Paulo Nicola volta ao NA para avisar: "agora não é hora de comprar o adubo, nem de fazer o barter"
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Entrevista com Paulo Roberto Nicola - Empresário e Produtor Rural de Santiago/RS, Lucre sempre com a soja
Com o desenrolar da safra verão 2021, o momento atual é de entrega da colheita e aquisição de insumos para a safra vindoura (2022). Neste instante, o mercado convive com nova prática de mercado, que é a "paridade da saca da soja com o preço dos fertilizantes". Contra essa "onda mercadológica", o produtor Paulo Nicola, referencia em administração rural, se interpõe para dizer que "os preços dos adubos estão fora da realidade".
-- Estão tentando impor uma nova ordem, que é a paridade com o valor da saca de soja. Antes, os comerciantes sempre faziam a paridade com o dólar, visto que a totalidade dos insumos são dolarizados. Agora, porém, com a valorização inédita no preço da soja, os fabricantes de insumos tentam impor essa nova regra, que é a paridade com a saca, o que significa um verdadeiro abuso", ressalta ele.
Paulo Nicola faz as contas, e diz:
-- "O preço do fósforo (MAP) está 52% acima dos preços praticados no ano passado: e o do cloreto (KCL) 22% acima da safra de 2020".
Ele demonstra:
-- "Em 13 de maio/2020, o fósforo estava valendo R$ 1.820,00; hoje, o mesmo produto é cotado a R$ 2.970,00, um incrível acrescimo de 44%!... Já o dólar, que na época valia R$ 5,88; hoje fechou a R$ 5,37.uma diferença de 8,61% a menos. Somando-se os dois componentes, chegamos a uma inaceitável majoração de 52% sobre os preços do ano passado".
Paulo Nicola compara também os preços dos cloretos:
-- "No dia 20 de abril, esse insumo valia R$ 1.674,00; hoje é cotado a R$ 1.770,00; aumento de 22%. Já o dólar valia nesse dia R$ 5,41, 1,5% a menos que a cotação atual. Somando-se os dois valores, chega-se a um aumento geral no cloreto de 23%".
-- "A conclusão óbvia - alerta Pauo Nicola - é adiar as compras desses dois insumos, e aguardar um melhor momento de recuo dos preços. O mesmo se dá com as compras de outros insumos através do "barter". Agora não é hora de fazer isso, os preços estão fora da realidade".
Em contra-partida, o empresário (de Santiago/RS e referencia em administração rural) sugere que o produtor faça pesquisa de preços "pois sempre vai encontrar alguma oportunidade". Como exemplo, cita o calcáro e o enxofre "que estão nesse momento num patamar bem razoavel".
FAÇAM AS CONTAS
Sua entrevista ao NA, após vários meses ausente do contato com os produtores (quando fazia recomendações semanais sobre a administração das popriedades), acontece devido à essa nova prática de mercado -- a paridade:
--"Eu até me divirto com os jovens comerciantes que me dizem, "compre agora, e rápido, pois os preços vão subir"; aí eles vem com a conversa da paridade adubo/saca de soja. Em resposta, mostro minha planilha de custos, e a conversa pára por aí".
Paulo Nicola mostra-se inconformado com a tentativa de se impor a paridade com base no valor da saca de soja:
-- "Ora, o que as industrias querem é se apropriar do nosso lucro; o valor da soja (que subiu de R$ 80 para R$ 160,00, em média), esse lucro é do produtor, e não do fornecedor. O que desejam é transferir o lucro bruto consegido pelos agricultores, e Isso é inaceitável".
Mas como fazer? -- "Simples, responde ele, "adie suas compras, que os preços baixarão...".
Algumas dicas:
1.o) o fundamental de tudo é anotar e comparar ("o administrador competente é aquele que trabalha com uma planilha de custos e preços de venda; sem ela, não há como ter referencias);
2.o) Use o lucro atual da soja para investir na atividade ("nada de comprar campo, novas áreas; agora é hora de usar a diferença para "engordar" o solo");
3.o) Segure a liquidez para, no momento de baixa, aí sim fazer suas compras com preços mais favoráveis.
-- "Acreditem - completa ele - o mercado vai reagir e se ajustar".
Paulo Nicola, com base nas análises de solo, pretende, desta vez, usar o minmo possivel de fertilizantes no solo, pois conta com os resultados positivos da prática da agricultura de precisão:
-- "Os agronomos dizem: seo Paulo, a terra está gorda, bem adubada nos ultimos 3 anos; e é verdade, as análises mostram isso; então posso adiar a adubação... o mesmo acontece com o barter de defensivos. Só estou adquirindo aquelo que está mais em conta".
Por fim, o argumento mais racional:
-- "Com base nos dados e nos preços atuais, percebo que o custo da lavoura subiu de 38 sacas/hectare (média/2020) para 44/45 sacas (safra 2021/2022). Então, não há o que discutir -- vou vender agora, comprar depois".
(Acompanhe a entrevista no vídeo acima).