Dólar pode descer a R$ 4,50; pecuária brasileira se vê em apuros...e quem fez "barter" com dólar alto?!
Abate de bovinos no Brasil é o menor desde 2016 para o 3º tri
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de carne do Brasil abateu 7,69 milhões de cabeças de bovinos no terceiro trimestre, queda de 9,5% ante 2019 e o menor resultado para o período desde 2016, segundo o IBGE, em ano em que o setor lida com preços recordes da arroba, que levaram muitos produtores a reterem fêmeas para a produção de bezerros, também bastante valorizados.
Em relação ao segundo trimestre, houve uma alta de 4,6% impulsionada por maiores abates de bois e novilhos nessa comparação, conforme números divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que considera atividades realizadas sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária.
O abate de vacas caiu 19,6% ante o terceiro trimestre de 2019, para 1,85 milhão de cabeças, o que significou também redução de 10,1% ante o segundo trimestre.
"Na comparação mensal, agosto apresentou a maior queda em relação à 2019, com menos 12,4% de cabeças (de bovinos) abatidas. A restrição da oferta de animais para abate, principalmente de fêmeas, segue desde o início de 2020", disse o IBGE em nota.
Em outubro, o IBGE havia informado que o maior exportador global de carne bovina havia aumentado o rebanho pela primeira vez em três anos em 2019, com pecuaristas retendo fêmeas.
Apesar da retração da atividade de abates na comparação anual, nos meses de julho e agosto houve recordes para a exportação de carne bovina in natura, principalmente para a China, o que colaborou para um aumento da arroba bovina, que se aproximou de 300 reais em novembro, antes de recuar para patamares de cerca de 265 reais atualmente, com um dólar se enfraquecendo ante o real.
No terceiro trimestre, 22 das 27 unidades da federação reduziram os abates. Entre aquelas com participação acima de 1%, as reduções mais significativas ocorreram em Mato Grosso (-116,44 mil cabeças), Minas Gerais (-95,79 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (-89,00 mil cabeças), Rondônia (-78,33 mil cabeças), entre outras.
Mato Grosso continua liderando o abate de bovinos, com 18,4% da participação nacional, seguido por Mato Grosso do Sul (11,1%) e São Paulo (10,5%).
SUÍNOS TÊM RECORDE
Os abates de suínos no país somaram 12,71 milhões de cabeças de suínos no terceiro trimestre de 2020, alta de 8,1% em relação ao mesmo período de 2019 e de 4,5% na comparação com o 2° trimestre de 2020.
"Esse resultado é recorde para a série histórica iniciada em 1997, com destaque para os meses de julho e agosto que registraram os maiores níveis da atividade", disse o instituto, citando as exportações históricas neste ano, também guiadas pela demanda chinesa.
"Os meses mais frios do ano geralmente coincidem com o aumento do abate dessa espécie, impulsionado pelo aumento do consumo interno. Além disso, o desempenho recorde das exportações de carne suína no período também contribuiu com o resultado do setor", afirmou.
Santa Catarina continuou liderando o abate de suínos, com 29,3% da participação nacional, seguido por Paraná (20,4%) e Rio Grande do Sul (16,8%).
No que diz respeito ao frango, a indústria abateu 1,51 bilhão de cabeças, aumento de 2,8% em relação ao mesmo período de 2019 e incremento de 7% na comparação com o 2° trimestre de 2020.
No comparativo mensal foi registrado o melhor mês de julho de toda a série histórica, que começa em 1997.
Dólar tem perda acentuada ante real após sinalização do BC
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda acentuada contra o real na manhã desta quinta-feira, com os agentes do mercado reagindo à mais recente sinalização do Banco Central de que seu compromisso de não subir os juros pode cair em breve, enquanto o anúncio para esta sessão de leilão de swaps tradicionais novos também chamava a atenção.
Às 10:44, o dólar recuava 1,56%, a 5,0932 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro perdia 1,36%, a 5,101 reais.
A moeda norte-americana spot registrou na véspera ganho de 0,87%, a 5,1737 reais na venda.
O Banco Central manteve na quarta-feira a Selic na mínima histórica de 2% ao ano pela terceira vez consecutiva e destacou que, em função do quadro inflacionário, as condições para seu compromisso de não elevar os juros básicos podem em breve não estar mais satisfeitas.
O patamar extremamente baixo da taxa foi um dos motivos para a disparada do dólar frente ao real no ano de 2020, uma vez que a redução do diferencial de juros entre o Brasil e outros países diminuiu a atratividade de rendimentos locais atrelados à Selic, prejudicando a entrada de fluxos.
Apesar de já ter deixado para trás as máximas do ano, o dólar ainda acumula ganho de cerca de 27% contra o real em 2020.
