Soja vai estar em falta nesta safra..., esta é a leitura do mercado pós-relatório do USDA
Governos anteriores também parcelaram precatórios, mas agora será "à luz do dia", diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - A proposta de parcelamento dos pagamentos de precatórios encaminhada ao Congresso seguiu protocolos estabelecidos por governos anteriores, com a vantagem de desta vez ter sido explicitada de forma clara e transparente, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista à rádio Jovem Pan veiculada nesta sexta-feira.
Guedes afirmou na entrevista, gravada na véspera, que ministros que o antecederam negociaram com os credores o pagamento dos chamados superprecatórios, de valores mais elevados, em condições que não são conhecidas. Ele citou os ex-ministros Pedro Malan, Guido Mantega e Henrique Meirelles.
"Eu pelo menos fiz algo à luz do dia, transparente e para todos, a regra se aplica a todos", afirmou Guedes, ressaltando que a medida dará previsibilidade a um gasto que tem crescido aceleradamente.
"Em vez de resolver o meu problema, porque falta só um ano, eu preferi dar previsibilidade fiscal para os próximos dez, quinze anos, não haverá mais saltos", afirmou.
Ele negou que a mudança na regra tenha tido relação com despesas previstas para o Bolsa Família para 2022, ressaltando que o programa já estava orçado para o ano que vem quando "de repente" chegou a conta de 90 bilhões de reais de precatórios.
(Por Isabel Versiani)
Safras & Mercado vê exportação de soja do Brasil em 2022 em recorde de 90 mi t
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 90 milhões de toneladas em 2022, renovando um recorde após a máxima histórica estimada em 86 milhões de toneladas para 2021, disse a consultoria Safras & Mercado nesta sexta-feira em sua primeira projeção de embarques da oleaginosa para o ano que vem.
A estimativa para as vendas externas deste ano foi mantida em relação ao último levantamento da Safras, divulgado em junho.
A consultoria prevê esmagamento de 48,5 milhões de toneladas em 2022, acima dos 46,7 milhões projetados para 2021.
Já as importações esperadas para o ano que vem devem atingir 400 mil toneladas, com recuo de 53%.
Ainda em relação à temporada de 2022, a oferta total de soja deverá subir 5%, passando para 147,41 milhões de toneladas, disse a consultoria.
Na outra ponta, a demanda total está projetada em 142,1 milhões de toneladas, crescendo 4% sobre o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão subir 11%, passando de 4,77 milhões para 5,31 milhões de toneladas.
(Por Nayara Figueiredo)
Roberto Jefferson é preso pela PF em inquérito que investiga milícias digitais
Por Lisandra Paraguassu e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do PTB, Roberto Jefferson, foi preso na manhã desta sexta-feira por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, dentro do inquérito que apura a existência de uma organização criminosa digital que espalha notícias falsas e faz ataques à democracia.
De acordo com nota da Polícia Federal, o ex-deputado foi preso em Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. Depois de passar pelo Instituto Médico Legal (IML) e pela sede da PF no Rio, seria levado para o presídio de Benfica, na zona norte do Rio. A partir de lá, Jefferson deverá ficar preso no complexo de Bangu.
Moraes determinou a prisão preventiva do ex-deputado a partir de um pedido da Polícia Federal, que o investiga no inquérito aberto em julho para apurar a existência de milícias digitais que fomentam ataques à democracia e a distribuição de notícias falsas.
Na decisão, obtida pela Reuters, Moraes determinou a prisão preventiva do ex-deputado, a busca e apreensão de dispositivos eletrônicos como celulares, tablets e computadores, além de armas e munições que possam estar em sua posse, já que ele tem posado em fotos e vídeos com armas pesadas. Além disso, foi solicitado o bloqueio da mais nova conta no Twitter de Jefferson --a terceira desde que começou a ser investigado.
Moraes ainda encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao corregedor daquela corte ofícios para que tomem medidas para suspensão de exercício de função pública como presidente de partido. Segundo o ministro, são necessárias medidas em função da possível utilização da condição de presidente de partido político --com a consequente utilização de recursos do fundo partidário-- para incorrer nas condutas ora em análise.
