Debaixo de pedras, com pouca chuva, e mesmo com gente do-contra, o Agro brasileiro sustenta o País

Publicado em 13/11/2020 15:08 e atualizado em 13/11/2020 17:05
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

AgRural descarta "supersafra" em MT devido a clima irregular

SÃO PAULO (Reuters) - Uma "supersafra" de soja está descartada na temporada 2020/21 em Mato Grosso, devido à irregularidade climática em regiões como o Parecis, que tradicionalmente costuma receber volumes de chuvas adequados, avaliou nesta sexta-feira o consultor Fernando Muraro, da AgRural.

A região, no sudoeste do maior produtor brasileiro de soja, tem sofrido com a irregularidade climática, e ressemeaduras já estão ocorrendo na área onde estão cidades como Campo Novo do Parecis e Diamantino.

Nos tradicionais municípios produtores do eixo da BR-163, no Médio-Norte, a situação climática está um "pouco melhor", após chover na última noite, disse Muraro.

"É um ano completamente atípico. Está faltando chuva em Mato Grosso, isso é histórico", afirmou Muraro, lembrando que o Estado, que deve responder por quase 30% da safra do Brasil, segundo órgãos oficiais, em geral recebe chuvas regulares.

Nesta semana, o Mato Grosso teve sua safra estimada em 36,8 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enquanto o Brasil deverá colher um recorde de 134,9 milhões de toneladas, segundo estimativa da estatal.

"Supersafra a gente já descartou", disse ele, sem comentar sobre suas próprias estimativas.

Muraro disse que o atraso pode impactar a área da segunda safra no Estado, uma vez que o eventual plantio de milho em março, decorrente do atraso da colheita de soja após as ressemeaduras, ficaria mais arriscado.

O clima irregular levou a Terra Santa Agro, importante grupo produtor que atua em Mato Grosso, a reduzir sua expectativa de plantio de grãos e oleaginosas na safra 2020/21 para 130,2 mil hectares, ante 149,5 mil hectares, no que foi considerado o maior remanejamento já realizado pela companhia, disse nesta sexta-feira o presidente-executivo da empresa, José Humberto Prata Teodoro Júnior.

Já o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou o plantio de soja em Mato Grosso até esta sexta-feira em 94,06% da área projetada, avanço de 10,82 pontos ante a semana passada, após um atraso inicial.

OUTROS

Além do Mato Grosso, outras áreas do país estão sofrendo com o clima irregular este ano, que está sob a influência de uma La Niña.

O Paraná, segundo produtor brasileiro, com safra projetada em cerca de 20 milhões de toneladas pela Conab, também enfrentou atrasos no plantio.

"O norte do Paraná está muito atrasado, a região da Coamo (cooperativa) e Maringá...", disse Muraro, da AgRural, que revelou ter percorrido lavouras do oeste do Estado esta semana.

"Ainda não dá pra dizer se vai ter perda, está no limite, mas tem que chover."

A região norte do Paraná é a que plantou mais cedo e também está com problemas e replantio, acrescentou.

O Rio Grande do Sul, terceiro produtor brasileiro, também sofre, mas no caso da soja a janela de plantio é mais ampla, comentou o analista.

Os gaúchos estão sim com problemas para o desenvolvimento do milho.

Plantio de soja em MT vai a 94% da área; clima traz alguma preocupação, diz Imea

SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja em Mato Grosso atingiu até esta sexta-feira 94,06% da área projetada, avanço de 10,82 pontos ante a semana passada, e se manteve à frente da média histórica para o período (91,84%), algo já registrado na semana anterior apesar do clima irregular que atrasou a semeadura em 2020/21, apontou o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Após um atraso inicial, produtores avançaram fortemente no plantio da safra no maior produtor brasileiro, mas há algumas áreas cujo desenvolvimento preocupa, disse à Reuters o gerente de inteligência de mercado do Imea, Cleiton Gauer.

"Se olhar de forma macro, tem chovido. O que acontece são pontos esparsos, em alguns talhões não chove. Na média, temos observado é que as chuvas têm se tornado mais frequentes e com volume maior nas últimas... Ainda que algumas áreas estejam sofrendo com irregularidade", afirmou Gauer.

Ele disse que produtores, agora com a safra já semeada, vão avaliar a necessidade de ressemeadura em áreas que não tiveram chuvas adequadas, o que pode aumentar custos com sementes e o trabalho de plantio e combustíveis.