Enquanto isso, disse à Reuters Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, o anúncio pelo BC de leilão de swaps novos, em vez de para rolagem, "deu uma refrescada no mercado", somando-se ao comunicado do Copom.
Diante da expectativa de compra bilionária de dólares na virada do ano, a autarquia já havia sinalizado medidas para aliviar essa pressão.
Conab reduz safra de soja do Brasil 2020/21, mas vê exportação recorde
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil caminha para um recorde de exportação de soja no ano, enquanto a produção na safra 2020/21 deve atingir marca também histórica, de 134,45 milhões de toneladas, projetou nesta quinta-feira a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), embora reduzindo estimativa anterior de 134,95 milhões de toneladas.
A nova previsão para a safra vem em meio a uma forte demanda chinesa por exportações de soja e expectativas de demanda interna também aquecida em razão do aquecimento da economia, do aumento da produção de carnes e da mistura no biodiesel, de acordo com a estatal.
"Para a soja, a Conab estima 83,6 milhões de toneladas em vendas para o mercado externo, sendo que até novembro já foram exportadas 82,9 milhões de toneladas. Confirmado esse número, haverá recorde da série histórica", afirmou, em relatório.
"Para o próximo ano, são esperadas cerca de 85 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 1,67%", acrescentou a estatal.
Com isso, os estoques finais de soja do Brasil deverão ficar em níveis baixos por mais um ano, levando a "preços mais elevados no mercado interno para 2021", ainda de acordo com a análise da Conab.
A estatal disse que a redução na safra do grão prevista para 2020/21 deve-se a "problemas climáticos na Região Sul", apesar de um crescimento de área plantada de 1,6% frente a 2019/20.
A Conab também reduziu a previsão para a safra total de milho 2020/21, agora vista em 102,6 milhões de toneladas, contra 104,9 milhões de toneladas antes.
As exportações de milho do Brasil somam 27,7 milhões de toneladas no atual ano-safra, com queda de 20% frente ao mesmo período da safra anterior, embora com salto nos embarques em novembro.
A Conab manteve previsão de que as exportações alcancem 34,5 milhões de toneladas até o final de janeiro, quando a temporada se encerra.
Já a produção de algodão em pluma do Brasil deve atingir 2,67 milhões de toneladas na temporada, também abaixo dos 2,74 milhões previstos anteriormente.
A Conab disse que as exportações da pluma seguem com tendência recorde e podem atingir marca histórica de 2 milhões de toneladas em 2020.
Para o trigo, a Conab vê uma safra 2021 de 6,18 milhões de toneladas, com redução frente à estimativa do relatório anterior, de 6,35 milhões de toneladas.
No total, o Brasil deverá colher 265,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/21, com alta de 3,5% frente à temporada anterior, de acordo com a estatal.
USDA mantém inalteradas projeções para safras de soja e milho 2020/21 do Brasil
(Reuters) - O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) manteve inalteradas suas estimativas para as safras de soja e milho do Brasil em 2020/21 em relação às projeções do mês passado, indicou relatório de oferta e demanda global publicado pelo órgão nesta quinta-feira.
Segundo o governo norte-americano, a nova safra de soja do Brasil deverá atingir 133 milhões de toneladas, enquanto a produção de milho foi vista em 110 milhões de toneladas.
Em 2019/20, conforme os números do departamento, o Brasil registrou produção de 126 milhões de toneladas de soja e 102 milhões de toneladas de milho.
O USDA ainda projetou as exportações de soja do país em 2020/21 em 85 milhões de toneladas, mesmo nível relatado em novembro. Já os embarques de milho deverão atingir 39 milhões de toneladas, também inalterados ante o mês passado.
Inflação é melhor (menos ruim) que desabastecimento, diz Bolsonaro
BRASÍLIA (Reuters) - Constantemente cobrado por seus apoiadores nas redes sociais pelo aumento no preço dos alimentos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que é melhor para o país um pouco de inflação que o desabastecimento.
"Tivemos um aumento anormal de alguns produtos. Soja, arroz. Agora, é melhor, ou menos ruim, ter uma inflação do que ter desabastecimento", disse Bolsonaro durante evento em Porto Alegre.
No mês de novembro, a inflação medida pelo IPCA chegou a 0,89%, a maior em cinco anos. No ano, a inflação acumula alta de 3,13% e, em 12 meses, de 4,31% - acima do centro da meta definida pelo governo para 2020, que é de 4%.
Para os alimentos, no entanto, a inflação é bem maior. Apenas em novembro, a alta foi de 2,54%. No acumulado de janeiro a novembro, alcançou 12,14%, a maior desde 2002.
As cobranças a Bolsonaro nas redes sociais, especialmente no Facebook, pela alta dos alimentos tem sido constante. Em uma das mais recentes, na quarta-feira, Bolsonaro anunciou a decisão do governo de zerar o imposto de importação de revólveres e pistolas, e recebeu diversos comentários e críticas sobre a inflação dos alimentos.
