Mudança de patamar do dólar deve ser encarada como oportunidade para vendas no agro
Antônio da Luz, economista da Farsul, destaca que a movimentação agressiva do dólar no Brasil nos últimos dias ocorre em função de duas forças simultâneas: o cenário do próprio dólar e o cenário do real. No caso atual, o dólar está ganhando valor, enquanto o real está perdendo.
Do lado da moeda americana, uma série de medidas de fortalecimento da economia americana adotada pelo presidente Donald Trump pode implicar em um crescimento de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Contudo, os Estados Unidos possuem um PIB de 19 trilhões de dólares. Em termos de comparação, Luz cita o Brasil, que possui um PIB de 1,8 trilhões. Assim, um crescimento de 10% nos Estados Unidos seria equvalente a um crescimento de 37% no Brasil, o que faz o mercado revisar o dólar em relação às demais moedas do mundo.
Por sua vez, o real perde valor porque existe uma expectativa no mercado de que o presidente Michel Temer não irá conseguir aprovar as reformas prometidas, tendo em vista que esta foi uma das moedas de troca na votação pela suspensão de sua investigação. O Congresso Brasileiro evita aprovar medidas impopulares e a tendência é que, mesmo se a Reforma da Previdência for aprovada, ela não esteja de acordo com o que o mercado aguarda.
Porém, os próximos caminhos da relação cambial dependem muito de como essas duas situações irão se comportar, bem como os próximos desdobramentos políticos em ambos os países.
Brasil x Mercosul
Luz também foi responsável por um estudo que trouxe a comparação dos custos de produção no Brasil em relação aos outros países do Mercosul. A motivação veio após perceber que grãos vindos dos vizinhos eram vendidos a preços mais baixos. Foram coletados dados da Argentina e do Uruguai.
Este estudo chegou a resultados que identificaram, por exemplo, que o glifosato é 140% mais caro no Brasil do que nos países pesquisados. Sobre esse fator, ele destaca que os demais países do Mercosul possuem maior liberdade para comprar seus insumos, enquanto o produtor brasileiro só pode comprar internamente.
Além disso, ele também indica que a diferença está na tributação e nas licenças exigidas dentro do país. Na visão do economista, "a manutenção desse governo está matando o agronegócio", já que as culturas de trigo e arroz poderiam estar em melhor situação caso houvesse uma maior economia neste aspecto.
Ele afirma que a reforma mais importante para o agronegócio neste momento é a Reforma Tributária e defende que esta seja apoiada por todo o setor para que os interesses de governos estaduais e corporações não sejam colocados em primeiro plano.
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