"A partir de agora vão revisar as áreas para ver se é necessário fazer a ressemeadura. Vai depender, algumas cultivares conseguem corrigir o 'stand' da planta, com emissão de astes, mas se for muito baixo, ele vai ter que entrar fazendo replantio", disse.

Apesar dos problemas, o especialista do Imea disse que não há como afirmar que o viés da safra é de baixa, ao ser questionado.

"Teve muita área plantada nas últimas três semanas. Se tiver clima propício para o desenvolvimento e não tivermos problema de chuva na colheita, tem possibilidade de ter uma safra significativa", declarou.

A definição da safra deverá ser realizada entre o final de novembro e dezembro, acrescentou ele.

"(A irregularidade climática) afetou o 'stand' das plantas, tem áreas marcadas por irregularidade, marcadas por áreas boas e ruins, muito próximas uma das outras. Olhando para o macro é difícil saber o impacto, porque a soja tem uma capacidade de fazer compensação", disse ele, citando aumento de grãos por vagem, por exemplo.

O plantio de soja 2020/21 em Mato Grosso deve alcançar um recorde de 10,3 milhões de hectares, estimou o Imea no início do mês, apontando a safra em históricas 35,87 milhões de toneladas.

Itaú eleva a 4% projeção para aumento do PIB em 2021; vê dólar a R$ 5 no ano que vem

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco aumentou de 3,5% para 4,0% a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2021, com cenário de retomada do consumo no setor de serviços, enquanto elevou a previsão para o dólar ao fim do ano que vem de 4,50 reais para 5,00 reais, diante da elevada incerteza fiscal.

De modo geral, o banco avalia que a economia deverá se beneficiar de um menor risco de uma segunda onda de Covid-19 no Brasil "no curtíssimo prazo".

"Uma primeira onda mais prolongada, a sazonalidade favorável − com temperaturas mais elevadas no Hemisfério Sul − e avanços em testes para uma vacinação ao longo do primeiro trimestre de 2021 diminuem o risco de uma segunda onda do vírus no curtíssimo prazo", afirmou o Itaú em nota divulgada nesta sexta-feira e produzida pela equipe de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada por Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central.

"Como a ocupação hospitalar segue controlada, entendemos que ainda é possível continuar a reabertura gradual da economia com relativa segurança", completou.

Para 2020, o Itaú melhorou a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% para 4,1% e aumentou também a perspectiva para o desempenho do PIB no terceiro trimestre --para alta de 9,0% ante o segundo trimestre (com ajuste sazonal), ante previsão anterior de expansão de 8,3%. Nos últimos três meses de 2020, a economia avançará 2,5% na mesma base de comparação, conforme as estimativas do banco.

A melhora nos prognósticos do Itaú para a economia veio no dia em que o BC informou aumento do IBC-Br acima do esperado para setembro. Outros bancos também revisaram estimativas.

Mas o Itaú alertou que o país continuará enfrentando riscos do lado fiscal.

"O risco fiscal... permanece elevado e deve seguir assim especialmente até a aprovação do Orçamento de 2021", disse o Itaú, projetando déficits primários de 11,7% do PIB em 2020 e de 2,5% do PIB em 2021.

Faltando apenas mais duas leituras neste ano, o banco privado projeta alta de 3,5% na inflação medida pelo IPCA em 2020, com revisão da projeção para 2021 de 2,8% para 3,1%, incorporando menor apreciação cambial no próximo ano.

Sobre a taxa de juros, o Itaú vê a Selic permanecendo em 2,0% até perto do fim de 2021, quando seria elevada para 3,0%. "Há risco, no entanto, na ausência de uma solução satisfatória para o dilema fiscal do Brasil, de alta antecipada", concluiu o banco.

Não queremos que a política entre nos quartéis, diz comandante do Exército

BRASÍLIA (Reuters) - O comandante do Exército, general Edson Pujol, mais uma vez tentou demarcar a distância entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e as Forças Armadas, e reiterou nesta sexta-feira que os militares da ativa não querem fazer parte da política, em meio a diversas falas polêmicas do presidente.

Em um seminário sobre defesa nacional, Pujol disse que "somos instituição de Estado, não somos instituição de governo".

"Não temos partido, nosso partido é o Brasil, independentemente de mudanças ou permanências de determinado governo por um período longo. As Forças Armadas cuidam do país, da nação, elas são instituição de Estado, permanentes, não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar, de como cumprir as nossas missões", disse.

Na véspera, em uma live organizada pelo Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) sobre defesa, o general fora na mesma linha.

"Não queremos fazer parte da política governamental ou do Congresso Nacional, e muito menos queremos que a política entre no nosso quartéis", afirmou o general.

