Brasil deverá ser beneficiado pela intensidade da demanda da China por carnes pelo menos por mais dois anos, diz Sindirações
De acordo com estimativas do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, o incremento apurado pela indústria, contabilizado até setembro, surpreendeu positivamente e avançou 3%, resultando 52,8 milhões de toneladas de rações.
“Projetando aumento na demanda e uma reação mais vigorosa das principais cadeias produtivas durante os três últimos meses, é provável que a produção em 2019 revele uma expansão ainda maior, amparada por conta da melhora de diversos indicadores de atividade, bem como aqueles ligados à pauta exportadora, ao varejo e a confiança do consumidor”, revela Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações.
A expectativa positiva, que contagia a economia em geral, é resultado da flexibilização monetária e da inflação controlada, das reformas trabalhista e previdenciária, da expansão agropecuária ancorada nos grãos e nas carnes e da melhora na percepção do risco-país. No entanto, algumas incertezas ainda existem, por conta da tensão comercial entre americanos e chineses; da instabilidade política da “Primavera Latina” que sacode o Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia e Equador; e o relativo desinteresse dos investidores estrangeiros frente ao crescimento do PIB brasileiro, ainda pouco animador.
“Nosso prognóstico, de um próspero 2020 àqueles empreendedores que atuam com ética, boa-fé e respeito às regras do jogo, encontra ressonância nas medidas de intervenção mínima do Estado sobre as atividades privadas, tais como a promulgação do conjunto de princípios que reforçam a liberdade econômica, o “revogação” de leis e atos normativos concomitante à análise do seu impacto regulatório, e do programa de autocontrole nos estabelecimentos de alimentação animal”, complementa Zani.
FRANGOS DE CORTE
O produtor de frangos de corte demandou 24,6 milhões de toneladas de rações de janeiro a setembro, um avanço de 2,9%, marca que supera substancialmente o incremento previsto inicialmente. O surto de Peste Suína Africana (PSA) na China permitiu ao Brasil exportar mais carne suína, além das outras proteínas animais. O fenômeno acabou por impulsionar a produção de frangos, estimulada também pela necessidade do consumidor brasileiro de alternativa mais econômica, quando comparada à carne bovina bastante valorizada no período.
GALINHAS DE POSTURA
Contrariando a expectativa inicial de crescimento vigoroso, nos primeiros nove meses do ano corrente, a produção de rações para poedeiras alcançou 4,8 milhões de toneladas e recuou 1,4%, principalmente por conta do alojamento bastante ajustado.
SUÍNOS
A demanda por rações para suínos somou 12,5 milhões de toneladas de janeiro a setembro, impulsionada pela crescente demanda chinesa, cujo plantel fora abatido pela epidemia de PSA.
BOVINOS DE CORTE
A produção das rações para bovinos de corte foi de 2,1 milhão de toneladas e revelou incremento de 2,7%, incentivada sobretudo pela valorização crescente da arroba no segundo semestre. A tendência de escassez de oferta de bois terminados e os embarques demandados pelos chineses provavelmente impulsionarão o preço a ser pago pelos frigoríficos e inflacionarão a carne bovina no varejo no período próximo às festas de final de ano.
BOVINOS LEITEIROS
A cadeia pecuária leiteira, por sua vez, demandou 4,5 milhões de toneladas de janeiro a setembro, um avanço de 4,5%, marca que demonstra moderação daquele ímpeto crescente na utilização das raçoes e concentrados pelo produtor de leite, provavelmente desmotivado pela valorização dos grãos adicionados à alimentação animal e pela qualidade das pastagens favorecidas pelas chuvas.