Expectativa positiva com Blairo à frente do Ministério da Agricultura, mas não há unanimidade (FOLHA)

Publicado em 13/05/2016 10:05
Confira a entrevista de João Batista Olivi com Wanderlei Dias Guerra na Rádio Notícias Agrícolas

O afastamento da presidente Dilma Rousseff, ainda que não seja definitivo, já indica uma nova etapa para o País.

As consequencias da crise econômica e política criada pelos governos do PT ainda permaneceram por um tempo fazendo seus efeitos, mas já é possível ver adiante sinais de mudanças. No primeiro discurso como presidente interido, Michel Temer, fez questão de expor a situação caótica em que se encontra o país.

Num momento de pesados déficit públicos, Temer defendeu a necessidade de restaurar o equilíbrio das contas públicas. "A primeira medida na linha desta redução está aqui representada: eliminamos vários ministérios. E o governo não vai parar por aí, já estão encomendados estudos para eliminar cargos comissionados desnecessários, sabida mente na casa dos milhares", declarou.

Prometeu também o combate à inflação e disse que é preciso recuperar a credibilidade do Brasil, tanto internamente como no exterior. Para ele, os investidores externos estão atentos ao Brasil e querem investir no país havendo condições adequadas.

Para o jornalista João Batista Olivi, a primeira medida necessária para estabilizar a econômica é incentivar a criação de empregos. O Brasil fechou o primeiro trimestre deste ano com taxa de desemprego de 10,9 por cento, 11,1 milhões de desempregados e renda em baixa, mostrou a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

"Não existe nada mais doloroso para a família do que ter algum ente desempregado, comprometendo a renda. Mas, parece que os petistas não entenderam isso, porque tem a vida ganha", disse.

O coordenador de defesa vegetal do Ministério Agricultura de Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, espera que o novo governo Temer traga "mudança, transparência e trabalho, buscando apagar os incêndios do país", disse.

 

De posições fortes, ministro Maggi divide opiniões no agronegócio (na FOLHA)

Por MAURO ZAFALON, na coluna VAIEVEM DAS COMMODITIES

Apesar de ser um nome de destaque na agricultura, a escolha de Blairo Maggi para o ministério não foi unanimidade no setor. Ainda bem, porque toda unanimidade é burra.

As críticas vêm principalmente de produtores e entidades de regiões que tinham um nome na manga e que não conseguiram emplacar seu ministro.

Há quem diga que a escolha não foi a mais correta porque o país não é feito só de soja. Foi nesse produto que Maggi se destacou em Mato Grosso e se tornou um dos maiores produtores do país.

Na avaliação desse grupo, um ministro da Agricultura tem de entender de grãos a frutas, passando por etanol e carnes.

Há uma outra corrente que diz que ele olha muito para os seus negócios e, consequentemente, terá apenas Mato Grosso como ponto de referência.

O fato de o novo ministro ser um grande empresário incomoda, também, pequenos e médios produtores. Na avaliação deles, o novo ministro não tem visão dos problemas específicos deles.

Para os defensores do ambiente, coloca-se no ministério um defensor do desmatamento em um momento de avanços nesse quesito.

Mas o novo ministro não chega à Agricultura apenas com preocupações sobre ele.

Alguns setores dizem que ele é o nome ideal. É muito bem relacionado tanto no mercado interno como no externo.

Tem visão das dificuldades no campo por passar por elas continuamente. Além disso, apesar de ter uma visão de grande produtor, vai ter de compor com pequenos e médios, caso contrário vai trombar muito com eles.

Na avaliação de um produtor, "vai ter de fazer a coisa certa pelo motivo errado".

Uma das virtudes do novo ministro apontada pelo setor é que ele é técnico e sabe delegar funções. Por isso, a equipe dele poderá ser bastante técnica, uma necessidade constante no Ministério da Agricultura.

Possuidor de empresas que vão do transporte a tradings, o novo ministro sempre teve peso nas principais decisões referentes ao agronegócio do país.

Entende as necessidades da política agrícola, principalmente por ter vivenciado os principais problemas do setor nos últimos anos.

KÁTIA ABREU DE CALÇAS

Considerado arrogante por uns, Maggi tem posições fortes e vai defender os interesses do produtor em outros ministérios, como na Fazenda e no Ambiente, segundo outros. "É uma Kátia Abreu de calças", circula no meio do agronegócio.

Outro ponto a favor do novo ministro é o poder de agregação e de tomada de decisões, fatores essenciais no ministério. Pode obter conquistas importantes, acredita parte do setor.

O agronegócio está ciente, no entanto, de que, por mais competente que possa ser o ministro, alguns dos principais temas do agronegócio –como logística– estão distantes de serem conquistados em tão breve tempo.

Portanto, a ação do novo ministro deve ser sobre temas de rápidas soluções, como o seguro agrícola. Neste ano ficou clara a necessidade de um programa sério desse seguro devido à quebra de safras em várias regiões do país.

Outra demanda imediata de parte do setor será um rediscussão sobre o Plano Safra, que só entra em vigor no início de julho.

É preciso rever montante de crédito, juros e teto de capital por produtor, segundo eles.

O setor coloca também entre as prioridades imediatas um olhar sobre o andamento dos registros de defensivos, essenciais para uma redução dos custos de produção.

Agora que a Anvisa fez uma limpa na liberação dos registros a serem liberados, há atraso no Ministério da Agricultura, afirmam.

Questão fundiária e tributação nos Estados também vão bater rapidamente na porta do ministro.

Na avaliação de um dirigente do setor, a unanimidade a respeito do novo ministro jamais será conseguida. Até mesmo Roberto Rodrigues, considerado o papa do setor, não conseguiu tal unanimidade. O que mais esteve próximo dela foi Alysson Paolinelli (ministro nos anos 1970), diz ele. 

Por: João Batista Olivi e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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