Agora é a crise do petróleo que assusta o mundo, mas o Brasil está preparado para a recuperação, diz Paulo Guedes

Publicado em 13/10/2021 15:48 e atualizado em 13/10/2021 18:20
Edição do Tempo&Dinheiro desta 4a.feira, 13/outubro/21, com João Batista Olivi
Tempo & Dinheiro

Brasil está posicionado para recuperação robusta e duradoura, diz Guedes

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil reagiu melhor do que muitos esperavam ao choque da Covid-19 e está bem posicionado para uma recuperação robusta e duradoura, e afirmou que o governo permanece comprometido em implementar sua agenda de reformas, apesar dos desafios representados pela pandemia.

O ministro avaliou que a campanha de vacinação para o coronavírus está "eficaz", com a cobertura da imunização se tornando "importante fator" por trás da "forte performance econômica do país".

Em declaração preparada para o Fundo Monetário Internacional em nome de Brasil, Cabo Verde, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, Suriname, República Democrática de Timor-Leste e Trinidad e Tobago, Guedes também chamou a atenção para a persistência das pressões sobre os preços em vários países e disse que o Banco Central do Brasil tem reagido em linha com seu mandato para trazer a inflação de volta à meta em 2022.

Na terça-feira, o FMI piorou as estimativas para o crescimento econômico do Brasil e elevou de forma expressiva sua projeção para a alta dos preços.

No documento, Guedes lembrou que a economia brasileira caiu menos da metade que o tombo previsto pelo FMI para 2020, em referência à contração de 4,1% ano passado frente a uma previsão da entidade de recuo de 9,1%.

Sobre a inflação, o ministro atribuiu a aceleração da alta de preços no país ao ganho de ritmo da atividade econômica e à combinação entre preços de commodities mais elevados e um dólar mais apreciado frente ao real.

"Mais recentemente, componentes voláteis, como tarifas de eletricidade e preços de alimentos também foram afetados por condições climáticas no Brasil, adicionando mais pressão à inflação", disse.

As declarações vieram em linha com falas públicas recentes do ministro. Nos Estados Unidos para participar das reuniões do FMI e do Banco Mundial, Guedes expressou otimismo com o crescimento brasileiro e pontuou que as instituições vão errar novamente seus prognósticos sobre o país.

Enquanto o FMI prevê crescimento do PIB brasileiro de 5,2% este ano e de 1,5% em 2022, o Ministério da Economia projeta expansões de 5,3% e 2,5%, respectivamente.

Para a inflação, as estimativas do FMI são de alta de 7,9% neste ano e de 4,0% no próximo, ao passo que o ministério vê IPCA de 7,9% em 2021 e de 3,75% em 2022.

Preços do petróleo recuam com realização de lucros; ficam próximos a máximas de anos

NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo caíram nesta quarta-feira com preocupações de que o crescimento da demanda de petróleo iria desacelerar, o que consumiu ganhos recentes que levaram os preços a máximas de vários anos nas últimas sessões.

Os analistas observaram que alguns traders provavelmente realizaram lucros com o petróleo dos EUA depois que os futuros do WTI atingiram suas máximas desde outubro de 2014, durante as últimas três sessões.

Os futuros do petróleo Brent caíram 0,24 dólar, ou 0,3%, para fechar a 83,18 dólares o barril, enquanto o petróleo dos EUA (WTI) recuou 0,20 dólar, ou 0,3%, para 80,44 dólares.

Os preços ficaram sob pressão no início, quando a China, o maior importador de petróleo do mundo, divulgou dados mostrando que as importações de setembro caíram 15% em relação ao ano anterior.

A escassez de carvão e gás natural na China, Europa e Índia impulsionou os preços dos combustíveis usados para geração de eletricidade. Os produtos de petróleo estão sendo usados como substitutos.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduziu sua previsão de crescimento da demanda mundial de petróleo para 2021, mantendo sua visão para 2022.

Mas a Opep disse que a alta nos preços do gás natural pode aumentar a demanda por derivados de petróleo.

BC derruba dólar com US$ 1 bi em swaps, mas moeda fica acima de R$ 5,50

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em baixa nesta quarta-feira, a primeira significativa em mais de dez dias, sendo puxado de máximas acima de 5,57 reais por uma intervenção surpresa do Banco Central no mercado de câmbio quando o real liderava as perdas entre os pares globais.

Ainda assim, a cotação encerrou acima da linha psicológica de 5,50 reais, tida como um termômetro de maior aversão a risco depois de eventos recentes que catapultaram a moeda acima desse patamar.

Profissionais não souberam apontar uma razão específica para a performance isoladamente mais fraca do real durante parte da sessão, mas lembraram que a moeda está numa espiral de pessimismo que fez mesmo especuladores estrangeiros virarem de mão e passarem a apostar contra.

O risco interno ligado à política fiscal, o cenário de inflação bastante pressionada e a derrocada nas projeções de crescimento para 2022, ano eleitoral, compõem um quadro negativo para a taxa de câmbio num momento em que a possibilidade de aperto monetário nos EUA e problemas na China causam chacoalhões nos mercados emergentes.

O dólar à vista caiu 0,55%, a 5,508 reais na venda, maior desvalorização percentual diária desde o dia 1º deste mês(-1,47%).

Pouco antes das 15h, a moeda havia batido a máxima da sessão --de 5,5743 reais, alta de 0,65%. Foi quando o Banco Central anunciou um leilão de contratos de swap cambial tradicional --cuja colocação funciona como uma venda de dólares no mercado de dólar futuro.

