Ações que tornam o café brasileiro um produto com marca reconhecida internacionalmente
Ações que tornam o café brasileiro um produto de marca reconhecida internacionalmente
Em uma pesquisa de percepção do agro brasileiro na França, Alemanha, Inglaterra e República Tcheca, o único produto mencionado de origem brasileira foi o café. Ou seja, esse setor tem feito um trabalho diferenciado de promoção internacional, que deve ser exemplo para a cadeia do agronegócio nacional.
Muito desse destaque internacional acontece por conta do trabalho feito pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Para conhecer mais dessas ações, o Conexão Campo Cidade desta semana contou com o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos. Assista a discussão completa no vídeo acima e confira alguns pontos importantes no texto a seguir:
China cresce como mercado para o café brasileiro
Logo no início da discussão, Marcelo Prado ressaltou que as importações chinesas de café brasileiro estão se aproximando de 1 milhão de sacas, conforme destacou Marcelo Prado. Por isso, eles questionou qual trabalho foi feito para que o café ganhasse esse mercado.
De acordo com o que afirmou destacou Marcos Matos, antes da pandemia, a China comprava 100 mil sacas do Brasil.
Para mudar isso, o Cecafé realizou e apoiou estudos para entender o comportamento do consumidor chinês. Com isso, descobriu que 300 milhões de chinesas já conheciam o café e o consumo era parte das cultura dos mais jovens e dentro do ambiente corporativo, pois é um símbolo do Ocidente.
“As pessoas [na China] entram numa cafeteria se sentirem globalizadas. É símbolo de status social. Pois bem, vamos aproveitar tudo isso”. Então, o Cecafé, com vídeos humanizados de diferentes regiões produtoras do Brasil, criou projetos de promoção de imagem em duas redes de cafeterias presentes no país asiático, enviou remessas desses cafés, brindes e realizou ações promocionais. Hoje, o ritmo de crescimento chinês na importação de café é de 150% ao ano e chegará ao top 10 de compradores do Brasil. Marcos revelou ainda que a maior rede de cafeterias chinesa já procurou o Cecafé para ter uma linha permanente de “Cafés do Brasil”.
“Quem tem que falar sobre o Brasil são os parceiros e jornalistas de outros países”
“Quem tem que falar sobre o Brasil são os parceiros e jornalistas de outros países”, esse é um conselho que Marcos Matos afirmou ter recebido de Roberto Rodrigues e seguido à risca. Para isso, os adidos agrícolas do Brasil na Europa têm sido usados de maneira estratégica.
Em janeiro do próximo ano, por exemplo, vai acontecer um evento de lançamento da plataforma de rastreabilidade do Cecafé, encaminhado pelos três adidos que estão em Bruxelas, envolvendo a embaixada brasileira, a Comissão Europeia e os compradores de café nacional.
Assim, Matos destaca o quão importante é que os próprios compradores reconheçam que precisam de divulgar mais o café brasileiro e dar mais espaços para o produto.
Para concretizar essas ações, Matos disse que é necessário usar a criatividade. Outro exemplo disso é a reunião do G20 que aconteceu na Itália em 2021. Os líderes globais visitaram a embaixada brasileira. Um mês antes o Cecafé preparou a exposição “Cafés do Brasil” na embaixada e todos os líderes globais passaram por ela. Resultado: a televisão italiana fez uma transmissão ao vivo durante o horário do almoço mostrando a marca. “Quanto custaria isso se a gente fosse atrás para passar na Itália inteira, nosso terceiro maior destino?”, questinou.
Importação da valorização do produtor nesse processo
José Luiz Tejon, durante o debate, questionou se a Colômbia continua fazendo um bom trabalho de propaganda do café Juan Valdez. Marcos Matos afirmou que sim, o país é muito forte nesse quesito, mas isso não se traduz em benefício para o produtor. Segundo ele, o índice brasileiro de repasse de preço FOB exportação ao produtor no café arábica está em 85%, enquanto que na Colômbia o oscila de 40 a 60%, porque no país existem outros agentes na cadeia. Então, o valor agregado a mais não necessariamente chega no bolso de quem precisa.
Como resultado disso, a produção de café cresce no Brasil cresce fortemente, enquanto que na Colômbia retrai fortemente.
No início dos anos 90, como frisou Matos, quando o mundo era e os países tinham cotas, o Brasil produzia 21,5 milhões de sacas e a Colômbia quase 19 milhões de sacas. Ou seja, números muito próximos.
Porém, após o Brasil abrir o mercado, desde 2019 exporta mais de 40 milhões de sacas e consome 21 milhões. Em alguns momentos a produção nacional ultrapassou 70 milhões de sacas. No país ainda há um problema de estatística de produção, mas as exportações têm dados de embarque e são exportados mais de 40 milhões de sacas e consumidas 21 milhões. Já na Colômbia, a produção caiu para 11 milhões.