Conexão Campo Cidade: Para Roberto Rodrigues, Plano Safra precisa focar no seguro rural e em recursos para comercialização da safra
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Conexão Campo Cidade: Para Roberto Rodrigues, Plano Safra precisa focar no seguro rural e em recursos para comercialização da safra
No Conexão Campo Cidade desta semana, Roberto Rodrigues, que ocupou o cargo de ministro da Agricultura entre os anos de 2003 e 2006, manifestou sua preocupação quando ao Plano Safra deste ano. Costumeiramente anunciado pelo Governo no final de maio, agora em 2023 o plano deve ser apresentado no final deste mês de junho.
Para o anúncio do Plano Safra, Roberto Rodrigues acredita que o atual ministro, Carlos Fávaro, está lutando para ter os recursos suficientes, com um preço justo para o agricultor. E para ele, isso será fundamental, pois tem preocupações quanto o que vem pela frente na agricultura brasileira.
“Tem uma safra gigantesca sem infraestrutura para guardar. O produtor rural se vê obrigado a vender, o mercado sabe disso e compra com preços baixos. Isso, ao mesmo tempo em que os custos de produção se mantém elevados”, afirmou o ex-ministro.
Plano Safra como prevenção para o produtor rural em um ano com vários riscos
Além disso, Roberto afirma que outra preocupação é a previsão do El Niño sobre o Brasil, o que cria uma imprevisibilidade climática para regiões produtores do país, que, segundo ele, podem ser duramente afetadas.
Ele ainda cita outros riscos como a queda do dólar e a gripe aviária, ainda não presente no setor granjeiro do Brasil, mas em aves silvestres do país e em outros lugares do mundo, inclusive América do Sul.
“Quando eu fui ministro, em 2005 aconteceu exatamente isso. Foi seca, a produção foi muito baixa, preços caíram, custos altos, uma gripe aviária que determinou a queda do mercado do milho no mundo inteiro, câmbio, foi a mesma coisa que está acontecendo agora”, destacou.
Por isso, segundo o ex-ministro, o que o Ministério da Agricultura tem que considerar para o Plano Safra são dois pontos: um seguro rural para que haja tranquilidade quanto a eventuais problemas climáticos por conta do El Niño e recursos para comercialização da safra, para que haja possibilidade . “Estou torcendo que o Plano saia logo com dinheiro para seguro e comercialização”.
“Tem que colocar dinheiro em pesquisa”
Durante o debate, Roberto Rodrigues também destacou que falta ao Brasil um planejamento estratégico para a agricultura. Ele forçou que o agronegócio brasileiro teve um aumento extraordinário ao longo dos últimos 40 anos, isso por conta dos avanços em tecnologia, possibilidades pela ciência. Contudo, agora, importantes núcleos da pesquisa agrícolas estão com falta de recursos.
“Estamos vendo a Embrapa sem recurso, o Instituto Agronômico de Campinas, que é o pai da agricultura contemporânea moderna, sem dinheiro para fazer pesquisa”, afirmou Rodrigues.. Acredito que a estratégia tem que focar em alguns pontos, e o primeiro deles é a ciência e tecnologia.
Qual o sentimento que o europeu tem sobre o Brasil?
José Luiz Tejon revelou que está à frente de uma pesquisa na Europa para encontrar oportunidades para o agronegócio brasileiro. Porém, como ele afirmou, não é uma pesquisa qualquer, apenas com respostas de "sim" ou "não" para algumas questões. Tejon contou que quer entender o sentimento do europeu sobre o Brasil.
A intenção é descobrir, como disse Tejon, se questões como o fato do Brasil ter sido formado por imigrantes que fugiram de diversos problemas como guerra e fome, ou como os produtos exportados pelo Brasil estão presentes do cotidiano do velho continente, tocam sentimentalmente de alguma forma o cidadão europeu, para assim encontrar campos de oportunidades para uma ação de comunicação para promover o agro brasileiro na Europa.
“Eu espero que essa pesquisa nos mostre ângulos emocionais, que a gente possa criar uma embalagem para tudo aquilo que a racionalidade brasileira permite mostrar com números, ciência, embalados no aspecto da emoção” explicou Tejon.