Em um dos comentários, respondeu que o governo também tinha reduzido o imposto de importação de vários produtos e medicamentos, incluindo milho, soja e arroz.
Ibovespa flerta com 115 mil pontos; Rede D'Or dispara na estreia
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa retomou o fôlego e avançava forte nesta quinta-feira, flertando com os 115 mil pontos, com as ações da Petrobras entre os maiores suportes e os papéis da CSN disparando quase 10% após projeções financeiras e expectativas sobre IPO.
Às 14:52, o Ibovespa subia 1,59%, a 114.796,39 pontos. O volume financeiro somava 24 bilhões de reais.
Na máxima até o momento, o Ibovespa chegou a 115.072,49 pontos, o que não acontecia desde fevereiro.
Desde o começo da semana, o principal índice da bolsa paulista vem testando superar os 114 mil pontos, mas sem fôlego para segurar até o final o patamar perdido em fevereiro, antes do forte ajuste em razão da pandemia de Covid-19.
Apesar de não ter renovado as máximas apuradas em janeiro, quando encostou em 120 mil pontos, o Ibovespa quase zerou as perdas em 2020 e acumula valorização de mais de 85% desde as mínimas de março, o que tem motivado realização de lucros. Na mínima nesta sessão, o Ibovespa chegou a 112.731,76 pontos.
Safra de laranja de SP/MG terá maior quebra desde 1988 por seca, diz Fundecitrus
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de laranja 2020/21 na principal região produtora do mundo, situada no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, foi estimada nesta quinta-feira em 269,36 milhões de caixas, queda de 30,36% em comparação à temporada anterior, com a seca levando à maior quebra anual desde 1988, conforme dados do Fundecitrus.
A nova previsão indica uma redução de 6% ante a última estimativa, divulgada em setembro, de 286,72 milhões de caixas de 40,8 kg.
"Em função das condições climáticas extremamente adversas, com altas temperaturas, baixa precipitação e má distribuição das chuvas, esse é um dos anos mais difíceis que a citricultura já enfrentou", disse o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, em nota.
Ao final de outubro, a Reuters noticiou com base em avaliações de especialistas que o tempo seco e as temperaturas relativamente altas no inverno acentuariam a quebra de produção do Brasil, maior exportador global de suco de laranja.
Um cenário desfavorável para a ocorrência de chuvas já era esperado devido à possibilidade de formação do evento climático La Niña, que foi confirmado em setembro, disse o Fundecitrus.
"Mas outros fenômenos atuaram simultaneamente, e o La Niña foi muito pior do que o último, ocorrido em 2017: além de deixar o clima mais quente e mais seco, entrou em atividade mais cedo, quando apenas 30% da produção de laranja tinha sido colhida", observou a fundação de pesquisas do setor.
À medida que o La Niña se intensificou, a chuva foi diminuindo em relação à média histórica. De maio a agosto, o volume acumulado estava 14% menor e chegou a menos 41% no acumulado de setembro a novembro.
Em todo o período, a precipitação média no cinturão foi de 337 milímetros, cerca de 150 milímetros a menos que o normal e 32% inferior à média histórica, de acordo com dados da Somar Meteorologia, citados pelo Fundecitrus.
"Os danos provocados variaram de região para região, inclusive entre os talhões de uma mesma fazenda. Nas regiões mais secas, foram observadas com maior frequência árvores com sintomas de estresse hídrico, como intenso desfolhamento, secagem de ramos e frutos pequenos, murchos e com pouca quantidade de suco", afirmou a nota do instituto.
O tempo seco e as chuvas irregulares recentes no Brasil também têm preocupado outros setores, como produtores de café, soja, milho, entre outros.
Segundo o Fundecitrus, a quebra de safra só não foi maior porque 60% das laranjeiras produtivas ficaram menos exposta à seca: parte das variedades precoces, colhidas antes da pior fase da estiagem; laranjas Pera Rio e variedades tardias de pomares irrigados; e essas mesmas variedades nas regiões de Itapetininga e Avaré, onde as condições climáticas foram um pouco melhores.
"As condições climáticas desfavoráveis, somadas à maior concentração de frutos de segunda florada, diminuíram também o ritmo da colheita, que em novembro alcançou 58% da produção contra 74% no mesmo período no ano passado", acrescentou.
O peso médio dos frutos foi revisado para 156 gramas, ante as 159 gramas estimadas em maio, 8% menor do que a média das últimas cinco safras.
A projeção da taxa de queda de frutos subiu de 17,3% para 21,1% na média entre todas as variedades, atingindo o maior patamar desde quando a pesquisa foi iniciada, em 2015, informou o Fundecitrus.