Prêmios nos portos dão vantagem ao produtor brasileiro, mas americanos começam a vender no físico
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Marcos Rubin, analista da Agroconsult, destacou que os produtores brasileiros têm uma vantagem em relação aos produtores norte-americanos na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Isso se dá porque os prêmios nos portos se refletem em preços ao produtor e, neste ponto, os brasileiros estão em grande vantagem, com 200 pontos de prêmios de dólar por bushel, enquanto os norte-americanos têm de 50 a 60 pontos.
A safra norte-americana está em aberto e ainda pode surpreender. Segundo Rubin, a entrada desta no mercado irá oferecer uma percepção melhor de quem irá ganhar o "cabo de guerra" em jogo.
O momento, portanto, é bom para que o produtor brasileiro aproveite, mas exige cuidado. A sustentação de preços no Brasil está baseada no câmbio volátil e no prêmio que depende da guerra comercial. Estes são fundamentos incertos a médio prazo, de forma que o ideal seria aproveitar o momento para fixar agora.
Na comparação da soja com o milho, o analista lembra que são necessárias produtividades bastante altas no milho para compensar a venda da soja. Contudo, espera-se produtividades boas de ambas as commodities, de forma que estas devem trazer renda para o produtor brasileiro.
AgResource Mercosul: Safra com bom desenvolvimento no Corn Belt; americanos vão vender
Produtores rurais norte-americanos possuem tendência, na pré-colheita, de aliviar a capacidade de armazenamento disponível com a venda do grão proveniente da safra antiga, para abrir espaço à soja fresca.
Em consequencia, as menores baixas na CBOT deverão ser formadas ao fim de setembro, com o movimento temporário de vendas físicas no Mercado doméstico estadunidense da soja, que ocorrem atualmente (baixas sazonais).
Na sequencia, a tendência deverá ser de um Mercado em direção às novas altas, na falta de vendas físicas nos Estados Unidos, até um maior avanço da colheita.
A especulação colocará mais peso sobre a variável da demanda, nestas próximas semanas.
Além do mais, qualquer ameaça climática para o período de colheita desta safra EUA irá adicionar sustento à esta nova tendência de ascensão dos preços da commodity no mercado de futuros.
CLIMA - AMÉRICA DO NORTE
Condições climáticas com chuvas excessivas são centralizadas para o centro-oeste do Cinturão Agrícola, nestes próximos 5 dias.
O fluxo de chuvas continuará intenso até meados de setembro.
A situação levanta algumas preocupações (as quais necessitam de acompanhamento e confirmações).
Os solos das áreas afetadas são, na maioria, com um alto teor de argila, o que eleva o grau de retenção de água.
Enchentes pontuais já podem ser observadas, elevando as incertezas sobre um bom ritmo inicial de colheita.
Além do mais, não há evidências de que a segunda metade de setembro irá trazer um cenário mais seco, até o momento.
As temperaturas deverão ficar dentro ou logo acima da média, nenhuma geada tem sido presente nas previsões de setembro.
Plantio de soja 18/19 no Brasil crescerá 2% e safra será recorde, prevê FCStone
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja na safra 2018/19 do Brasil, que se inicia neste mês, deve crescer 2 por cento em relação ao ciclo anterior, mas o incremento de produção tende a ser bem mais tímido, uma vez que não se espera repetição do rendimento "excepcional" visto em 2017/18, disse a INTL FCStone nesta segunda-feira.
Em sua primeira estimativa para o novo ciclo, a consultoria disse que a área plantada com a oleaginosa no maior exportador global da commodity deve ir a um recorde de 35,86 milhões de hectares, com as intenções de semeadura crescendo principalmente nos Estados do Centro-Oeste e do Rio Grande do Sul.
Já a colheita de soja deve subir apenas 0,2 por cento, para históricos 119,18 milhões de toneladas, com a produtividade por hectare atingindo 3,32 toneladas, ante 3,39 toneladas no ano passado.
"Mesmo com o crescimento de área, pelo menos por enquanto, não se espera que a produtividade excepcional do ciclo 2017/18 se repita em alguns Estados", afirmou a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi, em nota.
As projeções foram divulgadas no mesmo dia em que uma liminar que poderia suspender o registro de produtos à base de glifosato, importante herbicida usado no cultivo de soja, foi cassada, aliviando os receios quanto à nova safra.
A consultoria disse ainda que espera exportações de 71 milhões de toneladas de soja no ciclo 2018/19, ante um recorde de 74 milhões em 2017/18. A retração se daria diante de estoques mais enxutos.
"Um ponto que poderia mudar o panorama do consumo, seria um acordo entre EUA e China que suspendesse a taxação de 25 por cento sobre a soja norte-americana", ponderou Ana Luiza.
MILHO
A INTL FCStone também projetou que o Brasil deve aumentar a área plantada com milho na primeira safra, a de verão, em 2,5 por cento, para 5,2 milhões de hectares, com destaque para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás.
"Como no começo de 2018, houve dificuldade em se encontrar milho no mercado doméstico e a safra de verão tem ficado cada vez menor, além dos preços internos estarem fortalecidos, existe algum incentivo para ganhos de área, destacando-se que em termos absolutos o aumento é de pouco mais de 126 mil hectares", disse Ana Luiza.
A produção está estimada em 27,2 milhões de toneladas, com rendimento médio de 5,24 toneladas por hectare.
Exportação de soja do Brasil cresce 13,5% de janeiro a agosto, aponta governo
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil de janeiro a agosto deste ano atingiram 64,6 milhões de toneladas, crescimento de 13,5 por cento na comparação com o volume exportado no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do governo brasileiro divulgados nesta segunda-feira.
Há um ano, o maior exportador de soja do mundo havia exportado 56,9 milhões de toneladas.
Os embarques em agosto superaram 8 milhões de toneladas, ante quase 6 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior.
Apesar da última safra de soja do Brasil ter sido recorde, os volumes embarcados em agosto caíram na comparação com julho, à medida que a oferta vai diminuindo.
Além de contar com uma produção histórica neste ano, o Brasil ainda tirou proveito de uma taxa da China contra a soja norte-americana, em meio a uma guerra comercial entre Washington e Pequim.
Com uma tarifa de 25 por cento sobre a oleaginosa dos EUA, a China recorreu fortemente à oferta brasileira.