Os benefícios do uso de bioinsumos; entrevista com Caio Suppia, diretor executivo da Microgeo
Nesta semana, o entrevistado do Líderes do Agro foi Caio Suppia, sócio-diretor da Microgeo, empresa situada no interior de São Paulo, que trabalha com fertilizantes biológicos e atualmente conta com mais de 100 funcionários. Completamente brasileira, a Microgeo surgiu em 2000 a partir da necessidade em comum de duas famílias produtoras, que tinham propriedades vizinhas.
Como conta Suppia, no final da década de 90, ambas as famílias, uma focada na produção de frutas cítricas e outra na de café, tiveram a mesma dificuldade. Após uma análise de solo, foi constatado que nas propriedades continham todos nutrientes necessários para as plantas. Porém, ao analisar as folhas, descobriram que esses nutrientes não estavam chegando para as plantas, o que resultava em uma diminuição do potencial de produtividade.
Devido a essa constatação, os produtores entraram em contato com pesquisadores da Esalq e, após alguns estudos, descobriram que havia uma necessidade biológica, ou seja, faltava vida no solo. Naquela época, ainda não havia uma solução já desenvolvida para esse tipo de problema. Foi então que começaram a criar soluções para mitigar a falha no solo. Com isso, teve início a produção do microgeo. Aos poucos, o produto começou a ter bons resultados e chamar a atenção de produtores vizinhos. Dessa forma, as duas famílias perceberam que poderiam expandir o negócio.
Função do bioinsumo
Assim como explicou Suppia, o microgeo tem a função de trazer equilíbrio para o solo por meio de micro-organismos. Marcelo Prado usou como exemplo os produtos probióticos adquiridos no supermercado, que ajudam a regular o organismo humano. Para o sócio-diretor da Microgeo, essa é uma assimilação correta, pois o objetivo é que haja um equilíbrio no sistema da planta com a presença dos microrganismos. Ele compara também com uma orquestra, onde a sinfonia fica mais bela com a reunião de várias instrumentos.
Utilização
Para ser utilizado o microgeo, primeiro é instalada uma estrutura dentro da propriedade chamada biofábrica, a qual é dimensionada de acordo com a necessidade do produtor. Dentro da estrutura é feita a compostagem, que é o microgeo adicionado a um conteúdo ruminal e água. Em seguida, começa a multiplicação e diversidade biológica dentro desse líquido. O resultado da compostagem é o adubo biológico que vai para a lavoura. “Parece dar trabalho, mas é apenas na primeira aplicação que é necessária essa montagem, depois o processo fica mais simples e fica sempre disponível na propriedade. O produto sempre estará pronto e disponível para ser aplicado”, detalha Suppia.
Expansão
Suppia acredita que em algum momento os insumos biológicos serão algo comum na vida do produtor, assim como é hoje a correção de solo, acamagem ou adubação de pelos fertilizantes mais habituais. Ele afirma que os resultados dos bioinsumos não são vistos imediatamente a olho nu, porém os ganhos de produção podem ser percebidos de forma prática com o tempo. Para ele, a empresa dessa área tem a responsabilidade de acompanhar o cliente e demonstrar os resultados obtidos, para que no final tenha a medição da produtividade, demonstrando o ganho de rentabilidade, que é o que todos buscam.
Esse mercado, de acordo com o que disse o sócio-diretor, tem um potencial muito grande de crescimento, pode ser utilizado em qualquer tipo de propriedade. Em 2016, a estimativa era que 3,6% dos produtores brasileiros usavam insumos biológicos. Hoje esse número é de 25%. A melhor maneira de difundir esses resultados e fazer com que mais pessoas adquiram os biológicos continua sendo o diálogo entre produtores. “O que a gente passa para nossa equipe é que não tem melhor maneira de difundir do que um agricultor falando para outro. Temos clientes há mais de 15 anos colhendo benefícios, ganhando eficiência, e tem bastante defensores. Quando entende o conceito e começa a ver os benefícios, a gente tem bons propagadores da nossa tecnologia”, declara Suppia.
Sobre a existência de concorrência na área, ele afirma que existe pouquíssima. Isso ocorre porque há quatro tipos diferentes de insumos biológicos: inoculantes, usados principalmente nas lavouras de soja; os biodefensivos, específicos para o combate de pragas; os repositores, que devolvem a vida biológica para o solo, como é o caso do microgeo; e os ativadores, aplicados para estimular e multiplicar os organismos já presentes no solo.
Segundo Suppia, nenhum outro tem a mesma diversidade de organismos do microgeo. Os demais bioinsumos são direcionados para atividade mais específica. Enquanto isso, o microgeo é mais abrangente. A principal concorrência acaba sendo o próprio investimento do agricultor, que vai optar se cabe ou não o uso em seu orçamento.
A entrevista completa pode ser acompanhada no vídeo acima. O programa Líderes do Agro vai ao ar todas as quintas-feiras, a partir das 17h30, com o objetivo de ouvir grandes lideranças do agronegócio, que ajudam no desenvolvimento da cadeira produtiva brasileira e transmitem suas estratégias, jeito de pensar e maneira de empreender, a fim de contribuir para o conhecimento coletivo.