Alerta ao ataque de lagartas na soja recém plantada da safra 2016/17!

Publicado em 28/11/2016 09:12
João Batista Olivi entrevista o engenheiro agrônomo Dirceu Gassen e o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa

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Alerta ao ataque de lagartas na soja recém plantada da safra 2016/17!

 

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Neste momento, um alerta se acende sobre o Mato Grosso. O ataque de quatro espécies de lagartas spodoptera, que tradicionalmente atacam o milho e as pastagens, estão passando para a soja, em um momento em que os preços da oleaginosa estão em alta em Chicago e, assim, vantajosos ao produtor rural.

O problema não é generalizado - ocorre apenas em alguns bolsões específicos -, mas pode se espalhar. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o engenheiro agrônomo Dirceu Gassen e o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, comentaram as incidências e o que pode ser feito para o que o problema seja mitigado.

Gassen lembra que a soja é o cultivo que mais possui proteína no grão, com 40%. Além disso, também possui o óleo vegetal comestível. Ambos se tornam alimentos muito atrativos para pragas, percevejos e doenças, o que torna, portanto, a planta suscetível ao aparecimento das lagartas.

Em geral, as lagartas não se desenvolvem na soja. Mas um controle errático feito em milheto, gramíneas ou milho que sobreviveu em ambiente de soja podem fazer com que elas migrem para a cultura, como destaca o engenheiro agrônomo.

Ataques no Mato Grosso

Na lavoura de Marcos da Rosa, em Canarana (MT), as lagartas já são realidade. Ele descreve que sofre ataque por parte das quatro espécies e lembra que a tecnologia Intacta, utilizada na soja, protege contra várias outras pragas, como a Helicoverpa armigera, mas não protege contra a lagarta spodoptera. Na sua lavoura, as aplicações contra as lagartas têm sido feitas durante a madrugada - pois, durante o dia, as lagartas não aguentam a insolação e se escondem em buracos criados por elas próprias no solo, como ele descreve. "Isso está se tornando um problema muito sério", diz.

O ataque tem uma "dimensão preocupante", aponta o presidente. Desta forma, os danos econômicos podem vir para a planta.

O engenheiro agrônomo Dirceu Gassen parte da teoria de que a utilização de menos inseticidas na lavoura poderá trazer mais inimigos naturais para combater as pragas presentes no ambiente. Ele destaca a necessidade também de realizar uma rotação de inseticidas e de evitar o uso preventivo nas lavouras - uma aplicação anterior à incidência pode não fazer efeito. Além disso, ele também lembra que os produtores devem sempre acompanhar as suas culturas e buscar a melhor forma de controlar as ocorrências. Um bom tratamento de sementes também é fundamental.

A presença da spodoptera ainda não é um ponto perdido para os produtores: até a fase de enchimento de grãos, a planta tem capacidade de recuperação. "Na fase reprodutiva já não tem mais essa capacidade", destaca.

Necessidade de informação

O presidente da Aprosoja acende a necessidade de levar essas informações para os produtores rurais, de modo com que eles recebam as técnicas adequadas para não errar no controle das lavouras. "Ou, se errar, que erre o mínimo possível", diz.

Para Dirceu, os órgãos de pesquisa e de informações devem emitir alertas de ocorrências regionais que levem a uma observação mais detalhada. "Quanto mais informação e conhecimento, melhor o risco", afirma. "Tem que analisar e interpretar para tomar as decisões".

Ele acende ainda um alerta para a presença dos percevejos, que é uma praga que "sempre existiu" na soja, mas que nunca trouxe um dano tão severo por ser altamente controlado - porém, que precisa de estratégias de manejo coletivo. Para a spodoptera, ele diz que "temos que ter alerta, mas sem medo. Não acreditamos que seja uma praga nova, isolada".

"O controle biológico existe e funciona. O que nós precisamos é criar um ambiente de diversificação e adubação verde. Não somente de pragas, mas também de patógenos", afirma o engenheiro agrônomo.

Rosa ainda destaca: "tem que tomar uma atitude rápida. Agora pra frente, nos outros estágios, vamos ficar mais de olho e buscar orientação para ter menos problemas do que tivemos nos dois a três anos anteriores. Estamos conversando com o produtor e é ele tem que que nos ouvir. Ele tem o direito de nos corrigir se não estamos andando no caminho certo".

 

Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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