"Fascismo do bem", empresa americana declara guerra ao consumo de carne

Publicado em 18/07/2018 08:50
WEWORK, EMPRESA DE CO-WORKING, RESOLVEU BANIR CARNE DO CARDÁPIO PARA “SALVAR O PLANETA”, por Rodrigo Constantino, na Gazeta do Povo + Poder360

A WeWork foi fundada em 2010 em Nova York por Adam Neumann e Miguel McKelvey, que antes eram proprietários da GreenDesk, uma empresa “eco-amigável” de co-working. Atualmente a WeWork conta com milhares de funcionários e está espalhada por várias cidades importantes. Tida como uma das empresas mais inovadoras, a WeWork declarou guerra ao consumo de carne.

Ela acredita que pode “salvar o meio ambiente mais rápido que Elon Musk”, segundo informa o site Bloomberg. Uma das unidades da empresa, localizada em Nova York, informou aos quase 6 mil membros de sua equipe que não seria mais permitido o reembolso de refeições contendo carne, e também que essas refeições não seriam mais servidas em eventos da WeWork.

“Novos estudos indicam que evitar o consumo de carne é a maior atitude que uma pessoa pode tomar para reduzir seu impacto ambiental individual. Ainda mais importante do que optar por veículos híbridos”, afirma o co-fundador da WeWork, Miguel McKelvey. A empresa estima que a eliminação da carne no cardápio pode economizar 16,6 bilhões de galões de água, 445 milhões de libras em emissão de CO2 e mais de 15 milhões de animais até 2023.

Eis a nova religião do mundo, e a que mais cresce também. O “planeta” e os animais passam a valer mais do que o homem e suas liberdades de escolha. Uma empresa cujos fundadores são ecochatos resolve se intrometer na alimentação dos seus funcionários, mas sem problemas: afinal, esse é o “fascismo do bem”, e se é por uma boa causa, então de que vale respeitar as escolhas individuais? Os “ungidos” sabem o que é melhor para todos nós, e devem impor essa “racionalidade”, pois se as pessoas forem deixadas em paz, vão demonstrar seu poder de destruição e sua estupidez.

Estou terminando o livro Sapiens, de Yuval Noah Harari, e ainda pretendo escrever uma resenha. É um livro interessante, escrito por alguém claramente inteligente, mas o que só aumenta o perigo. Afinal, não é difícil detectar esse aspecto um tanto misantropo na obra, e uma quase idealização do passado, quando “éramos” caçadores e coletores (mais coletores, segundo o autor). Nossa espécie é retratada praticamente como uma praga do planeta, e uma visão apocalíptica se faz presente, ainda que com ressalvas pelo reconhecimento de nossa capacidade inovadora.

O mundo da tecnologia moderna, das start-ups e do Vale do Silício, criou uma bolha “progressista” desconectada da realidade dos reles mortais. Nesse universo, o ambientalismo radical e o veganismo substituíram as religiões tradicionais e o apreço pela vida humana, tida antes como sagrada desde a sua concepção. O ovo da tartaruga vale mais agora do que o feto humano, e a vaquinha tem bem mais importância na hierarquia do que os seres humanos, esses “vírus” destruidores. Rejeitar esse radicalismo é cair no “especicismo” condenado por Peter Singer. Como ousa se achar mais importante do que uma paca?!

O mundo nunca esteve tão dividido entre a turma da bolha e o restante, o “povão”. Esse pessoal “descolado” e “prafrentex” não convive mais com gente comum, do tipo que frequenta culto ou igreja aos domingos, fuma cigarro normal (aquele “vapor” de água não conta), faz compras no Walmart e convida os amigos para um “barbecue” no domingo.

Para essa elite “liberal”, esses são os bárbaros alienados do passado, que precisam ser “educados” até aprender o que realmente importa na vida. Não cultuar Deus, valorizar a família tradicional ou curtir os amigos num churrasco, mas sim abraçar árvores, cultuar o gado e comer tofu orgânico num lugar limpinho, de preferência com seu “amigx” que não sabe, hoje, se é homem ou mulher, pois depende do clima do momento.

Rodrigo Constantino

 Brasil só será uma grande nação quando tratar produtores rurais com orgulho (XICO GRAZIANO)

Brasil se tornou o maior produtor de soja do mundo, igualado aos EUA. Já a China, de onde a leguminosa é nativa, virou a maior importadora mundial do grão. Como isso pode ter acontecido? 