Jefferson foi preso depois da Polícia Federal fazer operações de busca e apreensão em diversos endereços ligados a ele e ao PTB. Logo cedo, o presidente do PTB escreveu em suas contas nas redes sociais que a PF o estava buscando.
"A Polícia Federal foi a casa de minha ex-mulher, mãe de meus filhos, com ordem de prisão contra mim e busca e apreensão. Vamos ver de onde parte essa canalhice", escreveu.
No pedido de medidas contra o ex-deputado, a Polícia Federal afirma que em "reiteradas manifestações", Jefferson demonstra o mesmo modo de agir das milícias digitais que estão sendo investigadas, e com os mesmos objetivos: "Atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização e de ódio; e gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos Poderes da República".
Entre a reprodução de diversas entrevistas e postagens, a decisão de Moraes cita o último vídeo de Jefferson, divulgado nas redes do PTB, em que ele repete o presidente Jair Bolsonaro e diz que sem voto impresso não haverá eleições em 2022.
"Ouçam o rufar dos tambores. Garantidores da lei e da ordem. O começo da democracia. A garantia. O braço forte. Tá dizendo o que? Se não houver voto impresso e contagem pública de votos, não haverá eleição ano que vem. Barroso pode até zangar, bater o pezinho... Né, Barroso? Mas se não tiver voto impresso e contagem pública, não terá eleição ano que vem", diz o ex-deputado, citando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Em seu despacho, Moraes afirma que há fortes indícios de crimes de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa, denunciação caluniosa, e em artigos da Lei de Segurança Nacional que incluem fazer propaganda de processos violentos e ilegais para alteração da ordem política e incitar a subversão da ordem política ou social, entre outros.
"A reiteração dessas condutas, por parte de Roberto Jefferson Monteiro Francisco, revela-se gravíssima, pois atentatória ao Estado Democrático de Direito e às suas Instituições republicanas. A Constituição Federal não permite a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático, nem tampouco a realização de manifestações nas redes sociais visando ao rompimento do Estado de Direito, com a extinção das cláusulas pétreas constitucionais – Separação de Poderes, com a consequente instalação do arbítrio", escreveu o ministro em sua decisão.
A Reuters procurou a assessoria do PTB e do próprio Jefferson, mas ainda não houve uma manifestação sobre a prisão.
A Decisão de Alexandre de Moraes trouxe à tona, mais uma vez, uma rusga entre o ministro e a Procuradoria-Geral da República. Em sua decisão, não consta a posição da PGR sobre o caso.
Em nota, o gabinete do ministro explica que o pedido de manifestação foi encaminhado à PGR no dia 5 de agosto, mesmo dia em que o pedido da PF foi apresentado ao STF, e foi dado prazo de 24 horas para resposta.
"No entanto, até a decisão que decretou a prisão preventiva de Roberto Jefferson e determinou a realização da busca e apreensão, na data de ontem, 12 de agosto de 2021, não havia qualquer manifestação da Procuradoria-Geral da República a esse respeito, embora vencido o prazo", diz a nota.
Em outra nota, o procurador-geral, Augusto Aras, afirmou que houve manifestação da PGR no "tempo oportuno" e que a PGR foi contrária à prisão do ex-deputado.
"O entendimento da PGR é que a prisão representaria uma censura prévia à liberdade de expressão, o que é vedado pela Constituição Federal", diz a nota.
"A PGR não contribuirá para ampliar o clima de polarização que, atualmente, atinge o país, independentemente de onde partam e de quem gere os fatos ou narrativas que alimentam os conflitos", seguiu o texto.
Desmatamento recua na Amazônia, mas segue alto sob Bolsonaro
Por Jake Spring
BRASÍLIA (Reuters) - O desmatamento na floresta amazônica caiu 10% em julho na comparação com o ano anterior depois de quatro aumentos mensais consecutivos, mostraram dados preliminares nesta sexta-feira, mas a destruição continua muito mais alta do que antes de o presidente Jair Bolsonaro tomar posse.
