Soja: Pressão se intensifica em Chicago e negócios no BR acontecem apenas por necessidade financeira

Publicado em 29/02/2024 10:27 e atualizado em 29/02/2024 11:13
Em Chicago, falta de novas notícias não estimulam recuperação dos preços, mas também não limitam as baixas. Nesta 5ª, contrato maio volta a operar abaixo dos US$ 11,40/bushel.
Matheus Pereira

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago intensificam suas baixas na sessão desta quinta-feira (29), levando as primeiras posições, principalmente, a perderem patamares importantes. Perto de 10h30 (horário de Brasília), as cotações cediam entre 8,50 e 16,50 pontos, com o maio sendo cotado a US$ 11,33 e o agosto, US$ 11,43 por bushel. O março, que nos próximos dias já sai da tela, era negociado a US$ 11,17 por bushel. 

A pressão em Chicago chega imediatamente às cotações no mercado brasileiro, onde os novos negócios continuam muito escassos - apesar de uma ligeira melhora dos prêmios, ainda negativos, e do dólar rondando os R$ 5,00 - e eles acontecem apenas em caso de necessidade, explica o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. 

"Chegamos em um momento, em especial em regiões como Mato Grosso, Rondônia, partes de Goiás, em que os compromissos financeiros começam a chegar agora no final de fevereiro, 30 de março para a grande maioria da região central do Brasil compromissos financeiros que exigem as vendas, e o 30 de abril. O 30 de abril, no Brasil, é tido como o maior prazo safra que existe, da história da soja brasileira. É muito difícil um produtor brasileiro que não tenha contas pra pagar no final de abril. Então, a necessidade financeira tem forçado a base produtiva a avançar com novas vendas se submentendo aos preços de hoje", diz. 

O comportamento da demanda neste momento, portanto, também tem estado diferente nas principais regiões produtoras, com os compradores tendo de ser mais ativos para fazer a orginição da soja. "Existem praças, em especial em Mato Grosso, onde o comprador precisa ser mais esforçado para garantir a originação, pagando até um pouco melhor, do que pagaria há duas, três semanas atrás. Mas, só alcançaremos 50% da nossa área colhida na semana que vem". Onde a colheita não está tão avançada, o "esforço" dos compradores ainda não é tão necessário. 

PRESSÃO EM CHICAGO

Não há novas notícias que pressionem mais ainda as cotações da oleaginosa nesta momento, porém, não há também aquelas que sejam fortes o bastante para tirar o mercado desta severa trajetória de baixa. "O mercado ainda tem essa fotografia de que no Brasil sobra, não falta. Essa fotografia não é atualizada todos os dias, mas o mercado é sim diário. Mas, as novidades às vezes não criam essas movimentações para mudar esse mercado", afirma o diretor da Pátria."E por isso o mercado tem dificuldades de justificar ou altas ou baixas, se sentindo confortável em cenário já desenhado - equivocado na nossa percepção - mas justificando os preços atuais". 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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