Biden ainda não detalhou sua política agrícola, mas foco permanece na demanda global forte por alimentos, diz consultor
Podcast
Entrevista com Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing sobre Joe Biden no agro
Toma posse nesta quarta-feira (20), o novo presidente dos EUA, Joe Biden, e o democrata chega trazendo muita incerteza ao agronegócio norte-americano e mundial. Durante toda sua campanhe e depois de eleito, Biden pouco detalhou suas estratégias para o setor e quais rumos serão determinados para a política agrícola no país. Afinal, Donald Trump deixa o cargo depois de quatro anos intensos nas relações com os produtores norte-americanos, marcados, principalmente, pela guerra comercial com a China e pelos subsídios oferecidos pelo governo de forma a mitigar os impactos da disputa.
"Realmente é uma incógnita. Há duas óticas nisso, uma delas é falar destes detalhes da gestão de política interna nos EUA e a outra é sobre as questões comerciais internacionais. Não acredito que vá mexer nas vitórias comerciais conquistadas, pelo menos sem nenhuma outra vantagem política. E para os democratas, um dos grandes objetivos pe ganhar o voto rural. Então, há motivo para pensar que o governo Biden poderia vir a defender e fazer mais pela classe rural para garantir estes votos", explica o consultor de mercado da Roach Ag Marketing, Aaron Edwards.
O especialista relata ainda que, com os fortes e recentes ganhos, principalmente entre os preços dos grãos, os produtores norte-americanos conseguiram se recuperar de parte dos últimos problemas que vinham sofrendo nos últimos anos, e estar melhor estruturado para começar a nova safra, que tem início nos próximos meses. "Ele está feliz com a fazenda hoje, mas não tão feliz com o governo", diz.
Sobre as relações com a China, Edwards acredita que a retórica e a estratégia de Biden será diferente das utilizadas por Trump, mas sem deixar que os ganhos garantidos por seu antecessor se percam. "Qualquer tipo de posição de força conquistada, eu espero que Joe Biden use isso ou para mantê-la ou para negociar uma outra posição. Não tenho nenhum motivo para acreditar que vá mudar, mas isso ainda não foi comentado".
Sobre a equipe que vai liderar a pasta da agricultura nos EUA também ainda está no campo da especulação e, também na análise do consultor, devem ser escolhidos representantes que formem um time bastante técnico, centrado, sem causar grande reações políticas.