Carne bovina, suína e soja são destaque na demanda por produtos agrícolas da China no Brasil, que pode dobrar até 2050
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Entrevista com Qu Yuhui - Ministro-Conselheiro da Embaixada da China sobre a Demanda da china por produtos Brasileiros
O Ministro-Conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, falou com exclusividade ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (4) detalhando as projeções de aumento de consumo por produtos agropecuários pela China, o qual deverá dobrar ate 2050, com o Brasil tendo papel determinante como fornecedor da nação asiática. Entre os destaques estão ainda a soja, a carne suína e, principalmente, a carne bovina.
O aumento e a sofisticação da demanda chinesa por alimentos pode ser atribuído, essencialmente, a um aumento do processo de urbanização da população e uma classe média de 400 milhões de pessoas, que é a maior do mundo. "Isso representa um potencial de consumo muito forte e uma demanda por produtos cada vez mais diversificados. E o papel do Brasil é muito importante neste crescimento", diz o ministro.
Yuhui cita ainda um estudo da FAO - o braço da ONU para agricultura e alimentação - que mostra que este aumento da demanda global por produtos agrícolas deve ser atendido essencialmente pela produção brasileira. "E o Brasil pode fazer isso de maneira sustentável, ou seja, não precisa expandir muito a a área, mas apenas com a introdução de novas tecnologias. E isso para a China é uma grande notícia", afirma. "Nós encorajamos as empresas chinesas a trabalharem com o lado brasileiro na inovação e em uma maior ênfase no uso de novas tecnologias, dando mais atenção à questão de economia verde e meio ambiente", completa.
O comércio bilateral entre Brasil e China vam se intesificando e as relações comerciais, se intensificando, e a visão deste cenário "para este ano e para o ano que vem é cautelosamente otimista", afirma o representante da nação asiática. No primeiro semestre, o saldo do comércio bilateral entre as duas nações foi positivo em 6,5%. "Isso foi feito apesar de todos os impactos da pandemia, o que mostra a resiliência do nosso comércio", completa.
CARNES
Embora a carne suína seja a mais consumida na China, aos poucos o comportamento chinês venha mudando e o consumo da carne bovina vem crescendo consideravelmente e ultrapassar os atuais 4 kg pe capita/ano. Assim, as importações deverão dobrar por parte dos chineses até 2027.
"Nos últimos quatro anos, tivemos um aumento de seis vezes de carne bovina brasileira importada pela China e a carne bovina importada pela China já responde por 30% da exportação brasileira. Isso mostra o potencial do consumo de carne bovina", detalha o ministro. "E vamos depender cada vez mais de importação de carne suína, por outro lado. Até 2010, a China era autosuficiente e a produção da China respondia por 60% da produção mundial. Hoje em dia, essa participação já caiu para 45%, ou seja, estamos cada vez mais dependendo da importância de carne suína", completa.
Hoje, o Brasil é o terceiro maior exportador desta proteína para a China, ficando atrás apenas dos EUA e da União Europeia, mas com espaço para ampliar ainda mais sua participação.
DIVERSIFICAÇÃO DA PAUTA IMPORTADORA
Além das proteínas e da soja, Qu Yuhui afirma que os governos chinês e brasileiro estão atuando para ampliar os itens do comércio agropecuário incluindo frutas, cereais, laticínios e café, entre outros.
"Nestes primeiros cinco meses do ano, o grão de café exportado do Brasil para a China teve aumento de quase 20% e como a China já é um dos grandes clientes em termos de café, acho que o produto brasileiro terá um grande mercado na China, onde o consumo está crescendo quase 35% por ano", explica o ministro ao Notícias Agrícolas.
MILHO
Uma das metas do Brasil é importar milho para a China e os dois governos - com o MAPA e a Secretaria de Alfândegas da China - agora discutem os termos concretos de um protocolo para a comercialização do cereal. Hoje, o milho importado no mercado chinês ocupa algo como 9% a 10%, mas esse percentual deverá crescer nos próximos anos.
"No primeiro trimestre deste ano, a China teve um aumento de 27% na sua importação de milho. Todavia, a competição internacional é muito grande. Neste momento, a China importa, sobretudo, da Ucrânia e dos Estados Unidos e, portanto, se o milho brasileiro vai ocupar uma fatia do mercado chinês vai depender de muitos fatores. O consumo da China, o ritmo da expansão das importações, o ritmo das negociações entre autoridades governamentais sobre o protocolo de comercialização, etc. Mas como o Brasil é um país que vem aumentando sua produção, esse potencial existe, só precisamos entender como vamos viabilizar esse potencial", explica.
Trump volta a minimizar acordo com China e diz que não se sente 'da mesma forma'
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a minimizar a importância do acordo comercial com a China, assinado em janeiro deste ano. "O acordo com a China foi um grande acordo, mas não me sinto mais da mesma forma sobre isso", afirmou o republicano, em uma entrevista à Fox Business. O líder da Casa Branca também culpou Pequim pela pandemia de covid-19 e disse que o país asiático poderia ter parado a disseminação do coronavírus em Wuhan.
No dia 23 de julho, Trump já havia relativizado o pacto comercial sino-americano, em uma coletiva de imprensa sobre a pandemia. "O acordo comercial com a China significa muito menos para mim hoje do que quando o assinei", declarou o republicano na ocasião.
