Frio nas planícies americanas atrasa o plantio nos EUA; preços sobem na Bolsa; aqui o foco é no milho

Publicado em 19/04/2021 15:39 e atualizado em 19/04/2021 20:18
Edição do Tempo&Dinheiro desta 2a.feira, 19 de abril/21 com João Batista Olivi
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Previsão do tempo para 19 a 25 de abril nos EUA - Fonte: WeatherTrends360

Idaho/EUA - Fonte: Dan LAkey/Twitter

Frio em abril em Minnesota - Fonte: Tim Dufalut/Twitter

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Milho do centro-sul terá mais uma semana de tempo seco; chuvas nos portos preocupam

SÃO PAULO (Reuters) - Grande parte das áreas produtoras de milho do centro-sul do Brasil, onde está concentrada a segunda safra do cereal do país, voltará a enfrentar tempo seco esta semana, com as chuvas restringindo-se às regiões litorâneas, o que pode interromper embarques de soja momentaneamente, apontaram especialistas nesta segunda-feira.

Por outro lado, a maior parte das áreas produtoras seguirá seca, após "pouquíssimas" precipitações registradas no final de semana em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e algumas regiões de Mato Grosso e Goiás.

Em nota nesta segunda-feira, a consultoria AgRural comentou que estiagem e as temperaturas elevadas na última semana aumentaram as preocupações em torno da segunda safra de milho, "especialmente em Mato Grosso do Sul, no Paraná e em São Paulo, onde o tempo está mais seco desde o fim de março".

Segundo a AgRural, em Goiás e Minas Gerais as pancadas vistas na primeira semana de abril não se repetiram na semana passada, "acendendo o sinal amarelo nos dois Estados".

"Mato Grosso é o Estado onde tem mais chovido, mas as precipitações têm chegado de forma irregular e há pontos onde a falta de umidade também preocupa", disse a AgRural.

A AgRural estima a segunda safra de milho em 80,1 milhões de toneladas para o cultivo recém-semeado.

As chuvas estão previstas para voltar ao final da semana.

De acordo com dados da Refinitiv, isso deixará os acumulados na maior parte de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul acima da média para o período de 19 a 25 de abril, mas áreas de São Paulo, Minas Gerais e Estados do Sul ainda terão precipitações abaixo da média.

Em relatório, a AgRural notou um "salto" na colheita de soja do Rio Grande do Sul, impulsionada pelo tempo seco, o que colaborou para elevar a área já colhida para 91% do total no país, contra 85% uma semana antes e 92% no mesmo período do ano passado.

"Com a colheita encerrada ou restrita aos últimos talhões na maioria dos Estados, os trabalhos agora se concentram no Rio Grande do Sul, que teve forte avanço na semana passada, para 67%, devido ao tempo seco", disse a consultoria.

A AgRural estima a produção de soja do Brasil na safra 2020/21 em 133 milhões de toneladas.

Brasil mantém exportação de soja perto de 1 mi t ao dia até 3ª semana de abril

SÃO PAULO (Reuters) - A média diária de exportação de soja do Brasil alcançou 965,1 mil toneladas até a terceira semana de abril, ante o ritmo de embarques de 742,7 mil ao dia registrado no mesmo mês de 2020, mostraram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.

Até a semana passada, o maior produtor e exportador global da oleaginosa já embarcava 964 mil toneladas ao dia, conforme dados do governo.

O avanço ocorre em momento em que os principais Estados produtores já encerraram a colheita da safra 2020/21, o que eleva a oferta do grão disponível para embarque. Há também firme demanda no mercado externo e câmbio favorável.

Com isso, o Brasil já exportou 10,61 milhões de toneladas de soja no acumulado de abril até a terceira semana, ante o total de 14,85 milhões de toneladas enviado ao exterior no mesmo mês de 2020.

Entre os demais destaques, a média de embarques de açúcar chegou a 122 mil toneladas ao dia, ante 75,7 mil toneladas diárias em abril do ano passado, mostraram os dados da Secex. No algodão, a média diária mais que dobrou ao passar de 4,5 mil toneladas em abril de 2020 para os atuais 9,46 mil.

Povo que vota em Lula merece sofrer, diz Bolsonaro

BRASÍLIA (Reuters) - Ao criticar a possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2022, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que quem votar no petista "merece sofrer".

