Miséria Sustentável: Amapá foi o estado que teve o maior recuo do PIB no Brasil em 2015

Publicado em 21/11/2017 09:29

O Amapá foi o estado que teve o maior recuo no volume do Produto Interno Bruto (PIB) em todo o país no ano de 2015 comparado ao ano anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mudanças nos setores produtivos e da indústria provocaram a maior parte do decréscimo de-5,5%, que totalizou um valor corrente de R$ 13,8 bilhões.

A queda do índice econômico foi generalizada e atingiu todos os estados do país pela primeira vez desde 2002. Considerando todas as regiões, o encolhimento do PIB foi de 3,5% no Brasil. Os dados foram divulgados na quinta-feira (16).

A Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) informou que a mudança de espécie explorada pela multinacional Amcel na silvicultura, a recontagem do rebanho agropecuário, a paralisação das atividades da mineradora Zamin e a ligação do estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que reduziu a produção de energia termelétrica em 132,31%, contribuíram para a recessão. Apesar disso, a pasta indica que já há indícios de recuperação do PIB em 2017.


Com 0,2% de participação no índice brasileiro, o Amapá lidera o ranking entre os estados, seguido por Amazonas (-5,4%) e Rio Grande do Sul(-4,6%). Na outra ponta, aparecem Mato Grosso do Sul (-0,3%), Roraima (-0,3%) e Tocantins (-0,4%) com as menores quedas.

“O Amapá teve um problema na exportação de minério, um problema no porto, e isso gerou efeito em todas as outras atividades do estado”, ressaltou o gerente de Contas Regionais do instituto de pesquisa, Frederico Sergio Cunha, ao portal de notícias G1.

Para o economista e secretário de Estado do Planejamento, Antônio Teles Júnior, o índice é reflexo das mudanças enfrentadas pelo estado nos setores produtivo e da indústria, seja público ou privado. “Houve uma queda no PIB, com variações nos setores acima de 50%”, comentou Teles.

A pesquisa “Contas Regionais”, que divulga dados relacionados ao PIB, é feita pelo IBGE em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). No Amapá, os dados foram fornecidos pela Seplan.

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COP-23: discordância americana, urgência climática e reflexão brasileira (Poder360)

EUA brincam de cabo de guerra com o Acordo de Paris; Brasil demonstra conflito entre dados domésticos e propostas (Por Carolina Reis do Nascimento*)

A 23ª Conferência do Clima (COP-23), que ocorreu semana passada em Bonn, na Alemanha, reuniu delegações de países ao redor do mundo, ONGs, empresas, institutos de pesquisas climáticas e cientistas para juntos apresentarem novos dados, negociarem propostas e reforçarem seu comprometimento com o Acordo de Paris. O Acordo, criado na COP de 2015 e assinado oficialmente em 2016, tem sido alvo de preocupação ao redor do mundo desde junho, quando o presidente norte-americano Donald Trump anunciou que os EUA, uma das nações que mais explora combustíveis fósseis, não fariam mais parte dele.

Sendo este ano a primeira vez em que os EUA não teriam absoluto posicionamento pró-redução de gás carbônico, como era o caso dos repres0)entantes enviados pelo ex-presidente Obama, a expectativa para a participação da delegação norte-americana na COP-23 era grande. Pela primeira vez em quase 4 anos, relatórios científicos prevêem que emissões de efeito estufa aumentaram mundialmente este ano, notícia que causou extrema sensação de urgência para a conferência. A dualidade dos EUA aumentou as dúvidas.

A delegação oficial dos EUA, integrada em sua maior parte por representantes da indústria de combustíveis fósseis, como executivos da Peabody Energy (a maior empresa do mundo de combustíveis de carvão) e da NuScale Power (empresa que desenvolve reatores nucleares), chocou o público da COP-23 ao espalhar ceticismo sobre a credibilidade dos dados científicos que comprovam o aquecimento global. Eles também deram palestras explicando os tweets deDonaldTrump sobre as mudanças climáticas atuais serem uma enganação fabricada pelo governo chinês. De acordo com a repórter do New York TimesLisaFriedman, o escritório da delegação permaneceu fechado para entrada de outros oficiais pela maior parte da cúpula – o que parece ser ao menos simbólico, além de preocupante.

A insegurança criada pela indiferença dos EUA foi abafada pela outra delegação norte-americana presente, o US Pavilion, que tomou as rédeas e prometeu aos diplomatas presentes que os EUA cumprirão sua promessa e trabalharão para atingir as metas determinadas no documento. Neste grupo, está o prefeito de Nova Iorque, Mike Bloomberg, que já doou USD$15milhõesparaocombateàsmudanças climáticas e luta pela permanência dos EUA no Acordo de Paris, assim como o ex-vice presidente Al-Gore e outros ativistas e empresários norte-americanos. “Estamos dentro”disseBloomberg ementrevista“[O público norte-americano] reconhece que há um problema e que devemos ajudar a solucioná-lo se queremos ter algum futuro neste mundo.”

A discordância entre delegações americanas foi vista não só nas propostas para o futuro dos acordos climáticos, mas nas suas interações com o público de Bonn e participantes do evento. Friedman também fez questão de registrar o “pavilhão”instalado com o patrocínio de Bloomberg:

 
 

And just for contrast here is the alternate, Bloomberg-funded US Pavilion. This is just the entrance. #COP23

 
 

Compromissos norte-americanos feitos sob o governo Obama de cortar emissões em pelo menos 26% (comparado a níveis de 2005) até 2025 deverão ser mantidos já que Trump não pode oficialmente retirar o país do Acordo de Paris até 2020.

Enquanto isso, a delegação brasileira, liderada pelo negociador-chefe e embaixador Antônio Marcondes, pediu que países desenvolvidos façam suas partes nas propostas delineadas no protocolo de Kyoto (estendido até 2020). O Brasil reafirmou suas próprias promessas ao Acordo de Paris, como redução de 37% das emissões de carbono até 2025 e em 23% até 2030. As reduções estão previstas para afetar setores da economia como produção de energia de fontes renováveis e o desmatamento ilegal da Amazônia.

O relatório divulgado pelo Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) revelou que as emissões brasileiras de gás carbônico aumentaram9% em 2016. “Há uma contradição muito grande entre o que é apresentado no discurso internacional e o que é feito na prática”, constatou Sonia Guajajara, representante latina em Bonn, sobre o Brasil.

Marcondes enfatizou que por mais que o Brasil peça melhorias à comunidade internacional, internamente é necessário um empenho maior para conseguir equipará-lo aos esforços mundiais de combate à mudanças climáticas: “Apelo para o Congresso […] para que a gente possa avançar na ambição das metas climáticas”, refletiu Marcondes. Para a delegação brasileira, soluções como melhor regulamentação das leis climáticas e fortalecimento de iniciativas ambientais são o caminho que o país deve prosseguir o quanto antes. __

*Carolina Reis do Nascimento, 19 anos, estuda economia e administração na Northeastern University, em Boston, e colabora com o Poder360.

Fonte: Ambiente Inteiro

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