Enquanto governo brasileiro discute efeitos da 'Carne Fraca', China e União Europeia garantem outros fornecedores
Damas acredita que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, ainda terá um longo trabalho pela frente. Os embargos mais preocupantes são os por parte da União Europeia e da China e de Hong Kong - a China, inclusive, após embargar a carne brasileira, já removeu suas últimas restrições que ocasionavam em uma barreira na importação de carne proveniente da Austrália, dando a entender que ela poderá voltar a procurar produto neste mercado.
Somados, os três países representam 35% do mercado de exportação de carnes brasileiro. Damas aponta também para uma maior atenção em relação à Irlanda, que também pode se tornar um exportador em substituição ao Brasil.
O economista acredita que os investidores estrangeiros não separam "o joio do trigo" - ou seja, mais um caso de corrupção no país é sinal de que as coisas não vão bem e que as negociações não podem ser confiáveis. Supermercados já retiram das gôndolas a carne brasileira e este fator pode afetar, também, o Risco Brasil e o câmbio, embora a Carne Fraca seja uma operação localizada e pontual.
Ele avalia que a economia nacional, ameaçada, pode levar cinco anos para recuperar prejuízos acumulados em uma semana. A partir de agora, ele aponta que o Governo deve realizar um trabalho intenso com reuniões e negociações junto aos compradores da carne brasileira, montando uma "equipe de crise" - alertando ainda que alguns importadores podem aproveitar este momento para negociar preço. Com isso, Damas destaca que, na melhor das hipóteses, o Brasil pode perder 20% de suas exportações - seja em quantidade ou em preço.
A cadeia de carnes, por sua vez, poderá ser diretamente afetada, com muitos produtores tendo suas margens prejudicadas e custos elevados, derrubando o fluxo de caixa. Para Damas, ainda é cedo para traçar uma estratégia em um momento em que "todo mundo está batendo a cabeça". Já para os exportadores de grãos, sobretudo, a soja, ele aconselha a antecipar as negociações com esses mercados e defender o produto perante a eles, diferenciando as duas coisas.