Influência da atual conjuntura política brasileira no agronegócio
Roberto Rodrigues, Leticia Jacintho e Marcus Reis estiveram reunidos na última segunda-feira (11) para discutir alguns dos temas, como decisões políticas, medidas econômicas e conflitos sociais, que têm interferido no agronegócio brasileiro, sobretudo sob influência do atual governo federal.
Para Marcus Reis, a guerra entre o atual governo e agronegócio não foi declarada. Houve rusgas, mas não ocorreu um embate. Essa seria a maior preocupação do setor, mas movimentos como o MST, para Reis, não foram apoiadas pelo governo como se temia.
Além disso, ele afirmou que o agronegócio anda sozinho e não dependo do governo para quase nada. O governo apenas não pode atrapalhar e não está atrapalhando. Ele declarou que não há riscos do governo se opor ao agro, pois “ninguém mata a galinha de ovos de ouro”.
Por outro lado, Leticia Jacintho destacou que integrantes do governo fizeram declarações ruins que causam ruídos para a imagem do agronegócio. Porém, as negociações internacionais do atual governo têm sido positivas.
A preocupação maior, de acordo com o que afirmou Roberto Rodrigues, é com o Abril Vermelho. Governadores em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais disseram que serão rigorosos contra invasões. Contudo, na Bahia, por exemplo, essa oposição do governo estadual está mais morna, o que dá sensação de instabilidade para o produtor rural. “Precisa ter uma posição clara do governo contra invasão de terra”, frisou Rodrigues.
Agro gerou empregos mesmo na pandemia
Durante o debate, Leticia Jacintho destacou uma pesquisa da FGV Agro, cujo resultado mostra que o agronegócio formalizou 360 mil empregos em 3 anos, e mesmo durante a pandemia. Além disso, a massa salaria cresceu, junto dos empregos formais.
Roberto Rodrigue destacou entre os números que a agricultura aumentou 10% e a pecuária 3,2%. A pecuária cresceu menos, segundo ele, porque houve uma modernização da gestão tão forte que ocorreu uma troca por pessoas mais qualificadas. Menor número de pessoas, porque houve essa troca, com aumento da massa salarial.
De Olho No Material Escolar
Entre os assuntos da conversa esteve a iniciativa recente do movimento De Olho No Material Escolar, presidido por Leticia Jacintho, que conseguiu divulgar dados importantes sobre a abordagem ao agronegócio em livros didáticos de escolas brasileiras.
A FIA, Fundação Instituto de Administração, que não tem relação com o agronegócio foi contratada pelo De Olho no Material escolar e analisou 80% do material escolar adquirido recentemente pelo MEC no último programa nacional do livro didático. Isso serviu para comprovar o que antes era apenas uma percepção de como os livros escolares traziam informações contrárias à agropecuária.
Foram analisados 94 livros, de 10 editoras, mais de 9 mil páginas, 3 mil horas de trabalho. 60% das informações não tinham embasamento científico. O caminho é trazer materiais com pesquisa científica. O movimento tem levados crianças para feiras a fim de conhecer de perto a realidade do agro.
"Crianças são educadas contra a agricultura, ficam com raiva da agricultura. Esse é um dos mais importantes trabalhos da agricultura brasileira na realidade", opinou Roberto Rodrigues.
Leticia declarou que a conversa com as editoras têm sido aprofundada, para que professores e autores possam pesquisar e trazer informações corretas. O movimento está revisando com editoras e fazendo palestras para autores, para conseguir mudar a abordagem ao agro nos livros didáticos.