"O produtor rural virou a página da recessão no Brasil", diz economista
O primeiro trimestre encerrou com um crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, indicando a saída do país da mais longa recessão da história. Esses números, entretanto, foram puxados pelo agronegócio.
De acordo com Antôno da Luz, economista da Farsul, a recessão só ocorreu porque, desde 2009, o Brasil tomou "diversas decisões econômicas equivocadas". A crise política, por sua vez, tomou a recessão pior do que ela seria, embora não tenha ocasionado o problema, como aponta o economista.
Como consequência, a inflação bateu quase 11% em 2015, em consequência de políticas fiscais e de crédito que tomaram caminhos errados.
"A nova equipe econômica está aplicando a teoria econômica do jeito que ela foi escrita", diz o economista. Ele diz que essa recessão deve servir para que a população entenda o que funciona e o que não funciona.
Quem tirou o Brasil da crise, por sua vez, não foi o Governo, que fez apenas o óbvio. Entretanto, a agropecuária cresceu 13% no primeiro trimestre - fazendo com que o produtor rural brasileiro fosse o grande responsável pela retirada do país dessa recessão.
O PIB da agropecuária de 3,4% "não foi feito hoje, mas foi feito lá atrás, quando o produtor decidiu produzir mais", embora a contribuição do produtor para a economia tenha que ser separada da renda do produtor, uma vez que esta é uma safra de bolso vazio devido aos baixos preços no mercado.
As principais mudanças para a nova economia, sendo Luz, foram construídas sobre credibilidade, reconstrução da política monetária para abaixar a inflação, correção da política fiscal, reduzindo os gastos públicos e a maquiagem nos números. Ele salienta que o óbvio que está sendo feito na economia precisa ser comemorado.
Assim, a rentabilidade para os produtores rurais torna-se um ponto fundamental para agora. Para ele, tributar mais os produtores, um setor que vai bem é uma "burrice". Luz destaca que o Banco Central tem plena consciência de que a rentabilidade está baixa. Mas, no momento em que a economia começa a melhorar, o consumo também começa a melhorar e, consequentemente, os produtores rurais passam a ser mais demandados por parte da população.
Não há motivo, entretanto, para os produtores mudarem sua perspectiva quanto à economia no momento. O Brasil ainda não cresceu o suficientemente para que seja comemorada com "euforia" uma recuperação. Ele aconselha a comprar seus insumos e fazer seus negócios, porque ainda há muitas incógnitas no futuro, sobretudo nos desdobramentos políticos. "Vamos ser conservadores", aponta.
Na Reuters: Economia cresce 1% no 1º tri e Brasil sai da recessão, mas investimentos ainda sofrem
Por Patrícia Duarte e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 1 Jun (Reuters) - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1 por cento no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, resultado em linha ao esperado e com forte expansão do setor agropecuário, mas os investimentos continuam em queda.
Com isso, o país encerrou dois anos seguidos de recessão, a mais longa da história. Sobre o primeiro trimestre de 2016, no entanto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, o PIB encolheu 0,4 por cento nos três primeiros meses deste ano. Pesquisa da Reuters apontava que a economia cresceria 1 por cento entre janeiro e março na comparação com o trimestre anterior, maior avanço desde o segundo trimestre de 2013 (+2,3 por cento), e mostraria queda de 0,5 por cento sobre o primeiro trimestre de 2016.
Segundo o IBGE, a agropecuária saltou 13,4 por cento no trimestre passado, comparado com o período imediatamente anterior, por conta da supersafra, enquanto a indústria teve expansão de 0,9 por cento e os serviços ficaram estagnados.
Pela ótica da despesas, no entanto, o quadro foi mais negativo, com destaque para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com queda de 1,6 por cento no período, enquanto que o consumo das famílias e do governo recuaram 0,1 e 0,6 por cento, respectivamente. As exportações de bens e serviços, por outro lado, subiram 4,8 por cento.
O IBGE revisou ainda o resultado do PIB no quarto trimestre do ano passado, para queda de 0,5 por cento, sobre redução de 0,9 por cento antes. O instituto fez recentemente mudança de metodologia para mensurar os setores de serviços e varejo, cuja base de comparação passou a ser 2014, e não mais 2011.
Apesar da melhora no primeiro trimestre, especialistas acreditam que a economia pode voltar a perder força daqui para frente, ainda com o desemprego elevado e a crise política que atingiu o presidente Michel Temer.
Ele é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes, entre outros, de corrupção passiva após delações de executivos do grupo J&F. Com isso, já há pedidos de impeachment contra o presidente no Congresso Nacional, aumentando os temores de que as reformas, sobretudo a da Previdência, não saiam do papel.
E eram justamente elas apontadas por especialistas como fundamentais para garantir recuperação consistente da economia, junto com a queda de juros básicos. Mas esta também foi afetada pela crise política.
Na véspera, o Banco Central manteve o passo e reduziu a Selic em 1 ponto percentual, a 10,25 por cento, apesar de o cenário de inflação dar suporte para movimentos mais ousados. E sinalizou que vai optar por reduções menores daqui para frente.
No G1: Safra recorde de grãos reanima a economia e salva o PIB do 1º trimestre
Não fosse a boa surpresa da agropecuária este ano, a economia brasileira teria mais um trimestre de PIB negativo. Nos três primeiros meses de 2017, a safra recorde de grãos cumpriu a promessa de tirar a economia de um ciclo de oito trimestres seguidos de queda, enquanto a indústria e serviços não deram sinais claros de reação. O PIB da agropecuária cresceu 13,4% no primeiro trimestre, puxando um crescimento de 1% no PIB do primeiro trimestre.
O clima ruim que devastou hectares e cortou empregos em 2016 já é página virada na agropecuária. No ano passado, o setor encolheu 6,6%, a maior retração dos três setores do PIB, prejudicado pela colheita fraca de cana-de-açúcar, soja e milho. Juntas, estas culturas somam quase 60% da produção agrícola do país.
Recém-saída da crise, a agropecuária é agora o carro-chefe da expansão da economia, graças à colheita excepcional das principais culturas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra agrícola deve crescer 26,2% este ano, para 233,1 milhões de toneladas. E quase metade dessa expansão é soja.
E o bom resultado da agropecuária não deve ficar restrito ao primeiro trimestre. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) estima em 8,5% a alta o PIB do setor em 2017. A consultoria MB Associados calcula um avanço de 8% em 2017. “A safra excepcional deve gerar retorno para o resto do ano”, diz o analista de agropecuária da consultoria MB Associados, César de Castro Alves.
Leia a notícia na íntegra no site do G1.