A resposta se encontra no extraordinário livro “A saga da soja no Brasil”, escrito por 2 renomados pesquisadores da Embrapa. Décio Gazzoni e Amélio Dall’agnol perpassam pela história produtiva da soja – que se inicia há 3 mil anos – mostrando como, no Brasil, fomos capazes de dominar o ciclo produtivo de uma planta acostumada com o frio oriental, adaptando-a ao calor tropical.

Veja que curiosa equação agronômica se resolveu. Na China, originalmente, e, depois, há 1 século, nos EUA, as lavouras de soja vigoram em terrenos cuja latitude é superior a 30° N. São regiões de clima temperado, com neve no inverno.

Essa característica inata da soja permitiu sua razoável adaptação aos solos do Rio Grande do Sul. Os gaúchos começaram a cultivá-la, a partir de 1940, em latitudes semelhantes àquelas, mas no Hemisfério Sul. Assim, durante 2 décadas, a nossa sojicultura permaneceu restrita às regiões mais frias do país.

Até que, em meados dos anos 1960, se iniciou a expansão do agro brasileiro para o Centro-Oeste. Mas havia um problema: a soja não se dava bem nos trópicos. O grande desafio da pesquisa agronômica era “quebrar” o gosto da soja pelas latitudes elevadas, fazendo-a aceitar o calor do cerrado nacional.

Acontecia que, quando levadas para as regiões mais quentes, as plantas de soja logo interrompiam seu período juvenil e, influenciadas pela forte radiação solar, paravam de crescer, iniciando seu florescimento ainda pequenas. Resultado: pouco produziam.

Os pesquisadores sabiam que era o comprimento do dia – o chamado fotoperíodo – a variável-chave dessa equação. Seu objetivo, então, foi conseguir, através do melhoramento genético, modificar o padrão de crescimento e floração das plantas. Deu certo. Alterar a indução floral da soja foi a grande mágica da ciência da terra.

Quando, a partir das pesquisas pioneiras do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e, mais tarde, da contribuição fundamental da Embrapa, de Londrina, se conseguiu alterar essa característica inata da soja, tudo avançou.

Retardando seu florescimento, a planta passou a crescer vigorosamente nas regiões mais quentes, formando bagas cheias de grãos. Nascia assim a agricultura tropical da soja.

O melhoramento genético era uma condição necessária, mas não suficiente. Ocorre que o cerrado brasileiro, como sabem, apresenta solos pouco férteis, arenosos e ácidos que, tomados em comparação com as terras roxas e ricas de São Paulo ou Paraná, sempre foram desprezados.

Mais uma vez, a pesquisa agronômica entrou em ação. A partir de pesquisas iniciais existentes no Paraná, a Embrapa desenvolveu um pacote tecnológico, baseado na integração de ciclos produtivos e no plantio direto – sistema conservacionista que dispensa aração e gradeação do solo – que hoje ampara a formidável expansão da agricultura pelo interior do país.

A produção nacional de soja cresceu 400 vezes desde 1960. Na safra colhida em 2017, a região do cerrado produziu 60% da soja brasileira. A produtividade média das lavouras, que era de 1 127 kg/ha (1960), saltou para 3 386 kg/ha (2017). É sensacional.

A saga da soja no Brasil, porém, não pode ser contada apenas pela ótica da tecnologia. Uma das riquezas do livro do Décio e do Amélio centra naquilo que eles denominam de “elemento gaúcho”: uma feliz associação entre as maravilhas tecnológicas, que ajudaram a desenvolver, e o arrojo dos filhos dos agricultores sulistas que, naquela época, deixaram suas pequenas roças para se aventurar pelo desconhecido Brasil Central.

Esses pioneiros tiveram um papel fundamental no processo de desenvolvimento tecnológico que permitiu a ocupação do cerrado nacional. Por um lado, a Embrapa lhes ofertava tecnologia; por outro, eles a experimentavam na roça, dando à instituição de pesquisa o feedback necessário para realimentar o avanço do conhecimento científico. Inexiste boa teoria sem prática constante.

Nos EUA, a conquista do Oeste, rumo à Califórnia, ocorrida há mais tempo, se conta como uma famosa epopeia. Por aqui, essa história, ainda recente, é pouco valorizada. Mas um dia chegará.

Há uma gente empreendedora e empoeirada construindo um novo Brasil nas entranhas do cerrado. Quando você viaja à essas regiões, e conversa com os jovens, eles lhe contam com orgulho a saga de seus pais, que abriram aquelas paradas distantes do litoral. É muito legal.

