Falta de infraestrutura logística brasileira para escoamento e armazenagem é determinante para baixa de preços da soja

Publicado em 24/04/2023 18:51 e atualizado em 09/05/2023 16:36
O economista Antônio da Luz explorou no Conexão Campo Cidade desta semana os fatores que causaram a queda de preços da soja no Brasil e citou cuidados que deveriam ter sido tomados pelos produtores rurais
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Falta de infraestrutura logística brasileira para escoamento e armazenagem é determinante para baixa de preços da soja

Antônio da Luz explicou no Conexão Campo Cidade o preço da soja não caiu no mercado internacional com a mesma intensidade que no Brasil, indicando que o mercado lá fora está firme. 

A explicação para a queda de preços no Brasil também não está relacionada à taxa de câmbio, já que em abril deste ano o câmbio estava mais alto, ou bastante similar, do que em abril do ano passado. 

O principal fator para a queda de preços é a colheita 25 milhões de toneladas a mais em relação ao ano passado, com a mesma estrutura de armazenagem, mesmas estradas, mesmos e equipamentos de transporte e mesmos portos do último ano. Essa quantidade é equivalente a 55% de uma safra cheia da Argentina, o terceiro maior produtor mundial de soja.

Além disso, o economista ressalta que pouca venda antecipada foi feita, o que levou os produtores a venderem simultaneamente para fazer caixa, aumentando a oferta e pressionando os preços para baixo. Com a falta de espaço para armazenamento, muitos produtores foram obrigados a entregar a soja ao mercado.

Outro fator que afeta os preços da soja é a concorrência com o milho. Segundo Antônio da Luz, nos próximos 45 dias, a colheita do milho deve aumentar significativamente e competir pelo mesmo espaço que a soja, o que pode manter os preços apertados.


Situação deve melhorar após as ondas da safra de soja e de milho

Para Antônio da Luz, apesar da queda nos preços atualmente, ele acredita que a situação pode melhorar no futuro, especialmente com a baixa produção de outros países produtores.

Como ele afirmou, a Argentina colheu 23 milhões de toneladas de soja, enquanto os Estados Unidos estão com uma produção seis milhões de toneladas menor. Com isso, o Brasil se torna o principal produtor e deve ter soja para vender em breve.

"A Argentina vai ter que importar do Brasil uns 20 milhões de toneladas. Os Estados Unidos já estão comprando soja brasileira porque o diferencial de preço está tão grande que vale a pena comprar soja aqui", explica o economista.

Apesar da perspectiva de melhora, Da Luz lamenta a queda nos preços e destaca que já havia alertado para essa possibilidade em programas anteriores. Ele aponta que a concentração de oferta no mercado brasileiro, somada ao fato de muitos produtores terem feito vendas antecipadas, resultou em uma grande quantidade de soja no mercado e pressionou os preços.

No entanto, ele acredita que a situação deve melhorar após a primeira onda de produção de soja e a segunda onda de produção de milho. Com isso, a expectativa é que os preços se recuperem e tragam alívio aos produtores brasileiros. 

 


Relação entre o campo e a cidade 

Em busca de soluções para aproximar esses dois universos, o programa Conexão Campo Cidade foi criado com o objetivo de promover um diálogo mais próximo entre as comunidades rurais e urbanas.

Para entender melhor como esse relacionamento tem sido percebido em outros países, Roberto Rodrigues questionou a convidada desta semana Steffanie Leffer, aluna do curso internacional de Food & Agribusiness Manegement, que conta alunos de oito nacionalidades diferentes, com aulas no Brasil e na França. 

A convidada destacou que o distanciamento entre o campo e a cidade é uma realidade em todo o mundo e que muitos dos seus colegas, representantes de oito países diferentes, conheciam pouco do Brasil antes de participarem do programa. “Acho que o mundo inteiro tá precisando de uma aproximação maior do Brasil”, afirmou Steffanie.


Preocupação internacional é maior em relação ao meio ambiente ou à segurança alimentar?

Antônio da Luz questionou a estudante se, dentro da turma, entre os colegas de curso e os debates que fazem, parece ser mais importante neste momento as questões ambientais ou as questões de segurança alimentar.

Steffanie afirmou que gostaria de responder que a preocupação é equilibrada, mas as maiores dúvidas dos colegas são relacionadas à sustentabilidade. "Quando a gente fala de Brasil, as perguntas são principalmente de desmatamento. Então com certeza isso deve ser um reflexo da imagem que é vista do Brasil lá fora e que gera essa discussão", disse.

Ela ainda destacou a importância da segurança alimentar e explicou que os estudantes escolheram o curso para ver na prática o potencial do Brasil em ajudar no desafio de alimentar o mundo. "As duas coisas geraram bastante curiosidade. Mas com certeza eles já chegam preparados para fazer perguntas sobre desmatamento e sustentabilidade quando a gente fala de produção aqui no Brasil", afirmou.
 

Por: Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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