Perguntado por um apoiador se a decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a anulação das condenações do ex-presidente pelo então juiz Sérgio Moro, não seriam "crime de lesa-pátria", Bolsonaro lembrou que a decisão do pleno da corte foi de 8 votos a 3 a favor de Lula.

"Você interprete como quiser (a decisão). Agora, um povo que porventura vote em um cara desses é um povo que merece sofrer", disse. "Igual umas prefeituras que ano passado os caras deitaram e rolaram no lockdown. E reelegeram o cara. Querem o quê?"

Lula ainda não se apresentou oficialmente como candidato, mas não descartou uma candidatura e tem articulado com vários partidos, não só na esquerda, uma candidatura que se oponha a Bolsonaro.

As últimas pesquisas mostram que o ex-presidente venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno, o que tem levado Bolsonaro a atacar Lula com mais frequência e a começar articulações para sua candidatura em 2022, apesar de ainda não estar filiado a um partido.

O presidente foi mais uma vez perguntado sobre o Aliança pelo Brasil, partido que lançou no final de 2019, depois de deixar o PSL, mas que não conseguiu fazer decolar.

"Muito pequena a chance de sair (o Aliança). Já estou atrasado, já, não tenho outro partido, espero que esse mês eu resolva", disse.

Bolsonaro já havia afirmado que se não conseguisse registrar o novo partido até março, iria procurar outra sigla. Na verdade, desde 2020 a ideia de lançar de fato o Aliança já tinha sido praticamente abandonada, depois do fracasso na coleta de assinaturas e brigas internas que desmobilizaram o processo.

O presidente disse ainda que não tem o que fazer para mudar o processo eleitoral e as pessoas que precisam aprender. Afirmou esperar que o que chama de "voto auditável" --Bolsonaro e seus aliados defendem a impressão de um comprovante do voto-- ajude a mudar as eleições daqui para frente.

"Alguns querem que de um cavalo de pau no Brasil. Não dá para dar cavalo de pau", disse. "O povão vai aprendendo devagar, vai mudar isso daí (eleições). Para eu resolver só se eu impusesse uma ditadura, a gente não vai fazer isso."

Críticas ao Orçamento são injustas e oportunistas, diz Lira, que cobra do governo soluções

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou nesta segunda-feira que as críticas ao Orçamento aprovado pelo Congresso são injustas e cobrou do governo que ofereça sugestões para a sanção do texto sem desrespeitar os acordos fechados durante a votação ou as regras fiscais.

A sanção do Orçamento, que precisa ocorrer até quinta-feira desta semana, expôs um impasse entre o Congresso, a ala política e a equipe econômica do governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem repetindo que busca uma alternativa que atenda a requisitos políticos e também jurídicos´.

"Agora depois de aprovado com amplo acordo que incluiu o governo, as críticas são injustas e oportunistas, cabendo ao governo propor soluções que atendam às demandas acordadas durante a votação, respeitando todos os limites legais e o teto de gastos", publicou Lira no Twitter nesta segunda-feira.

Parlamentares, incluindo o relator-geral da proposta, senador Marcio Bittar (MDB-AC), argumentam que o governo e sua equipe econômica participaram de toda a negociação para a construção do texto aprovado pelo Legislativo. Lembram, ainda, de acordo chancelado em plenário pelo líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), que possibilitou a votação do texto.

"O Orçamento desse ano só foi aprovado depois da eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, justamente pelas dificuldades criadas pela gestão do meu antecessor e os seus compromissos políticos", postou o deputado na rede social.

No fim de semana, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou em entrevista ao Estado de S.Paulo que o Orçamento está "falido" e não deveria ser sancionado.

Na última semana, Lira negou, também via Twitter, reportagem do jornal segundo a qual o presidente Jair Bolsonaro estaria sendo aconselhado a sair do país, assim como o vice-presidente Hamilton Mourão, deixando a responsabilidade pela sanção do Orçamento de 2021 --e por eventuais problemas-- nas mãos do deputado.

O Orçamento foi aprovado com uma reestimativa de 26,5 bilhões de reais para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares, o que, segundo o Tesouro, cria o risco de "paralisação das atividades essenciais do Estado".

Guedes já mencionou que um veto integral poderia garantir blindagem jurídica ao governo, mas seria um movimento difícil em termos políticos. A Economia passou, então, a considerar a possibilidade de cortes de emendas parlamentares, mas houve acordos celebrados e há impasses jurídicos a serem dissolvidos.

