Exemplos internacionais para o Brasil avançar na produção agropecuária

Publicado em 17/04/2023 18:58 e atualizado em 25/04/2023 16:53
Marcelo Prado contou as experiências recentes no Japão e Austrália, que são exemplos para o agro brasileiro
Conexão Campo Cidade -

Beleza das flores utilizada como atrativo turístico, alimentos com alto valor agregado, cafeterias com a presença de pets, integração de cadeias produtivas da lavoura até o restaurante e sustentabilidade ambiental. Esses são exemples encontrados por Marcelo Prado durante uma viagem recente para Japão e Austrália, que foram compartilhados para ele na última segunda-feira (18), no Conexão Campo Cidade.

 

Cerejeiras x ipês

As cerejeiras são um dos principais símbolos do Japão, com uma florada que atrai turistas de todo o mundo, não só pela beleza das flores, como também o significado simbólico que elas carregam para aquele país. Marcelo Prado percebe nisso uma possibilidade do Brasil explorar os ipês como atração turístico.

Como o ipê, além de contar com uma bela floração, é uma árvore presente em praticamente todo o país, é uma possibilidade para diferentes regiões explorarem a beleza das flores para atrair turistas, assim como faz o Japão.

 

Carne bovina com alto valor agregado

Um bife de alto valor e sabor ímpar foi outro exemplo apresentado por Marcelo Prado. Segundo ele, enquanto no Brasil muitos pecuaristas têm margens apertadas, no Japão se explora uma produção diferenciada para se obter um produto mais saboroso.

Entretanto, sobre isso, Antônio da Luz destacou alguns pontos, como o diferencial do Brasil ter uma pecuária com menor emissão de gases de efeito estufa por conta do pasto, o que não ocorre no Japão com os animais confinados.

Porém, o Brasil precisa explorar valores mais altos justamente por ter uma carna mais sustentável, o que também pode ser usado como um grande atrativo comercial, tanto nacional quanto internacionalmente.

 

Cafeterias com a presença de pets

No Japão é possível encontrar cafeterias onde o cliente pode levar o animal de estimação. Além do café, que é o produto principal, a experiência do local é acrescentada com o contato com cachorros e até menos pequenos porcos, que têm ganhado espaço como pet.

Para Marcelo Prado, esse tipo de experiência a mais no local onde será consumido o produto precisa ganhar mais espaço no Brasil. Além disso, Antônio da Luz destacou a demanda crescente por produtos agrícolas no mercado de pets, para a fabricação de ração.

 

Café brasileiro com valor agregado: onde fica a margem de lucro?

O café brasileiro vendido no Japão com alto valor agregado foi outro achado de Marcelo Prado pelo país asiático. Por lá, o quilo do café tupiniquim estava sendo vendido por cerca de R$ 340,00, enquanto que no Brasil está sendo comercializado em torno de R$ 20,00.

Esse é um fator positivo, mas Marcelo Prado questionou onde essa margem de lucro fica, se chega ao produtor brasileiro ou se fica apenas nas tradings, nos intermediários, ou no comércio japonês.

 

Austrália, integração da cadeia produtiva

Pela Austrália, o que mais chamou a atenção de Marcelo Prado foi um restaurante, onde também eram comercializados pães, doces e outros alimentos produzidos pelo próprio estabelecimento. Ou seja, desde o cultivo até a destinação final ao consumidor no mesmo local. Esse tipo de produção atrai consumidores e precisa ser mais explorada no Brasil.

 

Também foi assunto no programa: 

Invasões durante o "Abril Vermelho" 

A nova onda de invasões rurais que tem tomado conta do sul da Bahia e chegou a propriedades da Embrapa e da Suzano também entrou em pauta no Conexão Campo Cidade desta semana. A falta de clareza e consistência nas leis por parte do governo, como apontou Roberto Rodrigues, tem permitido que essa questão se torne cada vez mais frequente e prejudique a produção agrícola na região.

A falta de valores claros na sociedade brasileira tem permitido que essas práticas ilegais persistam. O convite de líderes de invasões de terra para comitivas presidenciais e a falta de reação por parte da elite intelectual e da imprensa têm causado preocupação, como apontou Leticia Jacintho.

A violação do estado democrático de direito é um dos principais problemas associados a essa questão. A invasão de terras e a violação das leis criam insegurança jurídica e podem levar a um retrocesso no regime democrático de direito. Antônio da Luz destacou que é importante que os defensores da democracia tomem medidas para combater essas práticas ilegais e garantir a segurança jurídica em todo o país.

A invasão de terras não se limita apenas ao ambiente rural, mas também tem se tornado cada vez mais frequente nas cidades. Isso é preocupante, já que os invasores estão dando entrevistas coletivas e se tornando cada vez mais organizados. É importante que as autoridades tomem medidas para reprimir essas atividades ilegais e garantir a segurança da população.

A medida cautelar apresentada pela CMA e a ajuda das federações aos produtores rurais são passos importantes para garantir a segurança jurídica na região e minimizar os danos causados pela invasão de terras. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para garantir que o Brasil se torne um país com valores claros e consistentes, onde a democracia e o estado de direito são protegidos e respeitados.

 

Viagem de Lula à China

O presidente Lula causou polêmica em sua recente viagem à China ao atribuir à Ucrânia o mesmo peso de culpa que a Rússia pela invasão do país, como destacou Antônio da Luz. O participante do Conexão Campo Cidade comparou esse viés de normalidade da invasão da Ucrânia pela Rússia com o crime de invasões de terra, que até mesmo culpa o fazendeiro pelo ocorrido, como tem ocorrido no Brasil. Antônio expressou preocupação com a sociedade se acostumando com o errado e normalizando atitudes problemáticas.

Apesar disso, a viagem também teve resultados positivos, como a assinatura de acordos bilaterais de comércio e tecnologia, que trazem benefícios para o Brasil e a China. Lula ressaltou a importância das empresas dos dois países trabalharem juntas e destacou o papel do Brasil como "mercador da paz" por ser um grande exportador de alimentos.

No entanto, Lula também causou polêmica ao falar sobre acabar com o dólar como moeda de troca global. Apesar das polêmicas, a viagem de Lula à China teve resultados positivos em termos de acordos comerciais e tecnológicos. Resta agora aguardar os desdobramentos das declarações polêmicas do presidente em relação à Rússia e aos Estados Unidos.

Por: Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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