Produtor rural tem linhas de crédito disponíveis, porém altas taxas de juros são barreira para investimentos

Publicado em 15/05/2023 18:54 e atualizado em 23/05/2023 16:31
O Plana Safra foi tema da discussão desta semana no Conexão Campo Cidade, que teve a participação especial de Pedro Estevão, Presidente da Câmara Setorial Agrícola da Abimaq
Conexão Campo Cidade -

O Conexão Campo Cidade desta semana teve como assunto principal o Plano Safra e as opções de crédito para o produtor rural. Para falar sobre esse assunto, com uma visão mais aprofundada no setor de máquinas agrícolas, a edição recebeu como convidado especial, Pedro Estevão, Presidente da Câmara Setorial Agrícola da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). 

Pedro Estevão destacou que no último ano, os recursos para investimento ficaram muito aquém do que era necessário. Como ele afirmou, no último Plano Safra, foram destinados R$ 8 bilhões para o Moderfrota e R$ 3 bilhões para o Pronaf, uma soma de R$ 11 bilhões para um mercado que foi de R$ 80 bilhões. "É pouco recurso para a demanda", afirmou. 

O convidado lembrou que em outubro o dinheiro para investimento já havia acabado. “A partir do momento que acabaram os recursos, as vendas começaram a cair”, declarou. Além disso, a partir de novembro de 2022, o produtor se deparou com uma taxa de juros 18% e entendeu que a janela de investimentos não era a ideal.

 

Preocupação com os recursos para o Plano Safra deste ano 

O economista Antônio da Luz, durante o debate no Conexão Campo Cidade, se revelou preocupado com os recursos para o próximo Plano Safra. Para ele, é fundamental encontrar outras opções de crédito. “Se não tem recurso, é necessário achar alternativas”, afirmou. 
No mês de março, segundo o economista, o recurso orçamentário para investimento, que deveria se prolongar até dezembro, já estava 98% empenhado. “Se tenho 98% do recurso tomado em março, eu estou com problema”, alertou. 

Outro ponto destacado por ele foi o de que nesta semana saiu a informação de que houve um crescimento das vendas de máquinas agrícolas entre fevereiro e março de 38% e 32% em relação a março de 2022. “Não há dúvidas que existe apetite. O que está faltando é crédito, para que esses negócios possam rodar mais”, avaliou Antônio da Luz. 

Para ele, o setor está com apetite, mas está acostumado a buscar recursos no crédito rural oficial, que não vai faltar apenas para investimento, vai faltar para tudo, porque, como afirmou o economista, sem orçamento, por melhor que sejam as intenções do ministro da Agricultura, o Plano Safra não roda. “Não basta ter boa vontade, é ter recurso orçamentário”, completou. 


Opções além do BNDES e barreira das altas taxas de juros 

Antônio da Luz destacou também que hoje boa parte do financiamento da agricultura brasileira parte do mercado de capitais. “LCAs são emitidos no mercado de capitais, pelos bancos. Os CRAs, os Fiagros, as CPRs de uma maneira geral, são elas que financiam o grosso da agricultura brasileira”, afirmou. Porém, para ele as indústrias ainda são muito dependentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Pedro Estevão confirmou que existe essa dependência pelo BNDES, mas segundo ele, a Abimaq não consegue achar alternativas fáceis, pois não falta linha de investimento, não falta recurso, os juros altos que são o problema. 
“Toda linha que faz a capacitação parte da Selic de 13,75%. Mais o Spred, mais o lucro do banco, essa taxa vai para 17%, 18%. Não tem dinheiro barato”, declarou. O convidado citou como novidade uma linha em dólar criada pelo governo, que tem custo em torno de 7,59% ao ano, mas fica com risco da variação cambial. 

De acordo com o convidado, o que falta no Brasil é fundo barato. Ele lembrou que o BNDES, no último ano, devolveu mais de R$ 70 bilhões para o governo, porque não tinha para quem emprestar por causa dos juros muito caros. Ele diz que infelizmente é difícil conseguiu uma saída para isso, porque todo dinheiro para captar parte de 13,75%. 

A Abimaq, como contou Pedro Estevão, esteve reunida com o governo, que pediu sugestões para o Plano Safra. A resposta da associação foi de que são necessários R$ 34 bilhões para o Moderfrota e R$ 11 bilhões para o Pronaf. “O governo disse que é muito, mas para uma indústria que faturou R$ 80 bilhões é praticamente a metade”, afirmou. 

Por: Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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