Manifestação verde-amarela volta às ruas contra os que usam o pavor da Covid para afundar o País

Publicado em 15/03/2021 16:15
Edição desta segunda-feira, 15 de março/2021, com João Batista Olivi
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Bolsonaro volta a criticar lockdown e insinua medidas para evitar restrições

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar nesta segunda-feira as políticas de restrição de circulação e insinuou a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, que está estudando medidas para resolver a situação.

"Podem ter certeza que tudo que for legal fazer, eu farei. Brevemente teremos as consequências do que está acontecendo, fiquem tranquilos", disse Bolsonaro ao grupo, que participou na segunda de uma carreata a favor do presidente e contra as medidas de fechamento de serviços em Brasília.

Há duas semanas, em uma viagem, Bolsonaro chegou a dizer que iria agir para que pudesse ter seu "poder" de volta. Nesta segunda, ao responder a um apoiador que reclamava das restrições em Brasília, o presidente afirmou que se colocava no lugar da pessoa, que é comerciante, e repetiu:

"Eu estou fazendo minha parte. Fique tranquilo, a gente vai chegar a um bom termo sobre isso."

Bolsonaro disse ainda que não é ele quem está com essa "política excessiva de fique em casa".

SP inicia fase mais restritiva com aumento de 28% em média de mortos e 88,4% de ocupação nas UTIs

SÃO PAULO (Reuters) - O Estado de São Paulo iniciou nesta segunda-feira a fase mais restritiva já adotada na pandemia de Covid-19 diante de indicadores que apontam para um agravamento da doença, com um aumento de 28,2% na média diária de mortes na semana epidemiológica passada em relação a anterior e 88,4% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) ocupados.

Somente na região metropolitana da capital paulista, a ocupação das UTIs chegou a 90%, segundo dados apresentados em coletiva de imprensa pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, que também apontou para elevação no número de casos de Covid e de pessoas internadas.

"Temos em novos casos uma elevação importante de 24,2%. Os óbitos, de forma dramática, bateram os recordes que nós já tínhamos apresentado na semana anterior, com um aumento de 28,2%. E o número de internações que já nos deixava alarmados na semana passada ainda teve comparativamente nas semanas epidemiológicas um aumento de quase 20% de novas internações, no índice de 19,8%", disse Gorinchteyn na coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Nesta semana começou a valer o que o governo paulista chama de Fase Emergencial da quarentena no Estado, em que ficam suspensos cultos religiosos e atividades esportivas coletivas --como campeonatos de futebol-- além do fechamento de estabelecimentos que podiam funcionar na Fase Vermelha, como lojas de material de construção.

Também foi adotada uma restrição de circulação entre 20h e 5h que, no entanto, não será uma proibição, mas uma restrição.

Segundo dados da Secretaria de Saúde paulista, São Paulo tem 2.208.242 casos confirmados de Covid-19 e 64.223 pessoas morreram da doença no Estado.

    

Recrudescimento da pandemia freou recuperação, mas país está em melhor condição para retomada, diz Economia

BRASÍLIA (Reuters) - O aumento do crédito e da taxa de poupança ocorrido durante a crise gerada pela pandemia da Covid-19, aliado ao fato de o ajuste do mercado de trabalho no período ter se dado principalmente no mercado informal, dá ao Brasil agora melhores condições de recuperação do que as verificadas em outras crises recentes, destacou a Secretaria de Política Econômica nesta segunda-feira.

Ainda assim, a SPE ressaltou em texto divulgado à imprensa que o recrudescimento da pandemia representou um freio à retomada econômica verificada no segundo semestre do ano passado, e que a crise atual só será superada totalmente com a vacinação em massa.

"As próprias fontes da crise...têm em sua origem a própria doença, de forma que só serão sanadas de forma definitiva com a vacinação em massa da população, em especial a dos mais vulneráveis à doença", disse a SPE em nota.

Segundo destacou a secretaria do Ministério da Economia, ao contrário do que foi visto na crises de 2009 e de 2015-2016, a taxa de poupança cresceu no ano passado, chegando ao maior nível em cinco anos (15% do PIB), impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial e às restrições ao consumo impostas pela pandemia.

Já o crédito foi alavancado por iniciativas de expansão da liquidez, provisão de garantias e programas do governo, e também apresentou alta robusta no ano passado.

Para a SPE, o fato de a queda do emprego ter se dado principalmente no mercado informal, enquanto as vagas formais foram em boa medida protegidas por programa do governo que autorizou a suspensão de contratos e redução de salários e jornadas, é outra vantagem frente a outras crises.

"A preservação de postos formais significou preservação de empregos mais produtivos e de melhor qualidade –e, portanto, de capacidade potencial de produção, que poderá significar uma retomada mais forte", disse a SPE. "E, dada a maior flexibilidade do setor informal, a retomada dos empregos nesse setor também deverá ocorrer mais rapidamente."