A parcela de floresta desmatada totalizou 1.498 quilômetros quadrados no mês de julho, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre janeiro e julho, o desmatamento da Amazônia aumentou 7,8% na comparação com um ano atrás, atingindo 5.108 quilômetros quadrados, revelaram dados do Inpe.
No ano passado, o desmatamento atingiu uma alta de 12 anos sob as vistas de Bolsonaro, que enfraquece a vigilância ambiental e defende a mineração e agricultura comercial em áreas protegidas da floresta tropical.
Em junho, Bolsonaro voltou a enviar os militares para protegerem a floresta, retomando uma estratégia intermitente que não faz a destruição diminuir para os níveis vistos antes de ele assumir o cargo, em 2019.
O gabinete do presidente não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre os dados mais recentes a respeito do desmatamento.
As cifras mais recentes do Inpe cobrem o período de registros anuais de desmatamento no Brasil, medidos entre agosto de 2020 e julho de 2021 para minimizar a interferência da cobertura de nuvens.
Nos 12 meses transcorridos até julho, os dados preliminares indicam uma redução de 4,6% no desmatamento. Cientistas dizem que uma redução nos números preliminares geralmente significa que haverá uma redução na medição final mais precisa conhecida como Prodes.
O vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda a política amazônica do governo, disse na semana passada que agora as cifras estão na direção certa.
"O ciclo encerrado em 31 de julho... acho que estará na faixa dos 4% a 5%, uma redução muito pequena, muito inadequada, mas está no caminho", disse Mourão aos repórteres.
Mas pesquisadores dizem que a devastação ainda é muito mais alta do que antes de Bolsonaro tomar posse e que um recuo de um único dígito faz pouca coisa para alterar o vasto impacto ambiental.
A Amazônia é considerada um anteparo vital contra a mudança climática, e sua destruição é a principal fonte das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.
(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)
Atividade econômica segue em retomada com alta acima do esperado em junho, mostra BC
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O segundo trimestre terminou com expansão da atividade econômica do Brasil depois de forte alta acima do esperado em junho, dando sequência à recuperação mesmo que com menos força do que nos três primeiros meses do ano.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 1,14% em junho em relação ao mês anterior, segundo dado dessazonalizado divulgado pelo BC nesta sexta-feira.
O resultado ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 0,40%, enquanto a atividade ainda busca deixar para trás as consequências da crise causada pela pandemia de Covid-19 conforme a vacinação avança no país.
E ajudou o IBC-Br a terminar o segundo trimestre deste ano com crescimento de 0,12% sobre os três meses anteriores.
O resultado de abril a junho, entretanto, foi mais fraco do que a expansão de 1,64% registrada pelo IBC-Br no primeiro trimestre, pressionado pela queda de 0,55% em maio sobre o mês anterior, em dado revisado depois de queda de 0,43% informada inicialmente.
Na comparação com junho de 2020, o IBC-Br registrou alta de 9,07% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 2,33%, segundo números observados.
O IBGE divulgará os dados oficiais sobre o PIB do segundo trimestre em 1 de setembro, depois de informar que a economia cresceu 1,2% nos três primeiros meses do ano.
"Mantemos a estimativa de crescimento de 0,2% para o PIB total no 2º trimestre, em comparação ao trimestre imediatamente anterior", disse em nota o economista da XP Rodolfo Margato.
Em junho, o destaque ficou para a retomada de serviços com a reabertura da economia. O setor cresceu 1,7% em junho, terceiro mês seguido de ganhos e bem acima do esperado.
Por outro lado, a indústria ficou estagnada, fechando o segundo trimestre com fortes perdas, enquanto o varejo teve queda inesperada de 1,7% em junho sobre o mês anterior.
"Em termos de atividade ao longo do mês, tivemos surpresa positiva nos serviços, enquanto vendas no varejo e produção industrial surpreenderam negativamente. A expectativa à frente é que o setor de serviço siga em retomada, tal qual comércio. O cenário para indústria é menos evidente", disse em nota o banco digital modalmais.
A pesquisa Focus mais recente do BC com uma centena de economistas mostra que a projeção de expansão do PIB para este ano é de 5,30%, indo a 2,05% em 2022.