Atraso no plantio da soja vai comprometer segunda safra de milho em MT
Na FOLHA: Evolução do dólar e El Niño preocupam produtor de soja
Por Mauro Zafalon, coluna Vaivém das Commodities
Os produtores de soja começam a ficar preocupados com o cenário atual dos preços. Após um bom empurrão dado pelo dólar aos preços internos da oleaginosa, a tendência nos últimos dias foi de queda.
O risco para o produtor é uma mudança intensa de rumo da moeda norte-americana, segundo Leonardo Sologuren, da consultoria Clarivi.
Claro que esse cenário de queda do dólar está difícil. Uma aprovação do pacote fiscal na Câmara ou uma eventual troca de ministro da Fazenda, como o especulado na semana passada, até poderia aliviar a alta do dólar.
Outro fator de redução dos preços da saca de soja no mercado interno é a desaceleração dos preços na Bolsa de Chicago.
Há um mês, o primeiro contrato da soja estava sendo negociado a US$ 9,14 na Bolsa, enquanto o valor desta segunda-feira (16) foi de US$ 8,60.
A Bolsa de Chicago serve de base para a determinação dos preços internacionais. E a Bolsa reflete neste momento a safra recorde do produto e a boa recuperação dos estoques mundiais.
A produção de soja da safra 2015/16 foi recorde nos EUA, cenário que também deverá ser repetido na América do Sul, se o clima auxiliar.
Os custos de produção se elevaram ainda mais no segundo semestre, e o que salvou os produtores foi a alta do dólar.
Sologuren destaca que a negociação média do dólar é de R$ 3,79 neste mês, ante R$ 2,54 em igual período do ano passado.
Essa alta sustentou os preços da soja no mercado doméstico, que teve elevação até mesmo em períodos de queda da commodity na Bolsa de Chicago.
Para o analista da Clarivi, a preocupação maior dos produtores é com os custos que virão no ano que vem. Os preços dos insumos serão corrigidos pelos valores atuais da moeda norte-americana.
Os produtores, provavelmente, não terão no próximo anos as boas margens que foram obtidas no período de alta dos preços devido à quebra de safra nos EUA e à consequente redução dos estoques.
A margem se manteve boa também neste ano, mesmo com a queda do preço internacional, devido à ajuda da taxa de câmbio.
O que salvou o produtor foi que o dólar a R$ 2,50 permitiu a produção da soja a um custo de R$ 40 por saca.
Com os custos atuais, provocados pelo dólar, o produtor não vai conseguir produzir a oleaginosa nesses valores, segundo Sologuren.
Os produtores já fizeram vendas antecipadas de parte da soja desta safra. Esse valor de venda cobre os custos e garante margem.
A parte do produto que ficou sem vender -por opção ou por garantia para eventual quebra de safra- é que corre risco da queda do dólar.
Se depender das previsões do mercado, o produtor não terá problemas. A moeda estará sendo negociada a R$ 4,20 no final de 2016.
Mas Sologuren diz que é difícil uma previsão da taxa de câmbio. Elevação de juros nos EUA, novos desacertos na economia brasileira ou uma retomada de rumos poderão interferir de forma diferente.
O produtor terá de conviver nos próximos meses não só com essas incertezas mas também com as do clima.
O El Niño traz um cenário ainda mais conturbado, com excesso de chuva em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul, e falta em outras, como no Centro-Oeste.