A secretaria divulgará na terça-feira uma atualização das suas projeções para o Produto Interno Bruto e a inflação. As estimativas mais recentes da secretaria, divulgadas em novembro, apontam para um crescimento de 3,2% este ano, com IPCA de 3,23%.

Atividade econômica do Brasil cresce acima do esperado em janeiro, mas enfrenta piora da pandemia

SÃO PAULO (Reuters) - A economia do Brasil iniciou 2021 com ganhos bem acima do esperado em janeiro, mostraram dados do Banco Central nesta segunda-feira, mas deve enfrentar novos desafios conforme o país vive o pior momento da pandemia de Covid-19.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 1,04% em janeiro na comparação com o mês anterior, de acordo com dado dessazonalizado.

O resultado foi o nono seguido no azul e ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,40% no mês. Também mostrou um ritmo mais forte da economia depois de perda de força ao longo do último trimestre do ano passado -- em dezembro, o IBC-Br subiu 0,7%, em dado revisado pelo BC de alta de 0,64% informada antes.

Janeiro representou o ritmo de expansão mais forte desde setembro, porém a divulgação do dado acontece no momento em que o país passa por seu pior momento na epidemia, com contaminações e óbitos em alta e sistemas de saúde sobrecarregados, bem como a imposição de restrições mais rígidas de isolamento em vários Estados.

Na comparação com janeiro de 2020, o IBC-Br registrou queda de 0,46% e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 4,04%, segundo números observados.

A economia brasileira registrou em 2020 a maior contração em 24 anos, uma queda de 4,1%, sob o impacto das medidas de contenção ao coronavírus.

O ano de 2021 começou de forma distinta entre os setores econômicos. A indústria brasileira teve alta da produção pelo nono mês seguido, de 0,4%, mas em desaceleração e sofrendo o impacto do agravamento da pandemia no Amazonas.

O volume de serviços no Brasil voltou a subir em janeiro e acima do esperado, com ganho de 0,6% em relação a dezembro, mas as vendas varejistas apresentaram perdas de 0,2% no mês em meio ao fim do auxílio emergencial.

Embora o ano tenha começado com pontos positivos, o país enfrenta agora um pano de fundo de incertezas que vão além da piora da pandemia em meio à lentidão da vacinação.

"O índice surpreendeu positivamente, principalmente, após leituras fracas dos índices de varejo, serviços e indústria do IBGE para o mês nos últimos dias. Ainda que o resultado tenha vindo acima das expectativas, esperamos um arrefecimento da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021", disse em nota Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital modalmais, calculando queda de 0,7% do PIB nos três primeiros meses do ano.

O BC se reúne nesta semana para decidir sobre a taxa básica de juros, com expectativas de aumento da mínima histórica de 2,0%. A renovação do auxílio emergencial ainda não saiu e o cenário fiscal continua preocupando, em meio à deterioração do quadro inflacionário e ao desemprego ainda elevado.

A pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira mostra que o mercado espera crescimento de 3,23% do PIB em 2021, indo a 2,39% em 2022, em cenários mais fracos do que os esperados no levantamento anterior.

Congresso promulga PEC Emergencial e abre caminho para auxílio a vulneráveis

BRASÍLIA (Reuters) - O Congresso Nacional promulgou nesta segunda-feira a PEC Emergencial, que além de trazer gatilhos para contenção de despesas em caso de crise fiscal, abre caminho para a concessão de auxílio financeiro aos vulneráveis atingidos pela pandemia de Covid-19 sob um limite total de 44 bilhões de reais.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) teve sua tramitação concluída na última semana. O Executivo sinalizou que aguardava a aprovação da matéria para a edição de medida definindo os detalhes do auxílio, que deve ter valor médio de 250 reais, por quatro meses.

Presidente do BC britânico afirma estar mais otimista com a economia

LONDRES (Reuters) - O presidente do banco central britânico, Andrew Bailey, afirmou estar mais otimista sobre a economia, "com uma ampla dose de cautela", e que o recente aumento dos juros nos mercados financeiros é consistente com as perspectivas de recuperação das perdas provocadas pela Covid-19.

"Temos visto algum aumento nos juros ao longo do último mês, assim como outros países. Minha avaliação até agora é de que isso é consistente, acho, com a mudança no cenário econômico", disse Bailey à rádio BBC nesta segunda-feira.

As declarações de Bailey contrastam com a mensagem do Banco Central Europeu. O BCE disse na semana passada que vai acelerar a impressão de dinheiro para conter os custos de empréstimos da zona do euro, que podem prejudicar a recuperação.

O Reino Unido saiu na frente com o programa de vacinação mais rápido da Europa, mas Bailey alertou que o efeito Covid-19 é enorme.

O rendimento da dívida de 10 anos do governo britânico era negociado perto de seu nível mais alto desde março. Globalmente os rendimentos de títulos governamentais subiram diante de esperanças de recuperação econômica com a vacinação e o estímulo fiscal de 1,9 trilhão de dólares nos Estados Unidos.

"Estou agora mais positivo mas com uma ampla dose de cautela", disse Bailey à BBC.

Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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