Aprosoja MT analisa fertilizantes e conclui que 30% das amostras tem problemas que podem impactar na produtividade das lavouras
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Aprosoja MT pede aos produtores rurais que façam análises dos fertilizantes antes do plantio
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) constatou que 30% dos fertilizantes utilizados por produtores do estado têm problemas que podem comprometer a produtividade. De acordo com o diretor administrativo da associação, Lucas Beber, foram recolhidas amostras de 386 propriedades, e o resultado é alarmante já que, depois das sementes, os fertilizantes representam o maior custo para a produção. Foram encontradas amostras com muito pó, empedradas e até adulteradas.
-- "Quando falamos em números, 30% é um dado expressivo, mas mesmo que fosse 1% nós ficaríamos preocupados, porque os produtores do estado vem há anos fechando no prejuízo. O Mato Grosso é o estado que mais sofre por conta de logística, então se tivermos 1% dos fertilizantes com problema ou adulterados, já é o suficiente pra tirar um produtor da atividade", afirma.
A dica dada por Beber é que o produtor, assim que receber o produto em sua propriedade, retire amostras para enviar a laboratórios de confiança para serem analisados, de preferência em locais certificados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ou pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ter um agrônomo de confiança para acompanhar o processo é outro fator importante destacado por ele. Caso seja constatado algum problema com o produto, a empresa fornecedora deve ser comunicada imediatamente, antes que o produtor utilize o fertilizante.
Segundo ele, todo ano a Aprosoja realiza o Circuito Tecnológico, ocasião na qual supervisores de campo da associação visitam os produtores coletando informações e dando orientações, e foi durante este circuito que as amostras foram coletadas.
De acordo com Beber, foram constatados três problemas com os fertilizantes dos produtores matogrossenses: ou estavam com muito pó, ou empedrados, e até mesmo adulterados, tendo menor concentração dos princípios ativos do que o fornecedor garante.
O diretor explica que quando tem muito pó no fertilizante, para quem trabalha a lanço, não há homogeneidade na aplicação, ou se o produtor utiliza o insumo na plantadeira, o grão mais fino cai primeiro. Da mesma forma, se o produto estiver empedrado, aaplicação será irregular. "Hoje se fala em agricultura de precisão, mas de nada adianta fazer um trabalho desse se o produto que está sendo aplicado tem uma discrepância grande. Onde cai fertilizante demais intoxica a planta, onde cai de menos, falta nutriente", afirma.
No caso do fertilizante adulterado, Beber conta que houve relatos de que durante o transporte, quadrilhas desviam a carga para algum local onde o produto é descarregado, e no lugar dele é colocado algum componente com a granulometria semelhante, mas que não tem as propriedades fertilizantes, ou mesmo misturando para "diluir". "Tivemos relatro de agricultor que comprou o produto que deveria ter 18% de fósforo, mas que no momento em que fez a análise, deu 6%" conta.
Segundo ele, a maioria dos produtores compra para receber na fazenda, então cabe ao fornecedor ter mecanismos para rastrear a carga, e o produtor precisa estar atento às análises para não sofrer perdas.