O mercado repercutiu imediatamente e fez uma liquidação de dólares, levando a moeda à mínima intradiária de 5,4997 reais, queda de 0,70%.

Segundo um analista de câmbio de um banco estrangeiro, a queda livre do dólar na sequência se deveu ao "efeito surpresa" da operação e ao lote maior de swaps, o que acabou pegando o mercado no contrapé e forçou uma virada de mão dos "comprados" em dólar (que apostam na apreciação da divisa).

O volume de swaps colocado nesta quarta-feira foi o dobro do vendido na última vez que o BC recorreu a esse instrumento de forma extraordinária, em 30 de setembro.

O anúncio do leilão ocorreu num dia em que o real estava visível e negativamente descolado de seus pares. No pior momento da sessão, a moeda brasileira era a de desempenho mais fraco numa curta lista de três divisas que caíam frente ao dólar. Os demais 30 principais pares da moeda norte-americana se valorizavam ou mostravam estabilidade.

O leilão sem aviso desta quarta se soma às ofertas líquidas e às operações de rolagem que a autarquia vem realizando nos últimos dias como forma de prover liquidez ao mercado num momento de forte demanda por dólar --relacionada ao desmonte de proteções cambiais pelos bancos ("overhedge") e ao fim do ano, quando aumentam as remessas de lucros e dividendos.

Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, comentou sobre uma tendência de venda de reais que tem se retroalimentado e pontuou que, por ora, o BC conseguiu quebrar essa sistemática.

"O BC quebrou essa dinâmica pelo menos por hoje, mas o mercado tem na memória de curto prazo esse 'trade' de desempenho fraco do real. A questão é se esse 'price action' (reação de preço) vai se equilibrar."

Serra chamou atenção para o fato de o real sofrer com maior debilidade mesmo com o aumento dos retornos oferecidos pelos contratos de renda fixa na moeda brasileira --devido à alta dos juros. A taxa básica de juros do Brasil (Selic) saiu de 2% em março para 6,25% neste momento e deve seguir em alta para cerca de 9%, estimam alguns no mercado.

"O problema é que quando você vê o 'carry' ajustado pela 'vol' (volatilidade), você desanima", disse.

Enquanto a taxa embutida em contratos de real para um ano está em torno de 8,3% ao ano (nominal), a volatilidade anualizada para o mesmo período está em 17,4%, abaixo apenas da atribuída à lira turca.

S&P 500 sobe com ações de crescimento; JP Morgan pesa

NOVA YORK (Reuters) - O S&P 500 e o Nasdaq terminaram em alta nesta quarta-feira, impulsionados por ganhos em ações de grandes nomes de crescimento como Amazon.com e Microsoft, mas os papéis do JPMorgan caíram, assim como os de outros bancos, e contiveram a valorização do índice.

O S&P 500 acelerou brevemente a alta após a divulgação da ata da reunião de política monetária de setembro do Federal Reserve.

Os banqueiros centrais dos EUA sinalizaram que podem começar a reduzir o estímulo à economia em meados de novembro, embora permaneçam divididos sobre o tamanho da ameaça imposta pela inflação elevada e sobre o quão cedo precisarão aumentar as taxas de juros, mostrou a ata.

Mais cedo, um relatório do Departamento do Trabalho mostrou que os preços ao consumidor aumentaram com força em setembro, fortalecendo ainda mais a hipótese de um aumento nas taxas de juros do Fed. [nL1N2R916C]

As ações do JPMorgan Chase & Co caíram 2,6% e estiveram entre os maiores pesos para o S&P 500 e o Dow, que encerrou o dia de forma estável. As ações caíram junto com as de outros bancos, embora o lucro do JPMorgan no terceiro trimestre tenha superado as expectativas, alavancado pelo boom de negociações globais e pela liberação de mais reservas para fazer frente a perdas com empréstimos.

O índice de bancos do S&P 500 caiu 1,3%, com os rendimentos dos títulos do Tesouro do EUA de prazo mais longo caindo no dia. Os resultados corporativos do dia deram início à temporada de balanços do terceiro trimestre para as empresas listadas no S&P 500.

"Minha esperança é que, à medida que avançamos na temporada de balanços, a orientação prospectiva seja boa o suficiente para fecharmos o ano em alta. Mas, neste momento, o mercado está em uma fase de querer ver resultados", disse Jim Awad , diretor administrativo sênior da Clearstead Advisors LLC em Nova York.

Os papéis de megacaps de crescimento, incluindo Amazon.com Inc, Alphabet e Microsoft Corp, todos tiveram alta.

O Dow Jones caiu 0,53 pontos para 34.377,81 pontos, o S&P 500 avançou 0,30%, para 4.363,8, e o Nasdaq Composite subiu 0,73%, para 14.571,64 pontos.

Ibovespa fecha em alta apoiado em ações ligadas ao mercado doméstico

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira subiu nesta quarta-feira, seguindo a tendência global de maior apetite por risco e apoiado sobretudo em ações ligadas ao mercado doméstico.

De acordo com números preliminares, o Ibovespa subiu 1,31%, aos 113.653,06 pontos, montado principalmente sobre ações de empresas de consumo, construtoras, e de comércio eletrônico.

O giro financeiro da sessão, marcada pelo vencimento dos contratos de futuros, somava 29,7 bilhões de reais.

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