General Luna, novo CEO da Petrobras diz que respeitar paridade de preços; ações disparam

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Joaquim Silva e Luna, o novo presidente da Petrobras, buscará reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis sem "desrespeitar" a paridade de importação, disse o executivo nesta segunda-feira, em sua cerimônia de posse, fazendo disparar as ações da companhia.

A afirmação, vem após o presidente anterior da estatal, Roberto Castello Branco, ter sido substituído em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro por uma alta expressiva dos preços de diesel e gasolina no Brasil, que refletiam avanço das cotações no exterior.

Em um discurso de pouco mais de 15 minutos, no qual ressaltou que "deve chegar ouvindo mais e falando menos", o general da reserva defendeu que é preciso conciliar "interesses de consumidores e acionistas".

Na sequência, ele disse que buscará "reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional, perseguindo a redução da dívida, investindo em pesquisa e desenvolvimento e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional".

Embora os comentários de Luna sobre preços de combustíveis não tenham sido inteiramente novos, as ações preferenciais da empresa ampliaram a alta durante o discurso, e eram negociadas com ganhos de cerca de 6%, por volta das 14h30.

O analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, afirmou que o tom conciliatório e parcimonioso adotado por Luna é benigno.

No entanto, ressaltou que "a aplicação de transformações no dinamismo de preços e a manutenção da paridade tendem a apresentar antagonismo e requerirão do novo CEO decisões que, corretamente, serão tomadas após o mesmo se ambientar na presidência da companhia".

"Uma vez que a mudança no comando da petrolífera fora motivada pela insatisfação do governo com a política atual de preços, acreditamos que uma definição sobre os rumos da nova abordagem quanto a política de preços será o primeiro e principal desafio da nova gestão", afirmou.

ÁGUAS PROFUNDAS

Luna também apontou para uma continuidade em relação ao que pregava a administração anterior, dizendo que a Petrobras deve "crescer sustentada em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultra profundas, buscando incessantemente custos baixos de eficiência".

Castello Branco vinha realizando um ambicioso plano de venda de ativos, para focar na produção de óleo e gás natural, no pré-sal, em áreas com alto rendimento.

"Não há dúvidas de que os principais desafios, entre tantos outros, são fazer a Petrobras cada vez mais forte, trabalhando com visão de futuro", disse Luna, na cerimônia que foi transmitida pela internet, seguindo protocolos para evitar o contágio do novo coronavírus.

Luna não fez comentários explícitos, no entanto, sobre o plano em curso para a venda de dezenas de ativos da empresa.

Presente do evento, o ministro de Minas e Energia, o almirante da reserva Bento Albuquerque, afirmou em seu discurso que as vendas de ativos da Petrobras têm sido um "sucesso" e são importantes também para promover a competição no setor.

DIFERENTES INTERESSES

Além de acenar para o mercado e para consumidores, Luna também se direcionou ao quadro de pessoal da empresa, qualificando-o como "comprometido, engajado, vibrante, profissional" e ressaltou a escolha dos quatro novos diretores, que acumulam décadas de experiência na petroleira.

"O que se quer do novo presidente da Petrobras, imagino, é o novo que se espera que ele produza, em equipe, alinhado com a missão da empresa, liderando um time capaz de vencer desafios, nessa complexa conjuntura, entregando resultados", afirmou.

Mercado estima crescimento do PIB de 3,04% e inflação aos 4,92% em 2021 (no Poder360)

Projeções constam no Boletim Focus; Perspectiva para Selic: 5,25% 

O mercado derrubou, pela 7ª vez consecutiva, a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2021. A estimativa de crescimento passou de 3,08% para 3,04% neste ano. As perspectivas foram divulgadas nesta 2ª feira (19.abr.2021) no Boletim Focus, do BC (Banco Central). Eis a íntegra (275 KB).

Os operadores elevaram as estimativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): de 4,85% para 4,92%. O percentual está acima da meta de inflação deste ano, de 3,75%, mas dentro do intervalo de tolerância –de 2,25% a 5,25%.

De acordo com o relatório, o mercado manteve as projeções para a Selic (de 2021 e 2022). Para 2021, os juros esperados são de 5,25% ao ano –o que é 2,5 pontos percentuais acima do patamar atual. Em 2022, deverá ficar em 6% ao ano.

