Projeções de safra com grandes divergências perdem credibilidade com o produtor rural
Projeções de safra com grandes divergências perdem credibilidade com o produtor rural
O Conexão Campo Cidade recebeu as participações especiais de Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, e Leonardo Campos, pesquisador da Embrapa. A conversa esteve focada na safra brasileira de soja 23/24, que tem sido marcada, como destacou Galvan, pela discrepância pelas projeções da produção final que têm sido divulgadas, tanto por órgãos oficiais e empresas privadas, que estão perdendo credibilidade para com o produtor rural.
Como ressaltou Galvan, os números da safra de soja brasileira das consultorias privadas variam entre aproximadamente 160 milhões e 143 milhões de toneladas e o USDA estima em torno de 155 milhões toneladas. “Não tem como acreditar em números dessa forma”, protestou o presidente. “Como chega em números tão diferentes de uma empresa para outra?”, questionou.
Segundo ele, a Aprosoja, interagindo com o produtor rural em suas diretorias espalhadas por 15 estados brasileiros, com 300 diretores, tem relatos de falta de umidade desde o Paraná até Maranhão, Rondônia e Roraima, que tem sua safra em outro período do ano, mas também registrou problemas climáticos.
Houve também, como apontou Galvan, produtores de Mato Grosso que eliminaram a soja prejudicada pela seca para ter melhor produtividade com o algodão. No Rio Grande do Sul, entre 40 e 50% plantado fora da janela ideal de plantio. Erosões por conta do excesso de chuva na região de Campo Erê-SC acometeram lavouras. No Paraná, houve excesso de chuva no plantio e falta de umidade na fase de enchimento de grão. Portanto, de acordo com Galvan, os relatos dos produtores não condizem com os números divulgados.
Por esses motivos, a projeção da Aprosja é de que safra brasileira da oleaginosa seja de 135 milhões de toneladas, isso considerando que o Rio Grande do Sul tenha uma boa produtividade com a soja que foi plantada atrasada.
Levantamentos de safra do Brasil precisam ter melhor organização
Durante a discussão, o economista Antônio da Luz ironizou que a safra brasileira, certamente, será entre 100 e 200 milhões de toneladas. Porém, essa é uma informação que não serve para nada. Para ele, os números são fundamentais para haver um planejamento, mas essas divergências impedem que isso ocorra.
O economista argumentou que, uma vez o Brasil sendo o maior produtor de soja do mundo, precisa se organizar. “Isso é um assunto para ontem”, frisou. Segundo ele, os números levantados no país precisam ter seriedade. “Tudo que for dito aqui, irá influenciar em termos globais”, ressaltou. Para Antônio da Luz, o Brasil não está longe de ter bons números, o que precisa melhorar é a organização.
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