Pergunto: será que os políticos, candidatos ao comando do país, têm a mínima noção dessa história de sucesso? Sabem eles que a política pública – a pesquisa em especial – pode ser determinante para os rumos futuros da agropecuária, como foi no passado?

Tenho minhas dúvidas. Mas guardo uma certeza: o Brasil somente será uma grande nação quando tratar com orgulho, e não com menosprezo, seus produtores rurais.

Na questão dos javalis, está imperando o fundamentalismo ecológico anti-iluminista e autoritário, diz Xico Graziano

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente deu parecer CONTRÁRIO ao projeto que protege os javalis em São Paulo. O governador Márcio França (PSB), entretanto, sancionou a controvertida lei. Afinal, a quem ela interessa?

Não aos ecologistas. Seus principais líderes concordam com o órgão ambiental paulista, que defende o controle do Sus scrofa (javali-europeu) por ser uma espécie nociva para a biodiversidade e às atividades produtivas, além do potencial risco à saúde pública em decorrência da transmissão de zoonoses.

Originários da Europa, esses bichos enormes fugiram dos cativeiros argentinos e uruguaios, para onde foram levados há mais de século. Soltos por aí, cruzaram com porcos domésticos – daí surgiram os híbridos javaporcos – e subiram o continente, adentrando Brasil afora. Altamente prolíferos – cada casal gera em média 40 filhotes por ano – e sem inimigos naturais, sua população estourou.

Manadas de javalis, com certeza acima de 1 milhão de animais, perambulam pelos campos, espalhados já por 15 Estados brasileiros. Na Serra da Mantiqueira uma contagem da sua população indicou 16 javalis/km². Eles destroem lavouras, fuçam as nascentes e, por serem onívoros, comem de tudo – raízes, colmos, brotos, ovos, pequenos animais.

Há 5 anos, após serem reconhecidos como um risco sanitário, ambiental e social iminente no país, os javalis passaram a ter seu controle permitido pelo IBAMA. Seu abate com arma de fogo foi regulamentado (IN 03/2013) e, até o final de 2006, haviam sido eliminados 17.344 animais, cerca de 25% deles em São Paulo. Na França, para comparação, são mortos perto de 500 mil javalis por ano.

A proibição da caça do javali em São Paulo e a ditadura dos falsos protetores é o título de recente, e contundente, artigo publicado no insuspeito site OEco, cujos autores criticam fortemente a lei paulista: “sob o falso pretexto de proteção à fauna e à biodiversidade, a lei proíbe a caça de espécies declaradas nocivas como os javalis, uma das piores exóticas invasoras do planeta”.

Proibir o controle dos javalis é, como se vê, um absurdo antiecológico. Em todo o mundo, centenas dos chamados bio-invasores, sejam plantas ou animais, causam estragos na biodiversidade e são combatidos a elevados custos pelas políticas públicas. Apavoram os protetores do meio ambiente.

Pergunto novamente: a quem interessa, então, proibir o controle dos javalis? Resposta: aos defensores do direito dos animais, aqueles que têm horror à caça e combatem a crueldade animal. Segundo esses, pouco importa se os bichos transmitem doenças, arrasam nascentes, destroem plantações: eles merecem todo o nosso respeito e consideração. Deixem os bichinhos viver em paz!

Alinhado com o autor da proposta, o deputado estadual Roberto Trípoli (PV), essa é a turma radical que joga ao lado dos javalis. De ecologista não tem nada. Igualmente lutam contra o uso, na medicina, de cobaias em laboratório, como ratos, por exemplo. Pouco importa o argumento dos cientistas: sua ética enxerga somente o lado dos animais. São contra o antropocentrismo. Ponto final.

Suas atitudes demonstram um perigoso anti-iluminismo contemporâneo, um tipo de fundamentalismo ecológico anticientífico, que se lixa para a consequência de seus atos. Nada a ver com os ecologistas sérios, que debatem a fundo os problemas que envolvem a relação homem-natureza.

Resta a pergunta mais difícil: como se explica, então, que os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo tenham aprovado por unanimidade a referida lei? Sim, e por que o governador a sancionou mesmo contra o parecer ambiental?

Ninguém sabe explicar. Talvez nem tenham lido a matéria. Talvez tenham ficado com medo da retaliação dos fundamentalistas ecológicos. Talvez tenham acreditado que teriam mais votos assim. São indecifráveis os mistérios da política nacional.

Fonte: Poder360

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