Guerra das Vacinas deixa em 2.o plano a proposta para o Renda Cidadão, com corte nas despesas

Publicado em 21/10/2020 14:50 e atualizado em 27/10/2020 16:23
Assista à integra do programa Tempo&Dinheiro desta quarta-feira, 21 de outubro/20, com apresentação de João Batista Olivi
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi

Anvisa diz que testes com vacina de Oxford seguem após morte de voluntário

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Os testes no Brasil com a potencial vacina contra Covid-19 desenvolvida em parceria pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, continuarão após a morte de um voluntário que participava do estudo, informaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Universidade de Oxford nesta quarta-feira.

Não há informações oficiais sobre se o voluntário que morreu foi inoculado com a potencial vacina ou se recebeu uma substância placebo. Entretanto, uma fonte familiarizada com a situação disse que o teste com a potencial vacina teria sido suspenso se o voluntário que morreu estivesse no braço ativo do estudo -- que aplica a vacina. A afirmação sugere que o voluntário estava no grupo controle, que recebe um placebo.

A morte do voluntário foi informada inicialmente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena os testes com a potencial vacina no Brasil. Segundo a instituição, comunicado enviado pela Universidade de Oxford afirmou que análise cuidadosa do caso feita pelo comitê de segurança independente não trouxe dúvida quanto à segurança do estudo clínico.

"Até o momento, 8 mil voluntários já foram recrutados e receberam uma ou já as duas doses indicadas no estudo. Tudo avança como o esperado, sem ter havido qualquer registro de intercorrências graves relacionadas a vacina envolvendo qualquer um dos voluntários participantes", acrescentou a Unifesp.

A Anvisa disse posteriormente que foi informada da morte do voluntário na segunda-feira e que recebeu dados das investigações sobre o caso, que está sendo realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança.

"É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação", disse a Anvisa.

Em nota de pesar, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) lamentou a morte do médico formado na faculdade João Pedro Rodrigues Feitosa, de 28 anos, em decorrência de complicações da Covid-19, e disse que ele estava na linha de frente no combate ao coronavírus.

"Segundo informações veiculadas pela imprensa, João foi voluntário em instituto privado de pesquisa na participação de testes clínicos da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório Astrazeneca", disse a UFRJ.

O Ministério da Saúde firmou acordo com a AstraZeneca para compra de doses do imunizante e para a posterior produção local da vacina pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O governo federal editou uma medida provisória liberando 1,9 bilhão de reais para estes fins.

Os testes com a potencial vacina Oxford/AstraZeneca haviam sido paralisados no início de setembro após o surgimento de uma doença grave e não explicada em um voluntário no Reino Unido. O estudo posteriormente foi retomado no Reino Unido, no Brasil e em outros países, mas ainda não voltou a ser realizado nos Estado Unidos.

Na terça-feira fontes disseram à Reuters que os testes com a vacina podem ser retomados nesta semana nos EUA após a agência reguladora do país concluir sua análise sobre o caso do voluntário no Reino Unido.

Bolsonaro diz que cancelou acordo com Butantan e não irá gastar com vacina que desconhece

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que mandou cancelar o protocolo de intenções assinado pelo Ministério da Saúde e o Instituto Butantan para compra de doses da vacina Coronavac contra a Covid-19, e garantiu que o governo federal não irá gastar recursos para comprar uma vacina que ele desconhece.

"Nada será dispendido agora para comprarmos uma vacina chinesa que eu desconheço, mas parece que nenhum país do mundo está interessado nela", disse Bolsonaro a jornalistas durante uma visita a uma obra em Iperó (SP).

Mais cedo, em resposta a apoiadores e em suas redes sociais, Bolsonaro já havia afirmado que não compraria a vacina, apesar do anúncio no dia anterior, feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de que seriam compradas 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan com tecnologia da chinesa Sinovac.

"Toda e qualquer vacina está descartada. Ela tem que ter uma validade do Ministério da Saúde e uma certificação por parte da Anvisa. Fora isso não tem qualquer dispêndio de recursos. Vacinar 100 milhões de pessoas ao custo de 10 dólares", afirmou. "Estamos perfeitamente afinados com o Ministério da Saúde em busca de uma vacina confiável."

Bolsonaro disse ainda que houve uma distorção da fala do ministro por parte do governador de São Paulo, João Doria, que estaria tentando atacá-lo politicamente, e voltou a dizer que não existe qualquer possibilidade de conversa com o governador.

Pazuello confirma Covid-19 e é o 12º ministro contaminado

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve confirmado nesta quarta-feira o resultado positivo para a Covid-19, informou sua assessoria, tornando-se o 12º ministro do governo Bolsonaro a ter a doença.

O ministro teve febre na tarde de terça e, depois de participar virtualmente de uma reunião com governadores, fez exames e se isolou em casa.

Na segunda, Pazuello precisou ir a um hospital após ter sentindo um mal-estar, que inclusive o forçou a se ausentar de

um evento no Palácio do Planalto com a presença do presidente Jair Bolsonaro. No dia, o quadro foi tratado como desidratação.

Pazuello é o 12º ministro do governo Jair Bolsonaro a ser contaminado pela doença desde o início da epidemia, além do próprio presidente.

