Chuvas mal distribuídas no Noroeste do Paraná

Publicado em 28/11/2016 11:38
Chuvas mal distribuídas no Noroeste do Paraná
Confira a entrevista de Valdir Edemar Fries - Produtor Rural - Itambé-PR

Sofrendo os efeitos do La Niña, que deverá provocar o corte de chuvas no sul do país, o estado do Paraná aguarda por chuvas a partir deste dia 28 de novembro, que deverão ficar na região até o próximo dia 02 - no entanto, essas chuvas deverão ser mal distribuídas. Com isso, a soja plantada sofre os efeitos da estiagem.

Na lavoura de Valdir Fries, em Itambé (PR), noroeste do estado, o plantio foi realizado no início de setembro, como forma de prevenção dos problemas que viriam a acontecer daqui para a frente. As previsões estendidas publicadas anteriormente já davam conta da possibilidade do problema e, com isso, o produtor se antecipou em dar início à sua lavoura de forma precoce.

As lavouras plantadas em setembro já estão em frutificação e fase final de floração. Com o estresse hídrico, se inicia o processo de perda, como relata Valdir. "Consequentemente, vai afetar a produção. Mas se as chuvas chegarem de modo geral, teremos boas produtividades. A soja consegue se reestabelecer e recupera bem", destaca.

Ele lembra também que, em consequência disso, as produtividades não deverão ser as mesmas esperadas no início do plantio. "Isso já pode esquecer. Mas, se chover, [a soja] pode atingir bons níveis iguais ou superiores à média nacional", diz.

O produtor conta que o noroeste do Paraná conta, em geral, com lavouras em boa condição e outras que apresentam perdas significativas. Embora o noroeste tenha o solo bastante profundo, algumas áreas possuem o solo mais raso ou mais misto, como na divisa com São Paulo. Automaticamente, essas lavouras sofrem a consequência de danos maiores com as chuvas mais rasas.

Ele recomenda também o plantio no início de setembro para se ter uma janela maior depois do plantio de safrinha para que seja possível o plantio de aveia, como uma nova ferramenta de conservação do solo, com boa sustentação econômica. Para Valdir, a palhada é um fator fundamental para preservar a umidade do solo - enquanto outras medidas posteriores são apenas paliativas, como a fertilização líquida.

Cenário paranaense

O Paraná investiu e, agora, mais do que nunca, deve voltar a reinvestir no que foi feito durante a década de 80, quando foi trabalhado um projeto de microbacias e 100% de área conservada. Com a vinda de novas tecnologias, muitos produtores abandonaram o sistema de terraceamento e "hoje estão sofrendo na pele", como destaca Valdir.

Na região de Campos Gerais, em especial, a retirada de terraço é feita porque a palhada perdura por dois a três anos, devido ao clima diferenciado. No noroeste do Paraná, que recebe bastante valor, depois de 80 dias de plantio da soja, por mais cobertura que se tenha, 50% da palhada já é mineralizada pelo solo.

Ele alerta também para o controle de pragas. Até 2014, não era observado o ataque de lagartas spodoptera, popularmente conhecidas como lagarta do cartucho, na lavoura de soja. Essa, portanto, é uma questão que ainda trará bastante preocupação para os produtores.

A safrinha de milho, como ele lembra, ainda enfrenta problemas com as cultivares a serem plantadas. Valdir não gostaria de plantar a tecnologia Bt Pro2, mas como precisa de produtividade, tem que optar por aquela que traz maior rendimento.

Comercialização

Ele acredita que a soja ainda terá um preço surpreendente no futuro. Em nível de região, os preços giram atualmente em torno de R$70 a saca. Ele conta que já travou 20% de sua safra - costumava fechar 40%, mas dado os riscos de produção e também as perspectivas de melhores preços, houve uma venda menor de soja no mercado futuro acreditando em melhor remuneração.

Há a expectativa de uma alta maior no câmbio e, por isso, os produtores seguram mais a comercialização. "Às vezes, é melhor você deixar de ganhar do que perder", acredita Valdir. "Deve fazer cálculos dos custos e deve travar alguma coisa, mas a análise cabe a cada um dos produtores e os analistas de mercado estão aí para orientar".

Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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