"O fato de eventualmente militares serem chamados para exercer cargos no governo é decisão exclusiva da administração do Executivo", acrescentou.

O general havia sido questionado sobre o tema pelo ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, que mediava a live. Pujol disse ainda que um militar pode ser chamado para o governo pela sua experiência e seu currículo, como acontece com civis, mas isso não significa uma participação política.

O incômodo dos militares da ativa com a identificação do governo Bolsonaro com as Forças Armadas tem crescido. Hoje, nove dos 23 ministros do governo têm origem militar. Mais do que isso, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello --chamado para atender uma situação de emergência e que acabou sendo efetivado no cargo-- é da ativa e não tem planos de ir para reserva, o que incomoda os militares.

O mesmo aconteceu com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do governo, que ficou mais de um ano como ministro e militar da ativa, mas terminou por ceder à pressão e ir para a reserva.

O fato de ter nomes da ativa em cargos de primeiro escalão passa ainda mais a impressão de um governo do qual os militares são parte essencial, não apenas como gestores, mas como políticos.

Nesta sexta, o vice-presidente Hamilton Mourão --ele também um general da reserva-- comentou e apoiou a fala do comandante do Exército, mas negou que haja um movimento orquestrado de tentar distanciar as Forças Armadas do governo.

"Quantas vezes você já me ouviu falar nisso? Várias vezes, né. Política não pode estar dentro do quartel. Se entra política pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia saem pela dos fundos. O comandante do Exército coloca claramente o que é a nossa posição", afirmou.

Perguntado se o cidadão comum tinha como fazer a distinção em um governo com tantos militares no primeiro escalão, Mourão reforçou a ideia da diferença entre ativa e reserva.

"Nós que somos da reserva é uma outra situação. Os militares da ativa esses realmente não podem estar participando disso. A nossa legislação foi mudada no período de 64 porque, exatamente, o camarada era eleito, participava de processo eleitoral e depois voltava para dentro do quartel. Isso não era salutar", disse.

Depois de um período fora dos holofotes, o vice também tem demarcado possíveis diferenças de Bolsonaro, mesmo que diplomaticamente e sem confrontar diretamente o presidente.

Nos últimos meses, já defendeu a volta da CPMF, propostas mais rígidas para o combate ao desmatamento e, nesta sexta, afirmou que via a vitória do democrata Joe Biden nas eleições norte-americanas como irreversível. Bolsonaro até agora não cumprimentou o presidente eleito e ainda espera uma posição de Donald Trump para acatar a derrota do republicano.

"FANFARRONICE E DESRESPEITO"

Na reserva, militares que passaram pelo governo já deixaram clara sua visão do que se tornou a Presidência de Jair Bolsonaro, que é capitão da reserva.

Ex-ministro da Secretaria de Governo, o general Santos Cruz, um dos mais respeitados pelas tropas, fez críticas pesadas às últimas falas no presidente em suas redes sociais.

"Cansado de show. O Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, corrupção, privilégios. Votou contra extremismos e corrupção. Votou por equilíbrio e união. Precisa de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito", escreveu em sua conta no Twitter, na quinta-feira, um dia depois de Bolsonaro ter dito que o Brasil devia "deixar de ser um país de maricas", em referência às preocupações das pessoas com a Covid-19.

Também na quarta, o presidente gerou desconforto nas Forças Armadas ao afirmar, em indireta a Biden sobre a Amazônia, que "quando acaba a saliva, tem que ter pólvora".

Quando Bolsonaro comemorou a suspensão dos testes da vacina chinesa CoronaVac e uma suposta vitória dele sobre o governador de São Paulo, João Doria, Santos Cruz também reagiu.

"Ganhou de quem? Vacina, qualquer que seja, é saúde pública. É para a população. Não é assunto particular. O trato tem ser técnico e dentro da lei. Fora disso é irresponsabilidade, falta de noção mínima das obrigações, desrespeito pela saúde dos cidadãos. Vergonha! Sem classificação!", disse.

Projeção final da eleição dos EUA mostra vitória de Biden com 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de Trump

WASHINGTON (Reuters) - O democrata Joe Biden derrotou o presidente Donald Trump no Estado da Geórgia, enquanto o republicano triunfou na Carolina do Norte, projetou a Edison Research nesta sexta-feira, ao apontar os vencedores dos dois últimos Estados indefinidos na disputa presidencial dos Estados Unidos.

A Edison Research disse que Biden conquistou 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de Trump. Biden ultrapassou os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para conquistar a Presidência no sábado.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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