Prévia da confiança da indústria indica salto a máxima desde 2011, diz FGV

SÃO PAULO (Reuters) - A confiança da indústria no Brasil deve apresentar alta pelo sexto mês consecutivo em outubro, mostrou uma prévia da Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira, que indicou que o sentimento do setor deve atingir uma máxima em mais de nove anos em meio a melhora na percepção sobre o momento atual.

A prévia da Sondagem da Indústria de outubro sinaliza salto de 4,0 pontos do Índice de Confiança da Indústria (ICI) em relação a setembro, a 110,7 pontos, nível que seria o mais alto desde abril de 2011 (111,6 pontos).

Em nota, a FGV disse que "o crescimento da confiança nesta prévia decorre principalmente de melhores avaliações dos empresários em relação ao presente", com o Índice de Situação Atual avançando 5,9 pontos, a 113,2 pontos.

O Índice de Expectativas --que acompanha a percepção dos empresários em relação ao futuro da indústria-- teve alta de 2,2 pontos na prévia de outubro, para 108,1 pontos.

Desde maio, a confiança da indústria brasileira tem apresentado tendência constante de alta, refletindo o alívio dos investidores com a retomada econômica depois que restrições para combate do coronavírus pressionaram os negócios no início do ano.

Importantes centros econômicos do país, como São Paulo, têm flexibilizado cada vez mais as restrições da Covid-19, movimento que foi iniciado já no segundo trimestre do ano. O Brasil tem mais de 5 milhões de infecções confirmadas por Covid-19 e já registrou mais de 150 mil mortos pela doença.

Vendas de máquinas no Brasil podem crescer até 10% em 2020, diz New Holland

SÃO PAULO (Reuters) - Depois de um período de incertezas pela pandemia, a indústria de máquinas agrícolas do Brasil pode fechar o ano no azul, com alta de 5% a 10% nas vendas ao agricultor, puxada pela necessidade de renovação na frota de tratores e colheitadeiras, e pela retomada de investimentos do setor de grãos.

É o que estima o vice-presidente da New Holland Agriculture para a América do Sul, Rafael Miotto, citando que há uma "recuperação consolidada" na venda direta aos agricultores.

Para as vendas a concessionárias, no entanto, o executivo vê um processo mais lento e um avanço mais modesto no desempenho anual, em torno de 5%.

"Temos uma base de demanda... necessidade de renovar o parque de máquinas (para atualizar a tecnologia) e esse momento de remuneração muito boa, com a safra sendo vendida antecipadamente, e bons preços", afirmou à Reuters.

Segundo ele, 2020 tinha potencial para ser um ano de recorde nas vendas de máquinas, considerando o cenário atual de preços das commodities, mas os impactos do coronavírus que ocorrem "fora da porteira" limitam a ampliação de investimentos.

"A pandemia não afeta o produtor, mas afeta todo o entorno dele. Ele está sendo cuidadoso", acrescentou.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, entre janeiro e setembro, foram vendidas no mercado interno 33,28 mil unidades de máquinas agrícolas e rodoviárias, aumento de 0,9% ante mesmo período do ano anterior.

Até o primeiro semestre, a comercialização recuava 1,3% na comparação com o intervalo equivalente de 2019, para 19,64 mil unidades, pressionada pelos meses de pico da Covid-19.

Se por um lado a pandemia trouxe incertezas no primeiro semestre, por outro, o surto da doença impulsionou o dólar que, por sua vez, tornou as commodities agrícolas mais competitivas para exportação.

Soma-se a isso uma forte demanda, principalmente da China por soja, e o agricultor disparou na comercialização antecipada --fator determinante para a reação no mercado de máquinas.

"Este cenário mostra que já temos potencial para crescimento no ano que vem. Temos que ter um pouco de cautela, mas minha opinião é de otimismo. Não consigo ver forma de não melhorar", disse Miotto, sem arriscar um número para a projeção de alta em 2021.

No Brasil, maior produtor e exportador de soja do mundo, as lavouras estão em fase de plantio, com mais da metade da produção esperada já comercializada. Em Mato Grosso, principal fornecedor do grão no país, as vendas chegam a 60%.

INSTABILIDADE

Do ponto de vista de produção, os dados são menos animadores. Segundo a Anfavea, houve queda de 19,6% nos nove primeiros meses deste ano e a fabricação de máquinas agrícolas atingiu 33,18 mil unidades.

No início de junho, o executivo da New Holland disse à Reuters que o setor passava por problemas com fornecimento de peças importadas e a alta do dólar levaria as companhias a aplicarem reajustes de portfólio.

Agora, Miotto afirmou que o fornecimento de peças "melhorou muito", mas ainda existem alguns gargalos devido à segunda onda do coronavírus em alguns países.

"Temos componentes suficientes para manter a capacidade máxima de produção das unidades, mas temos dificuldade para formar o mix de produção", explicou, lembrando que parte das peças era trazida do exterior por via aérea, logística que se tornou muito mais escassa durante a pandemia.

Devido à tecnologia embarcada nas máquinas, a importação pode variar de 15% a 50% do custo de produção da indústria e, como a desvalorização do real continua pesando nesta conta. Por isso, ele não descarta novos reajustes no portfólio.

"Houve aumento de preços, tivemos que repassar porque os custos foram muito grandes, isso ainda é uma preocupação para a cadeia", admitiu.

"Podem vir novos repasses de custo sim, se continuar a tendência de valorização (do dólar)... Têm coisas que são inviáveis", completou.

Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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