De acordo com fontes ouvidas pela Dow Jones Newswires, o representante comercial americano, Robert Lighthizer, e o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, principal representante do presidente Xi Jinping em assuntos econômicos, devem realizar uma videoconferência no dia 15 de agosto para avaliar o acordo comercial.
Na entrevista à Fox Business, Trump mostrou confiança na recuperação econômica dos EUA. "Com certeza teremos uma recuperação em V", disse o republicano, que também descartou novas quarentenas no país. "Abriremos as escolas e queremos que as pessoas voltem ao trabalho", acrescentou.
O líder da Casa Branca ressaltou que será divulgado, na sexta-feira, o relatório de empregos (payroll) de julho. Nos últimos dois meses, houve criação de vagas de trabalho, após o impacto da pandemia. "Estávamos indo muito bem, mas fomos atingidos pela praga chinesa", afirmou Trump.
Embaixador da China nos EUA diz que Pequim não quer aumento adicional nas tensões
WASHINGTON (Reuters) - A China não deseja que as tensões entre Pequim e Washington aumentem ainda mais após o fechamento de consulados dos dois países nas últimas semanas, disse nesta terça-feira o embaixador chinês nos Estados Unidos.
Com um tom conciliatório quando questionado sobre a deterioração dos laços bilaterais, o embaixador Cui Tiankai disse, em participação no Fórum de Segurança de Aspen virtualmente, que as duas principais economias do mundo deveriam trabalhar para a cooperação em vez de se confrontarem.
"Não acho que uma nova Guerra Fria sirva aos interesses de ninguém", disse Cui. "Por que devemos permitir que a história se repita... quando nos deparamos com tantos novos desafios?", disse, enquanto rejeitava as alegações norte-americanas de espionagem chinesa no consulado de Houston, fechado por Washington no mês passado.
Os laços entre EUA e China deterioraram-se acentuadamente neste ano em razão de questões que vão desde o coronavírus e a fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei até as reivindicações territoriais do país asiático no Mar do Sul da China e sua repressão em Hong Kong.
Os editoriais de mídia estatais chineses afirmaram que a decisão dos EUA contra o consulado de Houston foi uma tentativa de culpar Pequim por falhas nos EUA antes da candidatura de Donald Trump à reeleição em novembro.
Pesquisas de opinião mostram Trump atrás do seu rival democrata, Joe Biden. Os candidatos parecem competir para mostrar quem pode adotar o tom mais duro em relação a Pequim.
Stonex eleva projeções de exportação e importação de soja pelo Brasil; vê safra recorde
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil foi estimada em 81 milhões de toneladas em 2020, informou nesta terça-feira a consultoria Stonex, que elevou em 1 milhão de toneladas a projeção na comparação com avaliação divulgada em julho.
Com os embarques fortes do Brasil, a consultoria também aumentou em 500 mil toneladas a projeção de importação da oleaginosa pelo país neste ano, para 1 milhão de toneladas, volume este que deverá ajudar a indústria processadora a atender demandas por farelo e óleo de soja em meio a estoques apertados da matéria-prima nacional.
Já a safra de soja do Brasil 2020/21, que será semeada a partir de setembro, foi estimada em um recorde de 132,6 milhões de toneladas, afirmou a consultoria, em relatório divulgado à imprensa.
"Esse recorde é resultado de uma área plantada, em 38 milhões de hectares, e de uma recuperação da produtividade, após a forte quebra registrada pelo Rio Grande do Sul no ciclo 2019/20", disse a Stonex.
A consultoria estimou volumosas safras para os três maiores Estados produtores da oleaginosa: 35,6 milhões de toneladas (em Mato Grosso), 21,2 milhões de toneladas (Paraná) e 19,9 milhões de toneladas (Rio Grande do Sul).
Neste cenário, a expectativa é que o balanço de oferta e demanda da soja fique um pouco mais confortável em 2020/21.
"A demanda doméstica e as exportações foram estimadas em 49 e 82 milhões de toneladas, respectivamente", informou a StoneX, com os estoques finais projetados em 2,47 milhões de toneladas.
Para 2020, os estoques finais estão projetados em 0,65 milhão de toneladas.
MILHO
O plantio da primeira safra de milho 2020/21 no Brasil deve alcançar 4,16 milhões de hectares, queda em relação aos 4,21 milhões de hectares registrados na temporada anterior.
A produtividade estimada pela StoneX aponta aumento de 6,21 toneladas por hectare para 6,66 toneladas por hectare.
Desta forma, apesar do recuo na semeadura, a produção do cereal foi projetada em 27,7 milhões de toneladas, um avanço ante os 26,16 milhões colhidos em 2019/20.
A consultoria disse também que, apesar de a produção total de milho poder variar bastante, uma vez que ainda não há estimativas para a segunda safra 2020/21, o patamar de 100 milhões de toneladas tem grande potencial de continuar sendo superado.
"Esse aumento da produção foi condicionado pelo registro de rendimentos acima do esperado, à medida que a colheita da safrinha atual avança, levando a uma perspectiva de produção recorde no inverno, em 73,3 milhões de toneladas", afirmou.
Inicialmente, a produção total de milho 2020/21 está estimada em 102,44 milhões se toneladas, segundo a StoneX, ante 100,9 milhões registrados no ciclo anterior.