é uma solução para a crescente preocupação com microplásticos gerados pelas fibras sintéticas. As certificações BCot e ABR certificam que o algodão brasileiro segue práticas socioambientais avançadas, garantindo sua produção responsável.

“A guerra hoje não é apenas entre os grandes produtores de algodão, mas também com as fibras sintéticas. Precisamos convencer o consumidor a escolher o algodão, independentemente de onde ele seja produzido, porque é uma fibra natural, sustentável e de alta qualidade”, destacou Schenkel.

Orquestração do Setor e Reconhecimento Global

Ao longo do programa, também foi destacado como o setor algodoeiro brasileiro é um exemplo de organização e orquestração no agronegócio. Desde o renascimento da produção na década de 1990, o setor tem integrado com sucesso produtores, indústria, comércio e serviços, com regras de compliance e ação comercial a nível internacional. Esse modelo, reconhecido globalmente, tem sido essencial para o Brasil se destacar no mercado.

OConexão Campo Cidade reforçou a importância do algodão brasileiro no cenário global e os esforços contínuos para manter sua relevância em um mercado dominado por fibras sintéticas. Apesar dos desafios, o otimismo é grande, e o setor busca inovar e se adaptar às demandas globais, mantendo o Brasil na vanguarda da produção sustentável de algodão.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

T&D - Íntegra do programa de 24/12/2024
Do Marco Temporal à Lei dos Bioinsumos, 2024 foi ano de grandes batalhas para o agronegócio em Brasília
Cenário futuro do milho é promissor, mas infraestrutura precisa acompanhar
Suzano vai elevar preços de celulose em todos os mercados a partir de janeiro
A grande volatilidade do mercado do café foi o maior desafio para a indústria cafeeira em 2024
Retrospectiva 2024: Emater impulsiona negócios de 844 famílias com o Fomento Rural em Goiás
undefined