A estimativa para o dólar de 2021 subiu de R$ 5,37 para R$ 5,40.

IGP-M diminui alta de 1,17% na 2ª prévia de abril com recuo dos preços no atacado, diz FGV

SÃO PAULO (Reuters) - A alta dos preços ao produtor desacelerou e o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) passou a subir 1,17% na segunda prévia de abril, contra 2,98% no mesmo período do mês anterior, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com esse resultado a taxa acumulada em 12 meses passou a 31,57%, de 31,15% antes.

No período, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral, desacelerou a alta a 1,28%, de 3,72% na segunda prévia de março.

O destaque nesse resultado foi o grupo Matérias-Primas Brutas, que passou a subir 0,16% no período, ante alta de 3,89% no segundo decêndio do mês anterior.

"Sem novas pressões cambiais e maior estabilidade dos preços de commodities em dólar, o índice ao produtor registrou discreta variação entre as matérias-primas brutas", disse em nota André Braz, coordenador dos índices de preços. "Este comportamento favorece a desaceleração das pressões inflacionárias ao longo da cadeia produtiva fazendo recuar as variações de bens intermediários (5,04% para 2,89%) e bens finais (2,05% para 0,97%)."

No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, passou a subir 0,65% na segunda prévia de abril, de 0,89% no mesmo período de março.

O grupo Transportes, afetado pelo arrefecimento da gasolina, desacelerou sua alta de 3,52% para 2,13% na segunda leitura de abril.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, passou a registrar alta de 1,30% na segunda prévia de abril de avanço de 1,31% antes.

O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis.

A segunda prévia do IGP-M calculou as variações de preços no período entre os dias 21 do mês anterior e 10 do mês de referência.

Veja abaixo a variação dos grupos (em %):

2ª prévia de 2ª prévia de

março abril

IGP-M +2,98 +1,17

IPA +3,72 +1,28

Minerva conclui captação de R$ 1,6 bi com debêntures 

SÃO PAULO (Reuters) - A Minerva concluiu com sucesso a oferta de sua 10ª emissão de debêntures, que envolveu total de 1,6 bilhão de reais, de acordo com comunicado nesta segunda-feira.

A operação envolveu uma série com vencimento em 7 anos no valor de 1,2 bilhão de reais, com remuneração de 5,5034% ao ano, atualizado pelo IPCA, e segunda série de 400 milhões de reais e vencimento em 10 anos, com remuneração de 5,5780% ao ano atualizado pelo IPCA.

A companhia acrescentou no comunicado que optou por fazer swap do indexador, e assim o custo final do instrumento será de aproximadamente 128% do CDI para ambas as séries.

Os recursos serão utilizados para reforço da estrutura de capital da companhia, "com foco na redução de dívidas em moeda estrangeira que apresentarem custo mais elevado", disse a Minerva.

JBS volta às compras e adquire empresa de 'plant-based' na Europa por 341 mi de euros

SÃO PAULO (Reuters) - A JBS, maior produtora de carnes do mundo, voltou às compras, mas dessa vez para adquirir uma companhia de proteínas vegetais, a europeia Vivera, por 341 milhões de euros, de olho no forte crescimento do mercado vegetariano, conforme fato relevante divulgado nesta segunda-feira.

Com um portfólio de 50 produtos, a Vivera tem três unidades fabris na Holanda, além de um centro de pesquisa e desenvolvimento no mesmo país, para atender um segmento que cresce cerca de 20% ao ano na Europa, especialmente entre holandeses, alemães e ingleses, que respondem por 60% do mercado de "plant-based" europeu.

As ações da JBS subiam mais de 4% na tarde desta segunda-feira, com analistas citando que o mercado de produtos vegetarianos é de maior valor agregado. Eles disseram ainda que a transação da Vivera colabora para a empresa diversificar sua atuação, ao mesmo tempo em que aponta que a companhia está de volta às aquisições.

Segundo o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, a Vivera dará "musculatura" em "plant-based" para a companhia, que ainda tem um negócio relativamente pequeno nesse segmento. Conta com a empresa Planterra, nos EUA, que comercializa a marca OZO, além da linha Incrível, da brasileira Seara, que detém liderança nacional em hambúrgueres vegetais.

