Soja: Estoque alto, de 6 mi/t , antecipa mistura B-10 já para 2018

Publicado em 13/12/2017 10:46
Fábio Trigueirinho, da Abiove, acredita em preços estabilizados em US$10/bushel

Fábio Trigueirinho, presidente em exercício da Abiove, conversou com o Notícias Agrícolas para fazer um balanço de fechamento do ano de 2017 para o mercado da soja, bem como as perspectivas no horizonte para o ano de 2018.

O presidente acredita que os preços da oleaginosa devem manter um cenário de estabilidade por volta dos US$10/bushel dado os fundamentos disponíveis: uma grande oferta global e um aumento na demanda que impede que os preços se estabeleçam em patamares menores. A China tem sido um grande player neste mercado, uma vez que sua população come cada vez mais carne e tem um aumento no poder aquisitivo.

Em março de 2018, o Brasil também contará com 10% da adição do biodiesel, que é feito a partir do óleo de soja, no diesel. A indústria automotiva está na fase de conclusão de testes de desempenho desta mistura, mas Trigueirinho visualiza que, tendo em vista o histórico em outros países, a fase do chamado B10 tem caminho aberto para um bom funcionamento.

O país deve entrar no ano de 2018 com 6 milhões de toneladas de estoque de passagem em função da grande produção de 2017 ("um ano fora da curva"). Não fosse a demanda aquecida, nosso carry-over seria maior, frisou o dirigente da Abiove.No próximo ano, esse número deve diminuir para 4,5 milhões de toneladas com menor produção no Brasil e o aumento da adição de soja no biodiesel.

Trigueirinho aposta, também, que o Brasil tem o potencial de atender a demanda crescente dos chineses mais do que os demais concorrentes. Com isso, a soja tem sido "um dos melhores negócios" e este é um dos produtos para se apostar em 2018.

No curto prazo, ele salienta que o clima será o grande driver dos negócios. Após isso, a demanda e a logística - este último fator que traz maiores preocupações, mas que o presidente espera que tenha uma boa fluência no próximo ano.

IBGE prevê safra de grãos 9,2% menor em 2018 (a de 2017 foi 30,2% maior)


A safra de grãos do próximo ano deverá ser 9,2% menor do que a de 2017, de acordo com as previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgadas nesta terça-feira (12). A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas foi estimada em 219,5 milhões de toneladas. Devem cair as produções de milho (15,9 milhões de toneladas) e soja (6,8 milhões de toneladas).

Já a 11ª estimativa para a safra de 2017 totalizou 241,9 milhões de toneladas, com aumento de 56,1 milhões de toneladas (30,2%) em relação a 2016 (185,8 milhões de toneladas).

A área a ser colhida, de 61,2 milhões de hectares, foi 7,2% maior que a de 2016. O arroz, o milho e a soja, juntos, representam 93,9% da estimativa da produção e respondem por 87,8% da área a ser colhida.

Na comparação com 2016 cresceram as áreas de soja (2,2%) milho (19,2% ) e arroz (4,6% ). Quanto à produção, ocorreram aumentos de 17,4% para o arroz, 19,4% para a soja e 55,2% para o milho.

Regiões

A previsão de novembro para a safra de 2017 aponta produção de cereais, leguminosas e oleaginosas com a seguinte distribuição, em toneladas:

Centro-Oeste (106,0 milhões);

Sul (85,2 milhões); 

Sudeste (24,0 milhões); 

Nordeste (17,9 milhões); 

Norte (8,8 milhões)


Em relação à safra passada, foram constatados aumentos em todas as regiões:

Nessa avaliação para 2017, o Mato Grosso liderou como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 26,2%, seguido pelo Paraná (17,2%) e Rio Grande do Sul (15,1%), que, somados, representaram 58,5% do total nacional previsto.

"Se o clima for perfeito novamente poderemos ter outro recorde", diz secretário do MAPA

O secretário-substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sávio Pereira, destacou que a previsão de redução da produção é “perfeitamente explicável”.

“Temos ainda uma safra imensa para o ano que vem e se o clima continuar perfeito podemos, eventualmente, atingir um novo recorde de produção", avaliou Pereira. Sobre o crescimento da área plantada, ele afirmou que "são oito anos de crescimento contínuo. Nas últimas nove safras, o país registrou um aumento médio anual de 1,8 milhões de hectares”.

O secretário também comemorou os resultados das exportações agrícolas. “Até novembro, já tínhamos exportado 80 milhões de toneladas do complexo de soja [soja, farelo e óleo da oleaginosa], o que representa um crescimento de 30% no escoamento da soja, resultando em uma receita de cerca de R$ 30 bilhões.”

 

Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas/IBGE

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