Toxicologista desmente risco do glifosato à saúde humana e defende mudança nos registros sobre intoxicação por defensivos
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Entrevista com Flávio Zambrone - Presidente do IBTox sobre o Suspensão do Registro do Glifosato
Nesta segunda-feira (13), o Notícias Agrícolas conversou com Flávio Zambrone, presidente do IBTox e referência nas pesquisas relacionadas ao glifosato no Brasil, sobre a decisão da justiça de suspender o uso e a comercialização do herbicida no país.
A conversa vem logo após a justiça americana decidir para que a fabricante do produto indenizasse um produtor que alegou ter sofrido câncer após a exposição ao produto.
Segundo Zambrone, o glifosato é um produto seguro, usado há mais de 40 anos, sobre o qual são desenvolvidos inúmeros estudos. Mais de 100 países o utilizam por conta de sua baixa toxicidade e ausência de outros problemas importantes.
Além disso, ele também classifica o produto como "eficiente e popular", o que também o colocaria como alvo de críticas e questionamentos. De acordo com o pesquisador, todos os estudos indicam que ele não é um potencial causador de câncer.
Ele ressalta o fato de que estes aspectos possuem um grande apelo na grande mídia, mas que os dados são frágeis. As indicações do sistema de saúde e dos hospitais é de que não há esse aumento em detrimento do uso do produto.
Para Zambrone, também é preciso salientar a importância de deixar o acesso ao produto apenas para aqueles que são capacitados para tal.
Ações das Bayer despencam após veredito sobre vínculo entre herbicida Roundup e câncer
Por Ludwig Burger
FRANKFURT (Reuters) - As ações da Bayer chegaram a cair 14 por cento nesta segunda-feira, perdendo cerca de 14 bilhões de dólares em valor de mercado, depois que a recém-adquirida Monsanto foi condenada a pagar 289 milhões de dólares por danos na primeira de possivelmente milhares de ações judiciais nos Estados Unidos sobre supostas ligações entre um herbicida e o câncer.
Depois do veredito em favor de um zelador escolar da Califórnia com câncer terminal, a Monsanto enfrenta mais de 5.000 ações semelhantes nos Estados Unidos, alegando que não avisou sobre os riscos de câncer de herbicidas à base de glifosato, incluindo sua marca Roundup.
A Monsanto, comprada pela Bayer este ano por 63 bilhões de dólares, disse que vai apelar da decisão do júri na Califórnia, no mais recente episódio de um longo debate sobre alegações de que a exposição ao Roundup pode causar câncer.
O caso do requerente Dewayne Johnson, apresentado em 2016, foi acelerado para julgamento devido à gravidade do seu linfoma não-Hodgkin, um câncer do sistema linfático que ele alega ter sido causado por Roundup e Ranger Pro, outro herbicida glifosato da Monsanto.
"O veredito do júri está em desacordo com o peso da evidência científica, décadas de experiência no mundo real e as conclusões de reguladores em todo o mundo que confirmam que o glifosato é seguro e não causa linfoma não-Hodgkin", afirmou a Bayer em comunicado.
Tendo fechado a aquisição da Monsanto, a Bayer está apenas aguardando a aprovação de algumas vendas finais de ativos por questões concorrenciais para incorporar a Monsanto em sua própria organização. A Bayer não negociou nenhum pagamento com os acionistas da Monsanto por litígios relacionados ao Roundup.
As ações da Bayer fecharam em queda de 10,3 por cento, a 83,73 euros. Analistas do Barclays disseram que Bayer está com "dor de cabeça litigiosa".
"Embora o recurso seja certo e possa, de fato, resultar em uma multa menor ou mesmo na reversão total da decisão, um grande número de casos semelhantes pendentes provavelmente se multiplicará."
Alistair Campbell, analista da Berenberg, disse que resolver o problema pode custar à Bayer 5 bilhões de dólares, citando uma estimativa aproximada baseada em acordos passados sobre o analgésico Vioxx da Merck & Co, de 4,9 bilhões de dólares, e do medicamento para colesterol Baycol da Bayer, no valor de 4,2 bilhões de dólares.
A controvérsia também pode afetar as receitas futuras.
Culturas geneticamente modificadas (GM) que resistem ao glifosato são uma fonte principal de dinheiro para a Monsanto, gerada principalmente nas Américas do Norte e do Sul, onde a tecnologia é amplamente aceita.
As preocupações com a saúde podem obscurecer ainda mais as perspectivas para a categoria de produtos após o surgimento de ervas daninhas que se tornaram resistentes ao herbicida.
"Acreditamos que o risco de retirada é extremamente baixo, mas, se materializado, seria um grande golpe para o valor da transação pago pela empresa", disse Campbell, da Berenberg.