"É um segmento que cresce globalmente... Seremos um 'player' relevante nesse setor, a aquisição faz sentido estratégico, acelera muito a nossa estratégia no segmento de 'plant-based'", disse Tomazoni à Reuters.

"O segmento de 'plant-based' na JBS é pequeno, mas o importante é que ele tem altas taxas de crescimento", acrescentou o CEO, sem citar números.

Enquanto a Vivera fatura cerca de 100 milhões de dólares ao ano, configurando-se na terceira maior empresa de "plant-based" da Europa, disse o CEO, a receita líquida consolidada da JBS foi de 270 bilhões de reais em 2020, com a maior parte sendo originária do Hemisfério Norte.

"É importante... a Vivera está em 25 países na Europa", destacou Tomazoni, salientando que a JBS também está comprando a tecnologia da companhia europeia, que poderá ser compartilhada com o grupo no futuro, após a aprovação do negócio pelas autoridades reguladoras.

O negócio anunciado pela JBS nesta segunda-feira vai na linha de movimento de seus concorrentes, que também buscam tirar proveito do crescimento do mercado de produtos vegetarianos.

Em maio do ano passado, a Marfrig Global Foods anunciou a criação da joint venture PlantPlus Foods com a ADM para fabricação e venda de carne e outros produtos com base vegetal nas Américas do Sul e do Norte.

A BRF, outra competidora da JBS, também têm uma linha de produtos vegetarianos, incluindo hambúrger e nuggets vegetais.

O executivo da JBS disse ainda que a Vivera tem crescido nos últimos anos entre 25% a 30% ao ano, também graças a um time de administração competente.

"Além do tamanho do negócio, contou muito para nós a qualidade do time de gestão, um time com muita experiência, passagem por grandes empresas, e que fez um trabalho extraordinário de reposicionamento e crescimento da marca Vivera nos últimos anos", destacou.

Ele ressaltou que produtos como os da Vivera, que têm entre as principais matérias-primas as proteínas de soja e de ervilha, além de cogumelos e beterraba, contam com uma "aceitação grande junto a uma nova geração de consumidores" e também deverão ajudar o mundo a alimentar sua população crescente.

A JBS disse em comunicado que, para fomentar "o espírito empreendedor" da Vivera, vai manter a empresa como uma unidade de negócios autônoma, mantendo sua atual liderança.

"Juntar forças com a JBS nos dá acesso a recursos significativos e capacidades para acelerar nossa atual trajetória de forte crescimento", disse o CEO da Vivera, Willem van Weede, conforme nota da JBS.

SENTIDO ESTRATÉGICO

A última aquisição de peso da JBS envolveu a norte-americana Empire Packing, por 238 milhões de dólares, confirmou Tomazoni ao ser questionado sobre a compra da companhia que tem a marca Ledbetter, de cortes de bovinos, suínos e produtos processados, anunciada em fevereiro do ano passado.

Relatório do BTG Pactual destacou que a JBS "está de volta ao modo de M&A", tendo anunciando seis aquisições nos últimos dois anos, das quais cinco envolvem produtos de valor agregado.

Antes da Empire Packing, a companhia havia divulgado a aquisição dos negócios de margarina da Bunge, em 2019, lembrou o banco de investimento.

"O negócio (da Vivera) também pode reforçar o que esperar dessa nova rodada de crescimento de inorgânico da JBS", disseram os analistas do BTG Thiago Duarte e Henrique Brustolin, lembrando que preocupações com o balanço patrimonial para tais movimentos já foram resolvidas.

O analista do Bradesco BBI Leandro Fontanesi também avaliou a transação como positiva, dizendo que ela "parece alinhada com a estratégia da empresa de aumentar sua exposição a produtos de valor agregado", além de fazer sentido, considerando a "tendência mundial de aumento da penetração dos produtos de 'plant-based' nas cestas de consumo".

Segundo o CEO da JBS, a empresa está sempre em busca de oportunidades.

"Temos olhar muito ativo no mercado M&As, mas tem que fazer sentido estratégico e estar no preço certo", comentou ele, ecoando a lógica da aquisição da Vivera.

Questionado, ele repetiu que a listagem de unidade da JBS nos Estados Unidos deverá ocorrer e que é apenas uma questão de "quando", e não "se".

Mas evitou dar detalhes. "Vai sair... Estamos avaliando qual é o melhor modelo que traga maior valor ao acionista."

Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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