China já reduz oferta de fertilizantes no mercado global; relações de troca para 2022 sobem forte
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Entrevista com Jeferson Souza - Analista de Fertilizantes da Agrinvest sobre os Fertilizantes
O cenário global de fertilizantes é bastante difícil neste momento e a notícia de que a China poderia suspender suas exportações de fertilizantes agravou ainda mais o quadro. Desde que esta informação chegou com mais força ao mercado, nesta terça-feira (29), já foi possível notar uma restrição de oferta por parte da nação asiática e um aumento expressivo dos preços em algumas partes do globo.
"Já vemos uma oferta menor por lá de algumas matérias-primas exclusivas do mercado chinês. Embora ainda não tenha sido confirmada (a interrupção), o mercado já dá sinais desde meados de maio, junho, de que a China já sinaliza uma redução ou quem sabe uma paralisação das exportações de fertilizantes para proteger seu mercado interno. As altas nos preços que temos visto no Brasil, nos EUA, e no globo de uma forma geral, têm um reflexo direto na China também. É um cenário complicado para nitrogenados e fosfatados", explica Jeferson Souza, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
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Além das questões que são discutidas na China e pela China, há uma tempestade perfeita formada no mercado internacional de fertilizantes que passa ainda pela disparada contínua do gás natural - com um aumento de 550% nos últimos 12 meses na Europa, e o que pesa diretamene sobre os nitrogenados - a Índia voltando ao mercado para a compra de ureia, e mais o encarecimento do petróleo.
No Oriente Médio, foram registrados negócios para a ureia a US$ 620,00 por tonelada FOB, o maior nível registrado desde 2008, um aumento de US$ 90/t em poucos dias. Em Paranaguá, a tonelada variava entre US$ 750,00 e US$ 760,00, contra algo pouco mais de US$ 550,00 há três semanas.
Todo esse aumento substancial dos preços e que ocorre muito rapidamente já deteriora as relações de troca tanto para o milho safrinha 2022, como para a soja 2022/23. E no caso do cereal, a situação é ainda mais grave - com a relação na casa das 80 sacas por tonelada de ureia - já que o tempo para que o produtor brasileiro tome decisões é curto. Em abril, eram 40 sacas, tomando como referência Sorriso, em Mato Grosso.
Além destes itens, os problemas com a oferta de cloreto de potássio, ou KCl, se intensificam com os conflitos entre Bielorrússia e União Europeia longe de terminar. E é a Bielorrússia que responde por cerca de 20% de toda a oferta deste fertilizante no quadro mundial. Diante disso, as relações de troca entre o KCl e a soja 22/23 estão em 32 sacas, contra 14 sacas em setembro do ano passado.
"É o maior nível que já registramos na nossa série histórica", afirma Souza. "O momento de compra é bem complicado. Eu sempre me baseio na troca e olhando que está muito fora do intervalo histórico, produtor tem que olhar com muita atenção se está na hora de comprar ou não".